Família de estudante de Medicina morto na Argentina enfrenta dificuldades para trazer corpo de volta

Marcos Paulo Antunes Dias passou mal e acabou morrendo após o primeiro dia de aula na faculdade de Medicina. (Foto: Reprodução/ Redes sociais)

O sonho de um estudante brasileiro de cursar Medicina e de conhecer outro país se tornou um pesadelo para uma família de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Momentos após o primeiro dia de aula do curso na Universidade Federal de Buenos Aires, no dia 4 de abril, Marcos Paulo Antunes Dias passou mal e acabou morrendo em decorrência de um problema no coração que ainda não havia sido identificado. Desde então, a família conta que sofre com um labirinto burocrático para fazer o translado do corpo para ser enterrado no Brasil.

Aos 21 anos de idade, Marcos sonhava em seguir a mesma profissão do irmão. “Eu fui a primeira pessoa a fazer Medicina e ele tinha essa expectativa também”, contou Paulo Fernando Dias Júnior.

Ao retornar do primeiro dia de aulas, Marcos ligou para a mãe, contou sobre como havia sido o seu dia e depois entrou no banheiro da república onde morava. Lá passou mal e foi pedir ajuda.

“Ele já saiu do banheiro com falta de ar, dor no peito e desmaiou. Os colegas começaram a fazer as manobras de reanimação. A ambulância chegou rápido, mas ele já estava sem pulso e tinha morrido”, destacou o irmão.

Exame toxicológico de Marcos Paulo deu negativo para o uso de drogas e álcool. (Foto: Reprodução/ Redes sociais)

Segundo ele, a república foi revistada por policiais em busca de algo suspeito, mas nada foi encontrado. O pai dos irmãos foi para Buenos Aires logo após saber da morte. Lá soube do resultado preliminar do exame toxicológico, que deu negativo para álcool e drogas. O documento oficial saiu na terça-feira (17).

De acordo com a necropsia, Marcos sofria de miocardiopatia dilatada congênita, que resultou em um edema pulmonar. Ele não sabia que sofria de um problema no coração.

“A gente não conhecia qualquer problema. Ele jogava bola, malhava. Uma parte da família do meu pai teve dois outros casos semelhantes”, explicou o irmão.

Além do trauma, a família conta que não consegue obter a liberação para que o familiar seja sepultado no Brasil. Assim, o corpo de Marcos segue no IML de Buenos Aires.

O último golpe sofrido pela família do estudante é o pedido do promotor do caso para que todos os exames sejam refeitos. Isso levaria mais 15 dias ao caso, sem contar o tempo do andamento do processo.

Só com os gastos para tentar fazer o translado do corpo, a família já gastou mais de R$ 30 mil. Além do impacto nas finanças, o emocional dos familiares do estudante também ficou abalado.

“A minha mãe está a base de remédios. Ela se apega a religiosidade e isso a ajuda um pouco. Meu pai se faz de durão mas também sofre. Eu voltei a trabalhar depois de duas semanas sem trabalhar. Eu durmo mal porque sonho com o meu irmão e fico pensando nessa situação. Quando vou na casa dos meus pais, parece um velório sem fim, aguardando a hora do corpo ser enterrado, o que não acontece nunca”, finalizou Paulo Fernando.

Procurado pelo G1, o Itamaraty informou que o Consulado-geral do Brasil em Buenos Aires acompanha o caso do falecimento do estudante brasileiro e que está em contato com os familiares. Representantes diplomáticos consultaram as autoridades argentinas envolvidas no caso e solicitaram celeridade na liberação do corpo para a sua repatriação, respeitando as exigências legais locais.

Família de Marcos Paulo conta que não consegue obter a liberação para que o familiar seja sepultado no Brasil. (Foto: Reprodução/ Redes sociais)

Fonte: G1