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quinta-feira, julho 05, 2018

'Aqui ninguém implica com ninguém': programa adotado em 99 escolas da Holanda reduziu o bullying pela metade

A professora Monique Van Schaik defende a tolerância zero com o bullying nas escolas (Foto: Mariana Timóteo da Costa/GloboNews)
A professora Monique Van Schaik defende a tolerância zero com o bullying nas escolas (Foto: Mariana Timóteo da Costa/GloboNews)

Um pesquisa que acompanhou 10 mil crianças de 99 escolas holandesas durante cinco anos mostrou impactos positivos no combate ao bullying. Em 2012, o problema atingia quase 30% dos alunos, segundo eles mesmos relataram. Em 2017, essa porcentagem caiu para 13,5%.

Além disso, mudanças na legislação e a orientação sobre como lidar com conflito desde a primeira infância são dois dos fatores que levaram a Holanda a ter um alto índice de crianças que consideram seus colegas de escola "legais". A pesquisa do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) para avaliar a qualidade dos estudantes em diversos países mostrou que quase 85% das crianças holandesas alegam que seus amigos são legais – o maior índice entre os países avaliados.

Série de reportagens do G1 explica os êxitos da educação holandesa (Foto: Roberta Jaworski/G1)
Série de reportagens do G1 explica os êxitos da educação holandesa (Foto: Roberta Jaworski/G1)

Até esta sexta-feira (6), o G1 publica uma série de nove reportagens que investigam os fatores educacionais, econômicos e sociais por trás do sucesso holandês.

Política anti-bullying
A Holanda tem uma forte política anti-bullying: desde 2015 as escolas primárias e secundárias são obrigadas por lei a combater os casos de bullying.

Nas escolas primárias, crianças são ensinadas desde os 4 anos a fazerem um sinal de "pare" com as mãos quando não gostam de uma situação ou quando acham que algum colega ultrapassou algum limite. Além disso, são estimuladas a logo conversar com um adulto sobre a situação.

Em 2016, o número de crianças que alegaram ter sofrido bullying na educação primária caiu para 10% – comparado a 14% em 2014. Nas escolas secundárias caiu de 11% em 2014 para 8% em 2016, segundo o Ministério da Educação.

“Aqui ninguém implica com ninguém. A gente respeita as diferenças e até rimos delas. Acho que isso é reflexo da educação que recebemos nas escolas e em casa desde muito cedo”, diz Faye, de 14 anos, aluna de uma escola secundária em Amsterdã.

Alunas da escola secundária Cartesius, em Amsterdã, trabalham juntas na sala de aula (Foto: Mariana Timóteo da Costa/GloboNews)
Alunas da escola secundária Cartesius, em Amsterdã, trabalham juntas na sala de aula (Foto: Mariana Timóteo da Costa/GloboNews)

Adoção de programa finlandês
Um estudo da University of Groningen com 10 mil alunos em 99 escolas primárias que adotaram um programa anti-bullying conhecido como KiVa (criado na Finlândia) mostrou que os casos de bullying caíram 50% entre 2012 e 2017.

O programa consiste em levar casos de bullying (sejam eles implicância mais leve ou até casos mais graves de agressão) ao conhecimento de toda a classe – da vítima e do agressor. E não apenas restringir os casos às famílias dos envolvidos.

"Conversar a respeito faz com que os alunos reflitam melhor sobre o que significa fazer ou ser alvo de bullying", disse René Veenstra, autor do estudo, à imprensa holandesa.

Nas escolas que aplicaram o KiVa, o percentual das crianças que disseram ter sofrido bullying caiu de 29% em 2012 para 13,5% em 2017.

Os alunos também alegaram que seus professores passaram a prestar mais atenção quando existe uma reclamação.

"É um problema? Ainda é. Como em quase todas as partes do mundo, as pessoas exigem demais umas das outras. Mas sentimos que, com bastante diálogo e essa tolerância zero nas escolas, para realmente expor o problema para todos, nós coloca no caminho certo”, diz a educadora Monique Van Schaik.

Programa anti-bullying criado na Finlândia foi adotado em 99 escolas holandesas e fez os casos caírem pela metade (Foto: Mariana Timóteo da Costa/GloboNews)
Programa anti-bullying criado na Finlândia foi adotado em 99 escolas holandesas e fez os casos caírem pela metade (Foto: Mariana Timóteo da Costa/GloboNews)

Fonte: G1

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