quinta-feira, dezembro 27, 2018

Mais de 25 pessoas são enganadas com o golpe da casa própria no Rio

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Pelo menos 28 pessoas foram enganadas no Rio com o golpe da casa própria por uma empresa que oferece financiamento com prestações a perder de vista. O cliente paga o valor da entrada e depois disso, os supostos vendedores desaparecem.

A funcionária pública Gezileia Barcelos Lau já sonhava com a casa onde ia morar. Em setembro deste ano, ela encontrou a casa que também buscava. E descobriu que uma empresa chamada Porto Seguro Habitacional oferecia um financiamento que cabia no bolso. Ela tinha que dar de entrada 5% do valor do imóvel e o restante podia parcelar a perder de vista. Ela pagou R$ 10 mil de entrada.

“É linda, a casa é linda. A casa tem dois andares, tem terraço com churrasqueira, é a casa dos sonhos. O golpe é muito bem feito, eles agem de uma forma que você já está empolgado. Com aquela empolgação de conseguir uma casa, pedem para o dono da casa estar lá para assinar também. Então, é muito bem feito e você acaba não desconfiando. Você sonha, você planeja e quando você vai ver é tudo mentira. Eles brincam com o sonho das pessoas, eles brincam, é isso”, lamentou Gezileia.

Desde então, ela não consegue mais falar com ninguém da empresa. A dona de casa Andréa Carvalho da Silva passa pelo mesmo problema. E ninguém dá uma resposta para ela. Mas nem sempre foi assim. Quando ela entrou em contato interessada em financiar uma casa, era fácil achar os funcionários. E eles respondiam até por mensagem de áudio no celular.

“Oi, boa tarde. Aqui a gente trabalha com autofinanciamento, a gente faz uma liberação de uma linha de crédito, onde o cliente pode estar comprando qualquer imóvel legalizado, a empresa paga à vista o proprietário e você fica pagando de forma financiada. O nome da empresa é Porto Seguro”, diz a mensagem de áudio.


“Tenho R$ 10 mil para dar de entrada como funciona? Se correr tudo bem com o documento da casa eu pego a casa? Não é sorteio? Como funciona isso?”, pergunta a compradora.

E o suposto vendedor da empresa responde: “Não é sorteio nem lance. Até porque sorteio é mais sistema de consórcio, você solicita a carta de crédito e vai ser contemplada. Aqui a gente trabalha com crédito mesmo, você indicando imóvel a gente agenda o cartório para fazer o pagamento entendeu? Em média, para você poder estar morando no imóvel em torno de 45 dias mais ou menos”.

Há um ano Andréa Carvalho da Silva deu R$ 15 mil de entrada para a empresa e nunca maus teve retorno. "Dei R$ 15 mil, tem gente que deu R$ 20 mil, R$ 25 mil, um monte de gente. Vendi minha casa, hoje moro até de aluguel por isso. Vendi minha casa para comprar algo melhor para mim e para os meus filhos, abri um negócio, mas moro de aluguel pago R$ 800 de aluguel. É um pesadelo, hoje tenho problema de pressão seríssimo porque depois de ter minha casa própria a gente está passando por tudo isso e eles não dão satisfação nenhuma para a gente”, lamenta.

A Porto Seguro Habitacional tem dois endereços, um em Campo Grande, na Zona Oeste, e outro no Centro do Rio. A empresa também faz anúncios nas redes sociais, que usam para quem quiser entrar em contato.

Mas se engana quem pensa que se trata da seguradora Porto Seguro. Na verdade, não existe relação. E isso foi confirmado pela seguradora no e-mail enviado à produção do Bom Dia Rio.

A Porto Seguro informou que não possui serviço de financiamento imobiliário e que já abriu notificação contra a empresa.

“Eles sabem falar e eles usam um nome muito importante que é o da empresa Porto Seguro. Aí, a gente pergunta se essa empresa é a Porto Seguro. Eles respondem: é exatamente essa Porto Seguro, mas é a habitacional”, disse o pedreiro enganado Emanuel Triani de Miranda, que se desfez da casa dele e deu R$ 6.500 de entrada num imóvel e agora mora com os sogros.


Pelo menos 28 pessoas caíram nesse mesmo golpe. Todas elas se juntaram e fizeram um grupo no celular e lá todos descobriram que somando o valor que cada um deu, a empresa já ganhou deles, só no último ano, R$ 200 mil reais.

“Fui começando a perceber que era golpe, tentei registrar a queixa na delegacia do Tanque, não registraram. Precisei ir na corregedoria que identificou como estelionato. Além deu ter gastado os R$ 15 mil tive que pagar os documentos do cartório, moro de aluguel, estou pagando advogado particular, estou tendo os custos do processo. Até o dia de você pagar a entrada é tudo verdade, passa dali eles começam a inventar mil desculpas, você sofre você liga, eles me proibiram de entrar no prédio”, contou a secretária Camila Miranda.

E dinheiro que é bom, até hoje, eles não conhecem ninguém que recebeu de volta. “Muitas não quiseram assinar o desfeito do contrato com medo de não ter o dinheiro de volta, mas eu assinei tem sete meses, mesmo que eles pagassem só 70%. Mas eles nunca pagaram. É danos morais, dano de tudo, a pessoa se estressa, se desfaz de tudo, de bens, para ter uma casa e é tudo mentira”, reclama Camila

Fonte: G1

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