No dia 29 de dezembro de 2017, Naomi Musenga, 22 anos, moradora de Estrasburgo, no leste da França, passou mal e ligou para o Samu, um serviço de pronto atendimento médico em caso de risco de vida para o paciente. A telefonista não levou Naomi a sério e ela morreu poucas horas depois de ser levada para o hospital.
O caso provocou indignação no país e trouxe à tona um grande debate sobre o funcionamento do serviço de emergência na França. O diálogo entre Naomi e a telefonista responsável pela triagem dos pacientes vazou na imprensa e chocou ainda mais os franceses.
Na conversa, a jovem se queixa de dor na barriga, pede ajuda e diz que vai morrer. A atendente ironiza seu mal estar e responde “que todo mundo vai morrer um dia”, sugerindo que ela entre em contato com o SOS Médécins, serviço de consulta médicas a domicílio. Além disso, ironiza o estado de saúde da garota conversando com uma colega ao lado.
Atendida horas depois, Naomi sofreu um infarto e morreu no hospital. A autópsia revelará uma falência múltipla dos órgãos. A telefonista foi suspensa. A Procuradoria de Estrasburgo também anunciou nesta quarta-feira (9) que abrirá um inquérito por omissão de socorro.
Para ministra, o problema não é estrutural
Nesta terça-feira (8), a ministra da Saúde, Agnès Buzyn, disse em sua conta no Twitter que estava profundamente indignada, e que solicitaria a abertura de um inquérito administrativo.
Hoje, em entrevista à rádio France Info, declarou que o problema envolve um erro humano, e não falta de recursos para o setor. “Este é um caso particular, individual. Fica claro que é o problema de alguém que não tem absolutamente nenhuma empatia, que não aplica os procedimentos, e que tira sarro de alguém que está doente”, acrescentou. Segundo a ministra, o Samu recebe em média 25 milhões de telefonemas por ano e “na grande maioria dos casos os pacientes são muito bem tratados”.
O presidente da associação de médicos de emergência, Patrick Pelloux, discorda da ministra. Para ele, os médicos, enfermeiros e outros funcionários do setor estão “exaustos, estressados e à beira do burn-out”, e consequentemente “distanciados do sofrimento do paciente”. Em entrevista ao jornal Le Parisien, ele faz um pedido de “socorro” solicitando a contratação de mais profissionais que gerenciam os telefonemas e questionando sobre a organização do serviço na França.
Na próxima segunda-feira (14), Agnès Buzyn receberá duas organizações médicas. Segundo ela, o presidente Emmanuel Macron deve anunciar novas medidas para o setor e uma reorganização do sistema de saúde.
Fonte: G1
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