Secretaria Municipal de Saúde garante que, em Natal, todas as unidades de saúde estão com estoques da vacina contra a poliomielite
A poliomielite, mais conhecida como paralisia infantil, doença altamente contagiosa e de fácil prevenção erradicada no Brasil em 1994, conforme informações da Organização Mundial da Saúde (OMS), pode reaparecer devido a baixa cobertura vacinal e a falta de interesse da população em imunizar crianças entre 0 e 4 anos. Um relatório do Ministério da Saúde (MS), divulgado no último dia 30 de junho, apontou que 312 municípios do País estão abaixo da meta mínima de imunização contra a paralisia infantil estipulada pelo MS – a lista traz 21 cidades do Rio Grande do Norte. Para evitar a doença o caminho é simples: vacinação.
A coordenadora do programa de imunização da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), Maria de Lima, e a chefe do setor de Vigilância Epidemiológica de Natal, Aline Bezerra, garantem que os estoques de vacinas estão abastecidos, as remessas recebidas do Governo Federal também estão em dia, e há disponibilidade nas redes básicas municipais. Porém, mesmo com todas as campanhas, os índices de cobertura vacinal vem caindo sistematicamente no Estado para todos os tipos de doenças – algumas bem graves, e fáceis de prevenir, que se contraídas podem levar à morte. Ontem, devido ao ponto facultativo os postos estavam fechados e não foi possível constatar a informação.
Cidades como Natal, São Gonçalo do Amarante e Canguaretama figuram na lista elaborada pelo Ministério da Saúde. Na capital potiguar, por exemplo, das mais de 52 mil crianças, com idade entre 0 e 4 anos, cerca de 30 mil (ou 57,34%) não receberam nenhuma das cinco doses previstas da vacina Pólio. De acordo com dados do MS divulgados no último dia 30 de junho, o baixo índice de cobertura vacinal registrado em 2018 contra a poliomielite é o menor dos últimos 16 anos.
Aline Bezerra assegurou que há vacina disponível (oral e injetável) em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) da rede pública municipal. “A Pólio é uma vacina disponível no dia a dia das UBS, e está inserida no calendário básico de vacinação nacional com campanhas periódicas, o que está faltando é informação dos pais sobre a importância da vacina e os riscos de reintrodução da poliomielite na sociedade”, avaliou a gestora.
A queda na cobertura vacinal contra a poliomielite é emblemática, mas a baixa imunização também se estende a outras doenças como tuberculose, hepatite B, difteria, tétano, coqueluche, meningite, sarampo, rubéola, caxumba e catapora.
O critério para o alerta, de acordo com o Ministério da Saúde, são aqueles municípios que não conseguiram cumprir sequer 50% da cobertura vacinal para a doença. A meta mínima estipulada pelo MS para doenças como polio é de 95%. Entre os municípios que correm risco de ter reincidência da doença no RN estão Natal, que cumpriu 42,6% da cobertura vacinal. A cidade com menor índice de imunização foi Monte das Gameleiras, com apenas 18,1% das crianças com até um ano de idade vacinadas. No RN, nenhuma das 10 vacinas obrigatórias conseguiu atingir a meta mínima de 95% de cobertura estipulada.
O médico infectologista Luis Alberto Marinho, destacou que ao primeiro resultado insatisfatório, o Ministério da Saúde “deveria ter tomado como prioridade máxima a elaboração de campanhas de incentivo à vacinação”. O especialista acrescenta que “como a vacina contra a poliomielite é dada junto com a de rubéola e caxumba, a queda desses números é alarmante pois representa a possibilidade do retorno não de uma, mas de várias doenças”.
Motivos
Para Maria de Lima, da Sesap, fatores como falta de informações, baixa percepção dos riscos, e a disseminação de notícias falsas através das redes sociais estão entre os motivos que geram esse resultado negativo. “A grande preocupação é o retorno dessas doenças, algumas já eliminadas como a poliomielite, e outras em processo de erradicação como sarampo. O baixo índice de vacinação pode trazer grandes problemas de saúde à população do RN, e somadas à crianças dos outras estados, temos o Brasil inteiro em risco”, assegura.
