Após dois dias de interrogatório sob custódia policial, o ex-presidente da França Nicolas Sarkozy foi indiciado nesta quarta-feira (21) pelo suposto financiamento ilegal da sua campanha de 2007 com dinheiro do ex-líder líbio Muammar Kaddafi, segundo informações fo jornal "Le Monde". Após a acusação, Sarkozy foi colocado em liberdade sob controle judicial.
Os juízes que instruem a causa acusam Sarkozy pelos crimes de corrupção passiva, financiamento ilegal de campanha eleitoral e receptação de dinheiro líbio, ainda de acordo com o jornal.
O ex-presidente francês (2007-2012) foi detido na manhã de terça-feira (20) para ser interrogado sobre a suspeita de ter recebido secretamente 50 milhões de euros da Líbia, na época governada pelo ditador Muammar Khadafi, para financiar a campanha que o levou à presidência da França.
As acusações surgiram em 2012 após a publicação de um documento pelo site Mediapart, que indicava que o regime líbio havia aprovado um pagamento para apoiar a campanha de Sarkozy. Por conta desses documentos, o ex-secretário-geral do Palácio do Eliseu Claude Guéant já é investigado por falsificação de documentos e fraude fiscal.
Em foto de arquivo, o então presidente francês, Nicolas Sarkozy recebe o ditador líbio Muammar Kadhafi com honras de estado em Paris, em 2007 (Foto: Patrick Hertzog/ Reuters)
Embora o ex-presidente tenha afirmado que o documento era falso, a corte francesa declarou que alguns documentos eram autênticos e poderiam ser utilizados na investigação. A ação do Escritório Central de Luta contra a Corrupção e as Infrações Financeiras e Fiscais (OCLCIFF) que investiga o ex-presidente foi aberta em 2013.
Dinheiro irregular
Tal soma seria mais que o dobro do limite permitido legalmente na época para financiamento de campanhas políticas: 21 milhões de euros, de acordo com a Deutsche Welle. Ainda quando presidente, Sarkozy classificou as suspeitas de "grotescas".
Sarkozy tinha uma relação complexa com Khadafi. Logo após se tornar presidente, ele convidou o líder líbio para uma visita oficial à França e o recebeu com honras de Estado. Nessa visita, foram assinados contratos comerciais de cerca de 10 bilhões de euros entre os dois países.
Porém, anos depois, Sarkozy foi um dos maiores apoiadores dos ataques aéreos, liderados pela Otan, contra o governo líbio durante o levante de 2011, que culminaram com a queda do ditador, no auge do movimento que ficou conhecido como Primavera Árabe. Khadafi foi morto em um ataque aos 69 anos.
Fonte: G1
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