O americano Larry Nassar recebeu nesta segunda-feira a terceira e última pena por seus crimes de abusos sexuais. Em julgamento na Corte do Condado de Eaton, na cidade de Charlotte, no Michigan, o ex-médico foi condenado a até 125 anos de prisão (mínimo de 40 anos) por molestar três ginastas do clube Twistars entre 2009 e 2011. Com a primeira condenação por pornografia infantil (60 anos de prisão) e a condenação de janeiro por molestar sete mulheres no Condado de Ingham, também no Michigan (até 175 anos), Nassar soma 360 anos de condenações. O número de vítimas que acusam o ex-médico chega a 265 mulheres.
- É impossível transmitir a profundidade e amplitude do tamanho da minha tristeza de cada uma dos envolvidas - disse a juíza Janice Cunningham, antes de anunciar a sentença desta segunda.
Larry Nassar, que hoje tem 54 anos, vai primeiro cumprir os 60 anos de prisão por pornografia infantil por ser uma condenação federal. Só depois ele vai começar a cumprir as duas condenações estaduais (175 anos e 125 anos) simultaneamente. O ex-médico seria elegível para a liberdade condicional em 2117, se chegasse aos 154 anos de idade.
Os crimes de Larry Nassar ganharam as manchetes principalmente por ele ter molestado as ginastas da seleção americana, inclusive as campeãs olímpicas Simone Biles, Gabby Douglas, Aly Raisman, Jordyn Wieber e McKayla Maroney. Ele também abusou de atletas da Universidade de Michigan e de mulheres nos condados de Ingham e Eaton.
Há duas semanas, no julgamento do Condado de Ingham, a juíza Rosemarie Aquilina permitiu que todas as vítimas de Larry Nassar contassem suas histórias em depoimentos de impacto antes do anúncio da sentença. Ele estava sendo julgado por molestar sete mulheres, mas 156 se apresentaram para depor, algumas de forma anônima, algumas por vídeo ou carta, mas muitas encararam o ex-médico na Corte, inclusive as campeãs olímpicas Aly Raisman e Jordyn Wieber.
No julgamento do Condado de Eaton, que começou na última semana, 48 vítimas deram seus depoimentos de impacto. Na sexta-feira, Randall Margraves, pai de três ginastas molestadas por Nassar, tentou agredir o médico na Corte, mas foi contido pelos policiais.
Técnico-chefe da seleção americana se demite
Membro do Hall da Fama da ginástica artística, Valeri Liukin renunciou do seu cargo de técnico-chefe da seleção americana feminina. Ele havia assumido a posição após a Olimpíada do Rio 2016, substituindo a aposentada Marta Karolyi. Após o escândalo dos crimes de Nassar, o treinador optou por se afastar da USA Gymnastics (Federação Americana de Ginástica), que está sendo acusada de acobertar os abusos do ex-médico.
- Amei a ginástica a minha vida inteira, mas é hora de seguir em frente em outra direção, pelo menos por agora. Desejo que as atletas e os técnicos continuem tendo sucesso, e me mantenho disposto a encorajá-los e apoia-los de um diferente ponto de vista - disse Liukin, ao jornal americano "USA Today".
Cazaque de nascimento, Liukin conquistou dois ouros e duas pratas na Olimpíada de Seul 1988, defendendo a União Soviética. Ele se mudou para os Estados Unidos em 1992 e treinou sua filha Nastia Liukin, que conquistou cinco medalhas de seis possíveis nos Jogos de Pequim 2008 (um ouro, três pratas e um bronze). Nastia não está na lista de vítimas de Nassar - pelo menos publicamente -, apesar de ter sido tratada por ele na seleção americana.
A USA Gymnastics ainda não anunciou o nome do substituto de Liukin e deve ter dificuldade para conseguir um nome de peso. Além de estar com a imagem manchada, a entidade viu seus principais patrocinadores debandarem depois do escândalo de Larry Nassar.
Fonte: Globo Esporte
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