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sexta-feira, março 02, 2018

UFRN cria disciplina sobre 'Golpe de 2016' no Brasil

Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Foto: Divulgação/UFRN)

O Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte abriu inscrições para a disciplina “Seminário Temático II: o golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil”, no primeiro semestre de 2018. A criação do curso ocorre pouco tempo após a manifestação do Ministério da Educação (MEC) contra uma disciplina similar criada pela Universidade Nacional de Brasília (UNB).

A ementa, que ainda está sendo elaborada pelos professores responsáveis pelo curso, deverá discutir o histórico de golpes políticos no país, mas deverá focar no impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016, informou o professor Alex Galeno - um dos quatro docentes responsáveis pela disciplina.

De acordo com ele, a disciplina foi criada pelo colegiado da pós-graduação de Ciência Sociais neste ano, depois da iniciativa do professor Luiz Felipe Miguel, da UNB - primeira instituição no país a criar um curso deste tipo. Desde então, várias universidades também criaram cadeiras para debater o tema. É o caso da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), da Federal do Rio Grande do Sul e da Unicamp, em Campinas (SP).

Além dos discentes da universidade, a disciplina também será aberta como programa de extensão, o que permite inscrição de pessoas que não têm vínculo com a instituição e estão interessadas no assunto. As aulas serão ministradas para os dois públicos simultaneamente.

A matéria terá 60 horas-aula e será realizada em 15 encontros, a partir do dia 13 de março. Serão quatro aulas à tarde, às sextas-feiras no setor de aulas II da UFRN. Entre os professores convidados, está o próprio Luiz Felipe Miguel.

UFRN abriu inscrições em disciplina sobre o 'Golpe de 2016' no Brasil (Foto: Reprodução)
UFRN abriu inscrições em disciplina sobre o 'Golpe de 2016' no Brasil (Foto: Reprodução)

"Trataremos esse assunto com toda a dimensão histórica dos golpes no país, na América Latina e no mundo, mas o fato de 2016 é o mais próximo, sobre o qual iremos refletir", explicou o professor Alex Galeno. Para ele, estudar o "fenômeno" é fundamental para os pesquisadores da teoria social e não se trata de discussão político-partidária.

O professor ainda criticou o posicionamento do ministro Mendonça Filho, da Educação, que afirmou que iria acionar a Advocacia-Geral da União (AGU), o Tribunal de Contas da União (TCU), a Controladoria-Geral da União (CGU) e o Ministério Público Federal (MPF) para que fosse apurada “improbidade administrativa” por parte dos criadores da disciplina na UNB.

"Temos autonomia de cátedra. Esse movimento vem se fortalecendo no Brasil, para fortalecer o pensamento livre. Esse golpe teve um componente legal, que envolve o Judiciário, o ódio dissimulado, demonstrado, por exemplo, nas 'fake news', e na criação de medidas normaticas, que querem dizer o que o professor tem que fazer", considerou o professor, que considerou tais pressões às câmaras de gás nazistas, mas "sem corpos, mas com objetivo de sufocar".

Ele ainda argumentou que qualquer pessoa pode entender que o impeachment não foi golpe e criar um curso do mesmo tipo.

Os demais professores responsáveis pela disciplina na UFRN são Homero Costa, Orivaldo Lopes Jr. e Gabriel Vitullo.

Fonte: G1

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