Renato Duque é um dos réus no processo (Foto: Reprodução)
O juiz federal Sérgio Moro condenou o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e o ex-executivo da construtora OAS, José Aldemário Pinheiro Filho, conhecido como Léo Pinheiro pelos crimes de corrupção passiva e ativa, respectivamente, em um processo da Lava Jato.
O ex-tesoureiro do PT Paulo Adalberto Alves Ferreira também foi condenado a 9 anos e 10 meses em regime fechado pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa. É a primeira condenação dele pela Lava Jato.
Duque foi condenado a dois anos e oito meses em regime semiaberto e Pinheiro a dois anos e seis meses em regime aberto. Outros 10 réus também foram condenados no processo. Veja a lista completa abaixo.
Erasto Messias da Silva Júnior foi absolvido de todas imputações e Edison Freire Coutinho e Agenor Franklin Magalhães Medeiros foram absolvidos do crime de lavagem de dinheiro.
Os investigados foram alvo da 31ª fase da Lava Jato, batizada de Abismo, e que foi deflagrada em julho de 2016. A ação investiga crimes de organização criminosa, cartel, fraudes licitatórias, corrupção e lavagem de dinheiro por meio de contratos da Petrobras.
O Ministério Público Federal e a Polícia Federal (PF) afirmam que o Consórcio Novo Cenpes pagou R$ 39 milhões em propina para conseguir um contrato na Petrobras entre 2007 e 2012. A obra licitada era a do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes).
O consórcio era composto pela OAS, Carioca Engenharia, Construbase Engenharia, Schahin Engenharia e Construcap CCPS Engenharia. OAS e Shahin Engenharia já eram investigadas pela Lava Jato.
No despacho, Moro destacou que a prática do crime de corrupção que incide sobre Renato Duque e Léo Pinheiro envolveu o pagamento de R$ 20.658.100,76. "Um valor muito expressivo a executivos da Petrobras e a agentes políticos", disse.
As investigações da 31ª fase se deram após o acordo de leniência e de colaboração premiada com a empresa Carioca Engenharia e seus principais executivos, que reconheceram o acerto para beneficiar o Consórcio Novo Cenps e o pagamento de propinas aos envolvidos, conforme a força-tarefa da Lava Jato.
Veja quem são os condenados e os respectivos crimes
Adir Assad - lavagem de dinheiro - 5 anos e 10 meses em regime semiaberto;
Agenor Franklin Magalhães Medeiros - corrupção ativa - 2 anos e 6 meses em regime aberto;
Alexandre Correa de Oliveira Romano - lavagem de dinheiro associação criminosa - 9 anos e 4 meses em regime fechado;
Edison Freire Coutinho - corrupção ativa e associação criminosa - 5 anos em regime semiaberto;
Genésio Schiavinato Júnior - corrupção ativa, lavagem de dinheiro e associação criminosa - 12 anos e 8 meses em regime fechado;
José Aldemário Pinheiro Filho - corrupção ativa - 2 anos e seis meses em regime aberto;
José Antônio Marsílio Schwarz - lavagem de dinheiro e associação criminosa - 5 anos e 6 meses em regime semiaberto;
Paulo Adalberto Alves Ferreira - lavagem de dinheiro e associação criminosa - 9 anos e 10 meses em regime fechado;
Renato de Souza Duque - corrupção passiva - 2 anos e 8 meses em regime semiaberto;
Ricardo Backheuser Pernambuco - corrupção ativa, lavagem de dinheiro e associação criminosa - 9 anos e seis meses em regime fechado;
Rodrigo Morales - lavagem de dinheiro - 6 anos e 10 meses em regime semiaberto;
Roberto Ribeiro Capobianco - corrupção ativa, lavagem de dinheiro e associação criminosa - 12 anos em regime fechado;
Roberto Trombeta - lavagem de dinheiro - 6 anos e 10 meses em regime semiaberto;
Na decisão, Moro destacou que os réus que têm acordo de delação premiada possuem benefícios como redução de pena.
Dinheiro para escola de samba
Segundo o MPF, Alexndre Correa de Oliveira Romano, que é ex-vereador da cidade de Americana pelo PT, confessou ter repassado mais de R$ 1 milhão do Consórcio Novo Cenpes para o ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira, por meio de contratos simulados.
Entre as contas utilizadas para a realização dos repasses estão as da escola de samba Estado Maior da Restinga, de Porto Alegre e da madrinha da bateria da agremiação, que receberam R$ 45 mil e R$ 61,7 mil, respectivamente.
A época da acusação, o presidente da escola Estado Maior da Restinga Robson Dias disse que repasse de R$ 45 mil tinha sido feito para bancar uma viagem à China, que seria tema do enredo da agremiação no carnaval de 2010, mas que não sabia que os recursos eram da Petrobras.
O outro lado
O advogado Cássio Quirino Norberto, que defende Edison Freire Coutinho, disse que embora seja mais adequado se manifestar nos autos, ele reafirma o compromisso firmado por seu cliente no acordo de delação premiada.
O advogado de Renato Duque, Antônio Figueiredo Basto, preferiu não comentar a decisão.
A defesa de Paulo Ferreira reafirma sua inocência e diz que vai recorrer.
O G1 tenta contato com a defesa dos condenados.
Fonte: G1
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