Donald Trump fala com a imprensa após almoço com líderes dos países do Báltico, na Casa Branca, em Washington, em imagem de arquivo (Foto: Kevin Lamarque/Reuters)
O presidente Donald Trump afirmou nesta quinta-feira (12) que nunca disse quando o ataque contra a Síria iria ocorrer. A declaração acontece um dia após ter o chefe de estado americano ter subido o tom com a Rússia, principal aliada do governo de Bashar Al-Assad, dizendo que mísseis "bacanas, novos e inteligentes" estavam chegando à Síria.
"Nunca disse quando um ataque à Síria aconteceria. Poderia ser muito em breve ou não! De qualquer forma, os Estados Unidos, sob minha administração, fizeram um ótimo trabalho livrando a região do ISIS [Estado Islâmico]. Onde está o nosso "Obrigado América?", afirmou Trump no Twitter.
Para o presidente sírio, qualquer ação das potências ocidentais poderia desestabilizar ainda mais a região.
"Com todas as vitórias alcançadas no campo, as vozes de alguns estados ocidentais se levantam e as ações se intensificam em uma tentativa de mudar o curso dos acontecimentos. Essas vozes e qualquer ação possível contribuirão apenas com um aumento na instabilidade na região, ameaçando a paz e a segurança internacional", declarou Bashar Al-Assad, segundo relato da TV estatal síria.
Quando Assad menciona vitórias no campo, ele se refere ao avanço do exército sírio na cidade de Duma, em Guta Oriental. Embora o governo sírio não tenha anunciado oficialmente, rebeldes entregaram as armas e deixaram a cidade na quarta-feira, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Ameaça americana
Trump vem ameaçando há dias dar uma resposta ao suposto ataque químico na cidade de Duma, em Guta Oriental, que é um enclave rebelde nos arredores de Damasco. Para o governo americano, o governo sírio voltou a usar armas químicas contra os rebeldes.
Já no domingo (8), em uma mensagem no Twitter, Trump afirmou que Rússia e Irã eram responsáveis por apoiar o “animal” Assad e que haveria um “grande preço” a pagar.
Na segunda-feira (9), o presidente americano anunciou que tomaria uma “decisão importante” sobre o assunto. "Estamos estudando a situação e falando com líderes militares, e tomaremos alguma decisão importante nas próximas 24 a 48 horas", afirmou.
A tensão na região aumentou e na quarta-feira, quando o prazo para a importante decisão expirou, Trump voltou às redes sociais para ameaçar a Rússia.
“A Rússia promete derrubar todos e quaisquer mísseis lançados contra a Síria. Prepare-se, Rússia, porque eles estão chegando, bacanas, novos e 'inteligentes'! Vocês não deveriam ser parceiros de um animal que usa gás para matar o seu povo e gosta disso”, afirmou Trump no Twitter, fazendo referência ao ataque ocorrido no sábado (7).
Pouco depois do post em tom de ameaça, Trump faz um novo comentário mais ameno.
"Nosso relacionamento com a Rússia é pior agora do que nunca, e isso inclui a Guerra Fria. Não há razão para isso. A Rússia precisa de nos ajudar com sua economia, algo que seria muito fácil de fazer, e precisamos que todas as nações trabalhem juntas. Vamos parar a corrida armamentista?", screveu ainda o americano, num outro post no Twitter.
Nesta quinta, a Rússia pediu às potências ocidentais que reflitam seriamente sobre as consequências de suas ameaças de atacar a Síria, segundo a France Presse.
"Pedimos a todos os membros da comunidade internacional que reflitam seriamente sobre as consequências possíveis de tais acusações, ameaças e ações planejadas contra o governo sírio", declarou a porta-voz ministério russo das Relações Exteriores, María Zajárova.
A Rússia afirmou ainda que a linha telefônica militar especial com os Estados Unidos, que pode evitar incidentes na Síria, continua ativa.
Pressão europeia
O presidente francês, Emmanuel Macron, disse a uma TV francesa ter provas de que o governo de Assad utilizou arma química em Duma, mas, como Trump, relativizou a urgência de uma reação. Na terça-feira, ele tinha dito que faria um anúncio "nos próximos dias". "Teremos decisões a serem tomadas no devido tempo, quando julgarmos o mais útil e o mais eficaz", disse no canal TF1.
A chanceler alemã, Angela Merkel, também considerou "evidente" que o regime sírio ainda dispõe de um arsenal químico, mas enfatizou que Berlim "não participaria de ações militares" contra Damasco.
Dois grupos de especialistas da Organização de Proibição de Armas Químicas (OPAQ) chegam nesta quinta e sexta-feira para investigar as acusações de um ataque com gases tóxico, informou o embaixador sírio na ONU, Bashar Jafari. Na segunda-feira, a organização vai se reunir para discutir esse caso, segundo a France Presse.
Fonte: G1
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