Agora é lei: mulheres agredidas na internet também vão poder denunciar o crime à Polícia Federal.
Algumas palavras são tão feias e cheias de ódio que é difícil repetir, mas é para se saber o tipo de agressão que muitas brasileiras sofrem na internet. Em um comentário em uma rede social, um homem escreveu: “Nunca bati em mulher nenhuma, mas feminista me dá uma vontade, me desperta um ímpeto de espancador, que é quase incontrolável”.
Uma agressão virtual que causa estragos reais. Uma mulher recebeu inúmeras mensagens desse tipo desde que começou a denunciar na internet abusos sexuais contra mulheres. “Alcançou minha família, meus filhos, meus amigos ao redor. Eu precisei me mudar, mudar minhas redes sociais, mudar telefone, mudar endereço, parar de trabalhar”, contou ela.
A principal dificuldade das vítimas é identificar e encontrar esses agressores porque eles se escondem atrás de computadores, criam perfis falsos na internet, usam endereços eletrônicos que muitas vezes estão hospedados em sites fora do Brasil. Só que, a partir de agora, a mulher que sofrer violência virtual vai poder contar com uma nova proteção: a da Polícia Federal.
Agora a PF também vai investigar crimes praticados pela internet que difundam conteúdo misógino, aqueles que propagam o ódio ou aversão às mulheres.
“Nós teremos aí mais efetividade prática nas ordens judiciais e teremos também aqui a inclusão como crime daquele que descumprir essas ordens judiciais. Ao mesmo tempo, temos também uma investigação mais contundente, mais profunda, mais técnica feita pela Polícia Federal quando, a partir do uso da internet, forem divulgadas mensagens de ódio contra as mulheres”, disse Renato Opice Blum, coordenador do curso de direito digital do Insper.
A lei foi inspirada na ativista Lola Aronovich, professora da Universidade Federal do Ceará. Desde 2011, ela sofre constantes ameaças na internet por defender as mulheres. “Eu ainda tenho esperança que a polícia faça alguma coisa, que esses criminosos sejam punidos e que a gente tenha um pouco de, afinal, de paz, que é nosso direito a gente poder ter voz na internet”, disse Lola.
A Marina é advogada e criou com outras juristas uma rede de proteção para tentar impedir essa violência. “A gente precisa que o estado brasileiro dê uma resposta eficaz a todas as formas de violência contra a mulher para que a gente mude a realidade dessas estatísticas de violência que são ainda tão alarmantes”, afirmou Marina Ganzarolli.
Fonte: Jornal Nacional
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