O Ministério Público Federal no Distrito Federal (MPF-DF) enviou à Justiça nesta sexta-feira (9) as alegações finais em uma ação na qual o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) é réu por obstrução de Justiça.
No documento, os procuradores pedem que Geddel seja condenado a sete anos de prisão por ter tentado impedir a celebração de um acordo de delação premiada do operador financeiro Lúcio Bolonha Funaro.
Funaro é apontado como parceiro do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em vários esquemas de propina, inclusive na Caixa Econômica – o ex-ministro foi vice-presidente de Pessoa Jurídica da instituição financeira entre 2011 e 2013, no governo Dilma Rousseff.
Ao solicitar a condenação de Geddel, os procuradores argumentam que ele tentou atrapalhar investigações das operações Sépsis e Cui Bono.
Os procuradores apontam que, em um mês e meio, entre maio e julho deste ano, Geddel fez 17 ligações para a mulher de Funaro, Raquel Pita, a fim de sondar se ele faria um acordo de delação premiada.
Para o Ministério Público, os contatos de Geddel com Pita tinham como objetivo intimidar o casal, em razão do poder político de Geddel. Ainda segundo o MPF, antes da prisão de Funaro, o ex-ministro jamais havia tido contato com Raquel Pita.
"Dessa forma, era incutida em Lúcio Funaro a apreensão e o temor por represálias, para que não colaborasse espontaneamente com as investigações, causando, portanto, embaraço a investigação de crimes praticados por organização criminosa no âmbito da CEF (Operações Sépsis e Cui Bono)", afirmaram os procuradores nas alegações finais.
Ao solicitar a condenação e a pena de sete anos de reclusão, o MPF afirma ter levado em consideração a posição de Geddel à época dos fatos narrados – o peemedebista era ministro do governo Michel Temer.
"Sua conduta foi extremamente reprovável em comparação com qualquer outro agente em crimes que tem relação com o poder público. O acusado, como ministro de Estado, praticou crime em nome da cúpula política que atuava no próprio governo federal, traindo a confiança do povo brasileiro e ofendendo, por consequência, os titulares do poder soberano que devem ser respeitados no sistema democrático do país", explicaram os procuradores.
O que diz Geddel
À época da denúncia, apresentada em agosto de 2017, o advogado de Geddel, Gamil Föppel, criticou a denúncia, classificando-a de "inepta", "imprestável" e uma "coleção invulgar de erros jurídicos".
Em manifestação enviada à Justiça no decorrer do processo, a defesa do ex-ministro também apontou a "inépcia" da denúncia, a falta de provas e questionou a idoneidade de Lúcio Funaro como delator.
Fonte: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!