Rover Curiosity, da Nasa, está em missão desde novembro de 2011 no planeta Vermelho (Foto: NASA/JPL-Caltech/MSSS)
A agência espacial americana (Nasa) publicou nesta quinta-feira (7) na revista "Science" um novo achado: material orgânico preservado entre rochas (argilitos) com cerca de três bilhões de anos em cratera do planeta Marte. Os cientistas acreditam que pode ser uma evidência de vida no passado.
Os dados e amostras foram coletados pelo robô Curiosity, em missão do planeta vermelho desde 2012. Novas informações sobre a atmosfera de Marte e suas variações nos níveis de metano foram apresentadas em outro artigo publicado também pela "Science".
"Material orgânico antigo e metano misterioso! O robô Curiosity encontrou uma nova evidência preservada nas rochas que sugere que o planeta pode ter suportado vida no passado + uma nova evidência na atmosfera que se relaciona com a busca da vida atual em Marte", escreveu a Nasa em sua conta no Twitter.
Apesar de a origem das moléculas ainda não estar clara, a Nasa destacou que esse tipo de partícula pode ter sido a fonte de alimento de uma hipotética vida microbiana em Marte.
"Sabemos que na Terra os micro-organismos comem todo tipo de produtos orgânicos. É uma fonte de alimento valioso para eles", afirmou Jennifer Eigenbrode, do Centro Espacial Goddard da Nasa, e principal autora do estudo.
A descoberta não confirma a existência de vida no planeta, disse a especialista, mas mostra que os organismos podem ter sobrevivido no planeta vermelho graças à presença dessas moléculas.
Eigenbrode explicou que apesar de a superfície de Marte ser inóspita atualmente, os indícios apontam que, no passado, o clima marciano tinha condições propícias para a existência de água líquida, um fator essencial para a vida como conhecemos.
Outros dados recolhidos pelo Curiosity revelaram que há bilhões de anos um lago dentro da cratera Gale – mesmo local onde estavam as rochas com materiais orgânicos encontrados desta vez – continha ingredientes necessários para a vida, como componentes químicos e energia.
"Encontrar moléculas orgânicas antigas nos primeiros cinco centímetros de rocha que se depositaram na superfície quando Marte pode ter sido habitável é um bom presságio para que aprendamos a história das moléculas orgânicas no planeta vermelho com futuras missões que aprofundarão mais nosso conhecimento", afirmou.
Variação do metano
Os cientistas da agência espacial também fizeram medições detalhadas do metano na atmosfera de Marte – há uma variação dos níveis de acordo com as estações. Pequenas concentrações foram detectadas previamente, mas as origens são um debate e "um mistério".
No nosso planenta, a maior parte do metano é produzido por fontes biológicas. Inúmeros processos do meio ambiente de Marte têm sido estudados como uma possibilidade de origem do metano.
Os pesquisadores do rover Curiosity analisaram três anos marcianos dos níveis coletados da substância – 55 meses na Terra. Eles descobriram as mudanças sazonais: o índice varia entre 0,24 e 0,65 partes por bilhão, com um pico perto do final do verão no hemisfério norte do planeta vermelho.
Matéria em Ceres
Em fevereiro do ano passado, material orgânico também foi anunciado em Ceres, planeta-anão do Sistema Solar, localizado no cinturão de asteroides, região entre as órbitas de Marte e Júpiter.
A sonda Dawn usou espectros de luz para analisar a superfície do planeta-anão e descobriu uma grande quantidade de compostos de carbono. Os cientistas acreditam que esse material se desenvolveu no núcleo de Ceres.
A descoberta acrescentou mais um ingrediente ao mega-asteroide que, como já se sabia, tem água, água congelada, sal, amônia e outros compostos que tornaram possível o desenvolvimento da vida.
Nave Dawn orbitou o asteroide Ceres (Foto: NASA)
Fonte: G1
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