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domingo, março 11, 2018

Polícia investiga se tráfico de drogas e rixa de torcida motivaram as 7 mortes em Fortaleza

A polícia do Ceará investiga se a série de ataques que deixou sete mortos no Bairro Benfica, em Fortaleza, nesta sexta-feira (9), tem relação com rixa de torcidas e com o tráfico de drogas. Dois feridos ainda estão no hospital Dr. José Frota.

O secretário da Segurança Pública do Ceará André Costa afirmou que, embora próximos, o ataque na Praça da Gentilândia e os disparos perto da Torcida Uniformizada do Fortaleza (TUF) podem ser eventos distintos. A secretaria chegou a um suspeito, mas não deu detalhes sobre a identidade.

"São locais próximos, a quase 10 quarteirões de distância. O lapso temporal também é próximo. No entanto, agora, não conseguimos afirmar, de certeza, se estão interligados. Porque também há modus operandi diferente e, aparentemente, motivações diferentes'', disse o secretário no início da tarde deste sábado.

A polícia trabalha com duas hipóteses diferentes para os ataques:

No ataque na Praça da Gentilândia, que deixou três mortos, duas das vítimas vendiam droga no local. Uma delas portava uma pochete com droga, maconha e crack, e dinheiro, disse o secretário. Este ataque pode ser motivado por tráfico de drogas.
No tiroteio perto da sede da Torcida Uniformizada do Fortaleza (TUF), os disparos foram aleatórios. Na fuga, os mesmos criminosos atiraram contra pessoas que usavam uniforme da torcida organizada na Rua Joaquim Magalhães. Para a secretaria, pode haver ligação com uma briga de torcidas que deixou dois torcedores feridos no fim de semana anterior.
Como foram os ataques
Homens passaram de carro na Praça da Gentilândia por volta das 23h30 desta sexta e balearam quatro pessoas, três morreram. Minutos depois, na Vila Demétrio, sede da TUF, pessoas em outro veículo atiraram em jovens que bebiam no local.

Na fuga, na Rua Joaquim Magalhães, os mesmos criminosos atiraram contra duas pessoas com uniforme da TUF, de acordo com a secretaria.

No ataque da Praça da Gentilândia, três pessoas morreram no local - José GIlmar, Antônio igor e Joaquim Vieira. As vítimas assassinadas levaram, cada uma, 12, 10 e 5 disparos de arma de fogo.

José Gilmar Furtado de Oliveira Júnior (33), conhecido como “Júnior Biba”, tinha passagem na polícia por roubo e posse de drogas. Ele portava a pochete com drogas e dinheiro. A vítima teve 10 perfurações por arma de fogo.

Em Antônio Igor Moreira e Silva (26), vítima com passagem por posse de droga, foram encontradas 12 perfurações à bala. Joaquim Vieira de Lucena Neto (21), que não tinha antecedentes criminais, foi morto com cinco tiros.

Na Vila Demétrio, sede da TUF, foram baleados Carlos Victor, que morreu no local, Emilson Badeira e Adenilton da Silva - atendidos no hospital, não resistiram aos ferimentos. Pedro Braga foi assassinado na Rua Joaquim Magalhães. Uma pessoa baleada na praça e outra na Rua Joaquim Magalhães ainda estão no hospital.

Este é mais um caso de violência na Grande Fortaleza neste ano:

Em janeiro, criminosos invadiram uma festa, atiraram e mataram 14 pessoas
Em fevereiro, Gegê do Mangue, chefe de facção de SP, foi encontrado morto, ao lado de Paca, também membro da facção
Nesta semana, três mulheres foram torturadas e decapitadas. Suspeitos, três homens foram presos e um adolescente foi apreendido

Quem são as vítimas dos ataques nesta sexta-feira (9)
José Gilmar Furtado de Oliveira Júnior (33), morto na Praça da Gentilândia
Antônio Igor Moreira e Silva (26), morto na Praça da Gentilândia
Joaquim Vieira de Lucena Neto (21), morto na Praça da Gentilândia
Carlos Victor Meneses Barros (23), morto na Vila Demétrio
Pedro Braga Barroso Neto (22), vítima da Rua Joaquim Magalhães
Emilson Bandeira de Melo Júnior (27), baleado na Vila Demétrio, faleceu no hospital IJF.
Adenilton da Silva Ferreira (24), baleado na Vila Demétro, faleceu no hospital IJF.

Carlos Victor Meneses (23) foi assassinado na Vila Demétrio. (Foto: Arquivo Pessoal)
Carlos Victor Meneses (23) foi assassinado na Vila Demétrio. (Foto: Arquivo Pessoal)

O pai de Carlos Victor, morto em frente à TUF, diz que o filho não fazia parte da torcida organizada. "Ele torcia para o Fortaleza porque qualquer cidadão torce para um time. Ele trabalha numa lotérica, é o primeiro emprego dele. Eu perdi a única coisa da minha vida, é ele. Eu só tinha ele”, disse. O jovem não tinha antecedentes criminais.

O governador Camilo Santana (PT) comentou os crimes. "Temos a real compreensão da gravidade da situação. Tanto que tenho investido como nunca na segurança e trabalhado noite e dia. Infelizmente há uma falha geral do sistema, que envolve também as leis e a justiça. Mas não se pode conceber tanta impunidade", disse.


O prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), informou que cancelou viagem aos Estados Unidos que faria nos próximos dias para participar de curso na área da primeira infância.

Após reunião com o Governo do Estado, a Prefeitura informou que vai reforçar a assistência aos feridos na chacina, garantir assistência psicossocial às famílias das vítimas, mobilizar o efetivo adicional da Guarda Municipal para ações em parceria com os órgãos estaduais de segurança, além de reforçar ações de fiscalização urbana junto ao Governo do Estado.

Fonte: G1

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