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quarta-feira, abril 11, 2018

Inspeção do CNJ feita há 2 meses alertou para risco de resgate de detentos em presídio onde 21 morreram

Centro de Recuperação Penitenciário Pará III, no Complexo Prisional de Santa Izabel. (Foto: Oswaldo Forte/O Liberal)
Centro de Recuperação Penitenciário Pará III, no Complexo Prisional de Santa Izabel. (Foto: Oswaldo Forte/O Liberal)

Relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) feito em fevereiro deste ano alertou para o risco de "resgate realizado com apoio externo" no Centro de Recuperação Penitenciária do Pará III (CRPP III) --onde, nesta terça (10), ao menos 21 pessoas morreram justamente numa tentativa de fuga em massa, depois de um grupo armado tentar invadir o local para dar cobertura à ação.

Os mortos são um agente penitenciário, cinco presos e 15 suspeitos de tentar invadir o presídio para apoiar a fuga, segundo a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) do Pará.

Em fevereiro, a unidade tinha 52% mais presos do que a capacidade: havia 660 detentos para 432 vagas, afirma o CNJ. As condições da prisão são "péssimas" e "inaceitáveis" para um presídio de segurança máxima.

"O Centro De Recuperação Penitenciária Do Pará III - CRPP III, conforme relatado na última inspeção, apresenta pontos de extrema vulnerabilidade, o que tem ensejado recorrentes fugas em massa", diz trecho do documento, que citou uma tentativa de fuga em janeiro.
Na ocasião, ninguém conseguiu fugir, mas houve um tiroteio entre um grupo armado e policiais.

Providências
O CNJ também pedia as seguintes providências:

Construção urgente de muralha para isolamento da unidade, por se tratar de "unidade de segurança máxima";
Reforço urgente da estrutura de segurança da área de visita, que não detém muralha, mas apenas um alambrado, "situação de vulnerabilidade inaceitável para um presídio de alta segurança";
Reforço imediato da segurança, diante das suspeitas de articulação dos internos com outras unidades;
Solução para a "profunda superlotação";
Necessidade de atendimento da Defensoria Pública.
O G1 procurou a Segup a respeito do relatório e aguarda posicionamento.

Tentativa de fuga
Além dos 21 mortos, pelo menos outros cinco agentes de segurança ficaram feridos. Quatro seguem internados - um deles foi levado para cirurgia e seu estado grave. O número de presos feridos ainda não foi informado.

Autoridades faziam uma revista e recontagem de presos no início da noite desta terça. A Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe) ainda não confirmou se houve fuga de detentos na ação.

O caso ocorre um dia após uma chacina que deixou 12 mortos na Grande Belém.

Como começou
Segundo a Segup, um grupo fortemente armado tentou invadir a prisão por volta das 13h para dar apoio à fuga dos presos. Foram utilizados explosivos contra um dos muros do solário do Pavilhão C na tentativa de resgate. Além disso, detentos também tinham armas dentro do presídio, segundo a secretaria.

Após o uso de explosivos no Pavilhão C houve "intensa troca de tiros" entre agentes do batalhão penitenciário, parte dos presos que tentavam fugir e o grupo que tentou invadir o presídio, diz a secretaria.

Ao menos sete armas que estavam com os suspeitos que tentaram invadir o centro de recuperação foram apreendidas: 2 fuzis, 3 pistolas e 2 revólveres.

Mapa mostra o Complexo Prisional de Santa Izabel, no Pará, onde ocorreu uma tentativa de fuga em massa de presos (Foto: Igor Estrella/G1)
Mapa mostra o Complexo Prisional de Santa Izabel, no Pará, onde ocorreu uma tentativa de fuga em massa de presos (Foto: Igor Estrella/G1)

Fonte: G1

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