Dos mais de 100 denunciados por envolvimento no furto ao Banco Central, ocorrido há 13 anos, em Fortaleza, três condenados pela Justiça Federal ainda estão foragidos: Marcos Rogério, que fugiu do Instituto Penal Professor Olavo Oliveira (IPPOO 2) em fevereiro de 2011; Antônio Artenho e Juvenal Laurindo, que nunca foram presos, segundo a Justiça Federal no Ceará.
Adelino Angelim de Sousa Neto, o Amarelo, foi preso nesta terça-feira (13) no Distrito Federal (Foto: Polícia Militar do DF)
Todos os demais acusados foram julgados, estão presos, respondendo em liberdade ou foram soltos pela progressão do regime, de acordo com a Justiça.
Nesta segunda-feira (13), a polícia do Distrito Federal prendeu Adelino Angelim de Sousa Neto, de 36 anos, um dos integrantes da quadrilha que, em agosto de 2005, furtou R$ 164,7 milhões do Banco Central. Ele tinha um mandato de prisão em aberto e foi localizado depois de uma denúncia anônima. Ele foi preso com uma arma de fogo em Paranoá, Região Administrativa do Distrito Federal.
Como foi o furto
Na madrugada de 5 para 6 de agosto de 2005, a quadrilha entrou no caixa-forte do Banco Central através de um túnel, levando mais de três toneladas em notas de R$ 50. Para retirar o dinheiro, o grupo passou por baixo de uma das mais movimentadas vias do Centro de Fortaleza, a Avenida Dom Manuel. O túnel partia de uma casa alugada pela quadrilha. O crime só foi descoberto no início do expediente da segunda-feira (8). O furto é considerado o maior roubo a banco da história do país e o terceiro no mundo.
Asos 10 anos do futo, em 2015, a Justiça Federal no Ceará contabilizava 28 ações penais sobre o caso, 133 pessoas foram denunciadas por envolvimento no crime e 94 réus condenados, dos quais 10 foram absolvidos, em segunda instância, pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5), em Recife.
Dos R$ 164,7 milhões furtados, a Polícia Federal estima que, no máximo, R$ 60 milhões foram recuperados, por meio da venda de bens dos participantes ou pelo resgate de quantias em espécie durante as investigações.
Túnel usado no assalto ao Banco Central, em Fortaleza (Foto: Divulgação)
Modus Operandi
O núcleo que escavou o túnel ligando a casa alugada na Avenida Dom Manuel à sede do Banco Central - localizado na Avenida Heráclito Graça - não passou de 30 homens. No entanto, diversas outras formas de participação elevaram a quantidade de denunciados.
“Toda a linha de investigação que o Ministério Público, Polícia Federal e Banco Central - - como assistente de acusação - empreenderam foi para identificar quem financiou, quem executou o plano e quem, posteriormente, ajudou na lavagem do dinheiro. As investigações foram se densificando nesse aspecto e, ao longo do tempo, foram encontradas 133 pessoas’’, afirmou o juiz federal Danilo Fontenelle Sampaio, titular da 11ª vara da Justiça Federal no Ceará, responsável pelo julgamento do caso.
Absolvições
Dos 133 denunciados por participação no crime, a Justiça Federal no Ceará absolveu apenas seis acusados. Outros 10 foram inocentados, na instância superior, no TRF-5, em Recife.
Entre eles os absolvidos estão os donos de uma concessionária de carros de Fortaleza que venderam 11 veículos para membros da quadrilha. Em seis desses veículos transportados em uma carreta interceptada em Minas Gerais foi encontrado dinheiro retirado do BC, dias após o roubo. Nesse flagrante, foi preso o primeiro suspeito.
Alemão, mentor do furto ao Banco Central (Foto: TV Verdes Mares/Reprodução)
Apontado como mentor do crime, Antônio Jussivan Alves dos Santos, o "Alemão", foi sentenciado a 49 anos e dois meses em 1º grau e teve pena reformada para menos pelo TRF-5 - como quase todos os condenados -, sendo apenado a 35 anos e 10 meses de prisão, cumpre a sentença em São Paulo.
Cearense da cidade de Boa Viagem, mas radicado em São Paulo, Alemão recebeu informações sobre o caixa-forte do banco de dois seguranças que haviam trabalhado em transporte de valores e conheciam o local. A partir daí, junto com um traficante chamado Fernandinho, arregimentou comparsas para executar o furto.
Menos de um ano depois do crime, já eram quatro os casos de sequestros de pessoas ligadas aos participantes. Um policial civil foi condenado por sequestrar, na capital paulista, um dos procurados pelo roubo recebendo R$ 350 mil para liberá-lo, segundo denúncia do Ministério Público.
Pelo menos dois advogados que começaram defendendo envolvidos e terminaram como réus foram denunciados, um deles foi absolvido. “Eles receberam honorários e segundo a denúncia - e o meu entendimento - sabiam que o dinheiro era proveniente do furto”, diz Fontenelle. Pelo menos 30 pessoas chegaram a ser presas pelo furto, mas parte já pode estar solta por fatores como a passagem para o regime aberto (progressão), por exemplo.
Bens
O dinheiro furtado se alastrou por dezenas de cidades brasileiras, na forma de carros, fazendas, joias, casas, entre outros bens. Foram necessários setenta e sete leilões entre 2007 e 2013 para converter 218 lotes de bens apreendidos em pouco mais de R$ 12,5 milhões. O dinheiro foi restituído aos cofres do banco. Uma casa com piscina em um condomínio na cidade de Barueri (SP) alcançou lance de R$ 716,7 mil. Foi o bem de maior valor em todos os leilões.
Interior do caixa-forte do Banco Central (Foto: Polícia Federal/Divulgação)
Fonte: G1
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