Membros da Guarda Nacional americana, que irão reforçar a vigilância na fronteira do país com o México (Foto: AP Photo/Ross D. Franklin)
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou nesta quarta-feira (4) o envio imediato da Guarda Nacional para proteger a fronteira do país com o México. Segundo a Casa Branca, o objetivo é evitar a migração em massa e o tráfico de drogas.
"A ausência de lei que prossegue na nossa fronteira ao sul é essencialmente incompatível com a segurança e soberania do povo americano", afirma o documento assinado pelo presidente que autorizava a medida. Segundo Trump, a situação atingiu um "ponto de crise" e seu governo "não teve outra escolha a não ser agir".
A Secretaria da Defesa e o Departamento de Segurança Nacional deverão trabalhar juntos na proteção da fronteira para "impedir o fluxo de drogas e pessoas", segundo a ordem presidencial.
A secretária de Segurança Nacional, Kirstjen Nielsen, afirmou que já colabora com os governadores dos estados fronteiriços para quantos membros da Guarda Nacional serão enviados e para onde.
O presidente deu prazo de 30 dias a Nielsen, ao chefe do Pentágono, James Mattis, e ao procurador-geral, Jeff Sessions, para que lhe apresentem um relatório com detalhes do plano de ação na fronteira.
Trump alertou que a segurança do país está ameaçada pelo aumento drástico de atividades ilegais na fronteira, incluindo o fluxo de "grandes quantidades de fentanil, outros opioides e novas drogas perigosas e ilícitas [...] em níveis sem precedentes".
O presidente advertiu ainda que o "rápido aumento das travessias ilegais" esperado para os próximos meses, entre a primavera e o verão, ameaça "transbordar" o atual patrulhamento das fronteiras.
Reação mexicana
O anúncio da Casa Branca veio pouco depois de o presidente prometer ações decisivas contra a imigração e afirmar a intenção de utilizar as forças militares para reforçar a fronteira até a construção do tão prometido muro nos limites do país com o México.
Após a emissão da ordem presidencial, o Senado mexicano aprovou nesta quarta feira, por unanimidade, uma moção exigindo que o governo do país encerre a cooperação com os EUA nas áreas da migração e segurança, considerando o envio da Guarda Nacional à fronteira como "mais um insulto" do presidente americano.
Manifestante pendura cartaz na fronteira do México com os EUA com os dizeres 'um dia seu muro cairá, como o de Berlim' (Foto: Reuters/Jorge Duenes)
"A conduta [de Trump] tem sido permanente e sistematicamente não apenas desrespeitosa, mas ofensiva, com base em preconceitos e desinformação, com o uso frequente de ameaças e chantagens", disse a senadora Lara Rojas.
O ministro mexicano do Exterior, Luis Videgaray, afirmou que a Casa Branca foi informada de que a militarização da fronteira irá "danificar gravemente as relações bilaterais".
Trump vinha há dias criticando o governo mexicano por conta de uma "caravana" de migrantes da América Central que estaria seguindo rumo aos EUA através do México. Estima-se que cerca de 1.500 pessoas de Honduras, Guatemala e El Salvador estejam viajando em direção à fronteira.
"A caravana me deixa muito triste. É triste que isso esteja acontecendo nos Estados Unidos, onde milhares de pessoas simplesmente decidem entrar, e não há leis que possam impedi-las", afirmou Trump. "Nossas leis são tão fracas e patéticas que é como se não tivéssemos fronteira."
O republicano ainda criticou seu antecessor, Barack Obama, acusando-o de ter enfraquecido a segurança nas fronteiras, mas sem especificar de que forma o democrata teria feito isso.
Em relação ao México, o presidente acusa o governo de encorajar e lucrar com a imigração ilegal – algo que Trump prometeu erradicar em sua campanha eleitoral em 2016.
Nafta sob ameaça
Trump também ameaçou cancelar o Acordo de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta), que os EUA renegociam atualmente com México e Canadá. "[Os mexicanos] devem parar os grandes fluxos de drogas e de pessoas, ou eu vou parar sua fonte de dinheiro, o Nafta", alertou o líder americano.
O embaixador mexicano em Washington, Gerónimo Gutiérrez, disse ter solicitado formalmente aos Departamentos de Estado e Segurança Interna dos EUA para que esclareçam os comentários do presidente.
"Compartilhamos a ideia de ter uma fronteira segura, mas nem sempre concordamos com a forma que isso deve ser feito. O México sempre vai agir em favor de seus interesses", afirmou o embaixador.
Ao longo dos últimos 12 anos, soldados da Guarda Nacional foram mobilizados duas vezes para reforçar a segurança na fronteira, tanto na gestão de Obama (2009-2017) como na de George W. Bush (2001-2009). A medida recebeu críticas na ocasião por seu elevado custo, e os militares deixaram a fronteira pela última vez em 2010.
Fonte: G1
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