Outro motivo apontado pela coordenadora diz respeito ao horário de funcionamento das Unidades Básicas de Saúde (UBS) nos municípios. Maria de Lima explicou que “os muitos pais acabam deixando de procurar as vacinas” devido a dificuldade de conciliar a rotina de trabalho com o horário de funcionamento das Unidades Básicas de Saúde: “Em algumas cidades as UBS só funcionam pela manhã, em outras só no período da tarde, e às vezes não funcionam na sexta. Precisamos, Estado e Municípios, traçar uma estratégia para fazer uma busca ativa de crianças que não estão com a carteira de vacinação em dia”, adiantou.
Desde 2015, o Brasil vivencia uma queda considerável na cobertura vacinal de crianças com até um ano, o que aumenta o risco do retorno de doenças que já estão erradicadas no País ou em processo de “eliminação”.
Evolução da cobertura
As 10 vacinas obrigatórias no RN disponíveis pelo SUS na rede pública:
1. BCG
A vacina deve ser tomada (dose única) ao nascer, e previne formas grave de tuberculose.
Cobertura vacinal:
2015 – 105,9% (ou 5,9% acima da meta estabelecida pelo Ministério da Saúde)
2016 89,2%
2017 62,1%
2018 69,5%
2. Hepatite B
A vacinação é feita em três doses, sendo a primeira nas primeiras 12 horas de vida. Cerca de 90% dos pacientes infectados passam a ser portadores crônicos, e 25% desenvolvem câncer hepático ou cirrose.
Cobertura vacinal:
2015 91%
2016 83,4%
2017 66,3%
2018 43%
3. Penta
A vacina pentavalente é uma associação com a Hepatite B, e imuniza contra difteria, tétano, coqueluche, meningites e outras infecções.
Cobertura vacinal:
2015 90,5%
2016 76,3%
2017 64,6%
2018 42,5%
4. Pólio (Vip e Vop)
A vacina previne contra a poliomielite (paralisia infantil), doença altamente contagiosa causada por vírus. Em 1994 o Brasil recebeu o Certificado de Eliminação da Poliomielite.
Cobertura vacinal:
2015 97,6%
2016 70,2%
2017 63,9%
5. Pneumo 10
Previne contra infecções como a pneumonia, meningite, otite média aguda, sinusite e bacteremia.
Cobertura vacinal:
2015 89%
2016 84,4%
2017 72%
2018 53,7%
6. Rotavírus
Previne contra a gastroenterite, infecção que agride o estômago e causa formas graves de diarreia, vômitos e febre. Em 2006, o Brasil se tornou o primeiro país do mundo a incluir a vacina na lista das obrigatórias.
Cobertura vacinal:
2015 89,8%
2016 76,7%
2017 64,8%
2018 51,7%
7. Meningo C
Previne contra a bactéria que causa meningite, doença com altos índices de mortalidade.
Cobertura vacinal:
2015 95,2%
2016 79,5%
2017 66,9%
2018 53,7%
8. Tríplice Viral
Previne contra sarampo, caxumba e rubéola. Sua primeira dose deve ser aos 12 meses, e a segunda, aos 15 meses.
Cobertura vacinal:
2015 94,9%
2016 96%
2017 78,9%
2018 51,7%
9. Varicela (Tetraviral)
A vacina protege as crianças contra quatro sarampo, rubéola, caxumba e a varicela, conhecida popularmente como catapora.
Cobertura vacinal:
2015 79,9%
2016 54,2%
2017 56,5%
2018 38,6%
10. Influenza
Protege contra gripes causadas pelos vírus H1N1, H3N2 e Influenza B. A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda duas doses da vacina no primeiro ano de vida.
Cobertura vacinal:
2015 82,9%
2016 80,8%
2017 76,3%
2018 73,04%
Fonte: Tribuna do Norte
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