Bombeiros israelenses trabalham para extinguir fogo em campo próximo ao Kibbutz de Kissufim, perto da fronteira com Gaza (Foto: Menahem Kahana / AFP)
A onda começou no dia 30 de março, juntamente com uma série de manifestações de palestinos na fronteira entre a Faixa de Gaza e Israel, que chegou ao auge no dia 14 de maio, quando cerca de 60 palestinos foram mortos por soldados israelenses enquanto tentavam se aproximar ou cruzar a fronteira com Israel, lançar coquetéis molotov e explosivos.
Os incêndios são causados por pipas e balões com artefatos incendiários e têm queimado campos agrícolas de cidades e de comunidades coletivas israelenses (kibutzim) que ficam ao longo da fronteira com Gaza. Até agora, ninguém ficou ferido, mas os danos materiais são contabilizados em milhões de dólares. Os israelenses estão chamando os ataques com as pipas de "terrorismo incendiário".
“A qualquer momento, essas pipas podem atingir casas ou carros. Já caíram a metros da entrada de kibutzim e de uma faculdade”, conta o chefe dos bombeiros da região do entorno de Gaza, Yigal Zohar. “Só hoje [quinta-feira, 7 de junho] tivemos que apagar três focos de incêndio.”
Zohar conta que, além de receber o reforço de carros de bombeiros de outras regiões e de aviões pipa, foram abertas postos temporários de bombeiros em diversas comunidades e criado um centro de controle com monitores que funcionam 24 horas por dia.
Pipas lançadas por crianças
No começo, eram poucas pipas, lançadas por crianças palestinas com algum tipo de artefato incendiário presos a elas. A ideia era soltá-las em direção a Israel, na expectativa de atingir soldados ou civis.
Aos poucos, a liderança das manifestações passou a investir na construção em massa de grandes pipas de plástico com dispositivos que pegassem fogo pouco minutos depois do lançamento. Com o tempo, passaram a lançar também balões de hélio incendiários.
Até agora, mais de 600 pipas e balões foram lançados de Gaza em direção a Israel com a ajuda dos ventos do Mar Mediterrâneo. As pipas e balões voam grande distâncias e já conseguiram causar incêndios a mais de 6 quilômetros da fronteira.
Objetivos dos protestos
Os protestos dos palestinos têm o objetivo de chamar a atenção mundial para a situação na Faixa de Gaza. O território costeiro com quase 2 milhões de habitantes, que faz fronteira com Israel e com o Egito, enfrenta uma crise humanitária. O desemprego gira em torno dos 65%, há blecautes diários de energia elétrica e falta água potável.
Em 2005, Israel retirou todos os seus soldados e civis de Gaza depois de 38 anos de ocupação. Dois anos depois, Gaza passou a ser controlada, com mão de ferro, pelo grupo islâmico Hamas, que não aceita a criação do Estado de Israel, há 70 anos, e prega o “retorno” de milhões de palestino de Gaza, da Cisjordânia e de outros locais para Israel.
Desde que o Hamas tomou o controle de Gaza, Israel e Egito restringem o relacionamento comercial com o território e a circulação de pessoas pelas fronteiras. As relações entre o Hamas e a facção rival Fatah, que governa a Cisjordânia, também estão cada vez pior.
Sob pressão interna, o Hamas incentivou o que chamou de “Grande Marcha do Retorno”, manifestações com milhares de pessoas na fronteira com Israel.
Drones contra pipas
O exército israelense está, por enquanto, usando drones para tentar derrubar essas pipas e balões, evitando que causem os incêndios. Mas é difícil desenvolver algum tipo de tecnologia contra esses artefatos.
O comandante da Unidade Matmon do exército israelense, coronel Nadav Livne, que é responsável pelo desenvolvimento de tecnologia para fins operacionais, disse que os drones foram rapidamente adaptados para permitir que caçassem pipas. “Entre 450 e 500 pipas já foram interceptadas pelos drones, que podem atingir velocidades de mais de 150 km/h”, disse Livne.
O exército israelense desenvolveu o sistema Domo de Ferro, que atualmente intercepta no ar a maioria dos mísseis e foguetes lançados de Gaza. Desde 2001, foram 17 mil foguetes, mísseis e morteiros, que mataram 44 pessoas e feriram mais de 2 mil.
O corpo de bombeiros do país deslocou parte de seu efetivo para a região nos entornos de Gaza. Mas, por enquanto, as pipas – em geral, uma brincadeira infantil inocente – continuam a ser um problema na já complicada fronteira entre Israel e Gaza.
Fonte: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!