Um pai dando seu último adeus a seu filho morto, antes que os bombardeios comecem novamente.
A imagem forte, gravada por moradores da região síria de Guta Oriental, mostra a realidade de tantos pais sírios cercados com suas famílias nesse reduto rebelde nos arredores de Damasco.
Desde o último domingo (18), o governo sírio, com o apoio da Rússia, aumentou fortemente a intensidade dos bombardeios na região, onde moram 400 mil pessoas. Centenas de civis morreram, entre eles várias crianças. Apenas em 48 horas, foram 250 civis mortos - o maior já registrado desde aquele o início do cerco, em 2013, quando a região foi alvo de um ataque químico.
O vídeo foi divulgado por um grupo de oposição ao governo, Ghouta Media Center, e sua autenticidade foi checada pela agência de notícias Associated Press.
Imagem tirada de vídeo divulgado no dia 21 de fevereiro de 2018 pelo grupo sírio opositor Ghouta Media Center e autenticado pela Associated Press mostra homem (à dir.) abraçado ao corpo de seu filho morto durante bombardeios em Guta Oriental, perto de Damasco (Foto: Ghouta Media Center via AP)
Nas imagens, o homem, que não foi identificado, pega o corpo de uma criança embrulhado em um lençol branco e o segura próximo ao peito. Alguém pede aos demais que deixem o pai se despedir do seu filho. O homem balança o corpo da criança em seus braços e sai de cena.
Há outros seis cadáveres no caminhão, embrulhados em lençóis e cobertores de poliéster.
Imagem tirada de vídeo divulgado no dia 21 de fevereiro de 2018 pelo grupo sírio opositor Ghouta Media Center e autenticado pela Associated Press mostra homem abraçado ao corpo de seu filho morto durante bombardeios em Guta Oriental, perto de Damasco (Foto: Ghouta Media Center via AP)
No intervalo entre os bombardeios, os moradores de Guta Oriental velam seus mortos. Com tempo e espaço limitados, e o número de mortes crescendo, os corpos são colocados em túmulos coletivos.
Entenda a crise na região
O cerco a Guta Oriental teve início em 2013, dois anos depois de explodir a guerra na Síria. Apesar de ser isolada e bombardeada há anos, desde o último domingo a região é alvo de uma nova campanha aérea lançada pelo regime de Assad e seu aliado, a Rússia.
No mesmo dia em que os bombardeios foram retomados, tropas chegaram à região para reforçar o cerco e preparar uma ofensiva terrestre, que ainda não teve início. Parece que as forças sírias e russas tentam retomar o território do controle dos rebeldes a qualquer custo.
A ONU pediu um cessar-fogo imediato na área, dizendo que a situação está "fugindo do controle" após uma "escalada extrema nas hostilidades".
Antes da guerra, Guta era uma região agrícola produtora de vegetais e frutas, incluindo damasco. Já foi o maior fornecedor de arroz, açúcar, frutas e vegetais da capital. Era também considerado um "pulmão verde", onde os habitantes de Damasco passavam o final de semana.
Os residentes de Guta Oriental estiveram entre os primeiros a se rebelar contra o regime de Assad, em 2011. A região foi tomada por rebeldes um ano depois, quando a agitação se tornou um conflito armado, com a repressão às manifestações pró-democracia, e uma sangrenta guerra civil.
Fonte: G1
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