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quinta-feira, fevereiro 22, 2018

Milagrohe! Goleiro defende última cobrança, e Grêmio conquista a Recopa nas penalidades

Em 2016, Renato Portaluppi voltou ao Grêmio para reger a equipe, conduzi-la ao penta da Copa do Brasil e dilacerar um jejum de 15 anos sem títulos. Em 2017, o treinador estendeu sua idolatria ao armar um time que encantou o Brasil e o continente na conquista do Tri da América. Nesta quarta-feira, o ídolo máximo dos gremistas esbravejou ao longo de 120 minutos à beira do campo – em vão. O Tricolor batalhou com um a mais, mas parou numa grande atuação de Campaña para segurar o 0 a 0 ao Independiente, na decisão da Recopa Sul-Americana.

Coube ao técnico, que tanto fez pelo clube, apenas rezar por mais um milagre de Marcelo Grohe nas penalidades máximas – algozes de suas únicas quedas em mata-matas. Dito e feito. O goleiro brilhou, pegou a última cobrança, de Benítez, e conduziu o Grêmio à vitória por 5 a 4. Ao bicampeonato da Recopa Sul-Americana.

São três anos de Renato Portaluppi. São três anos de títulos do Grêmio.


PRIMEIRO TEMPO QUENTE
Troca de farpas, divididas ferrenhas e catimba. O primeiro tempo teve todos os elementos dignos de uma final continental que opõe dois "Reis de Copa" – com direito a expulsão decidida no recurso de vídeo. Em casa, o Grêmio impôs seu jogo e abusou da mobilidade de seu ataque para pressionar e levar perigo. O gol não saiu por detalhe. Aos 7, Everton driblou até o goleiro e parou em Amorebieta, que se atirou para salvar em cima da linha. Depois, aos 37, Luan saiu livre dentro da área, na cara de Campaña, mas chutou para fora. O Independiente só respondeu com uma finalização de Fernández, espalmada por Marcelo Grohe. E com uma boa dose de bordoadas e certo excesso de força a cada dividida.

No lance mais emblemático, Amorebieta acertou Luan no peito com as travas da chuteira, já aos 42. A priori, o árbitro Enrique Cáceres ignorou a entrada, mas, com o gremista caído e uma confusão em campo, acabou recorrendo ao VAR. A revisão das imagens fez a arbitragem expulsar o argentino.

SEGUNDO TEMPO
 A segunda etapa foi quase uma reprise dos minutos finais do duelo em solo argentino. Com um a mais, o Grêmio teve controle maciço da posse de bola e comandou o jogo em seu campo de ataque, onde encontrou pouco – quase nenhum – espaço na defesa do Independiente. Os argentinos batalharam cada centímetro do campo para não dar brechas – como já fizeram na conquista da Sul-Americana, contra o Flamengo, no Maracanã. De tanto insistir, o Tricolor encontrou uma ou outra fenda na parede vermelha montada pelo Rojo na Arena. Mas parou em Campaña, o goleiro rival. Na melhor chance, Everton saiu dentro da área e chutou sobre o arqueiro.


PRORROGAÇÃO COM NERVOS A FLOR DA PELE
 Após 90 minutos brigados palmo a palmo, a intensidade da partida caiu nos 30 minutos de prorrogação, como era de se esperar, dado o início de temporada gremista e a desvantagem numérica do Independiente. Ainda assim, o Grêmio foi valente para pressionar o rival – que, diga-se, esbanjou valentia para se defender. Com Jael em campo, o Tricolor quase marcou. Venceu até Campaña, mas parou no travessão, com uma cabeçada do centroavante. O zero persistiu para definir a taça nos pênaltis.

BRILHA O SANTO DE MILAGROHE!
Os argentinos trouxeram seu brujo, mas o Grêmio tinha em sua manga os milagres de Marcelo Grohe para a disputa de pênaltis. Um a um, os atletas dos dois times foram convertendo suas cobranças... Até Benítez ir para a marca do cal. E parar no goleiro, herói do terceiro título do Tricolor em três anos.


TE CUIDA, FELIPÃO
O simbolismo do título desta quarta-feira vai além da conquista, em si. Com a taça, a equipe se aproxima da marca histórica do Grêmio de Felipão nos anos 90, que também enfileirou Copa do Brasil (1994), Libertadores (1995) e Recopa (1996) em anos consecutivos. O Tricolor de Scolari foi além e ainda venceu o Campeonato Brasileiro em 96.

Não para por aí. Ao bater o Independiente, o Grêmio deixou em casa a primeira taça internacional da Arena – vale lembrar que a Libertadores foi erguida em solo argentino, no La Fortaleza.

MAIS UMA VEZ O VAR
Antes de tocar as mãos no Tri da América, o Grêmio bateu o pé e esbravejou contra a Conmebol pelo uso do recurso de vídeo no primeiro final da Libertadores, contra o Lanús. As reclamações tardaram, mas surtiram efeito dobrado. Na Argentina, Gigliotti foi expulso após acertar Kannemann, em lance revisado pelo árbitro. Nesta quarta-feira, foi a vez de Amorebieta rumar mais cedo ao vestiário.

O zagueiro acertou Luan na altura do peito com as travas da chuteira – em uma entrada que deixou marcas no camisa 7 gremista. Depois de muita confusão no gramado, Enrique Cáceres recorreu ao VAR, que não deixou dúvidas ao árbitro para aplicar o vermelho, nos minutos finais do primeiro tempo. O mesmo não pode ser dito dos argentinos. Revoltados, os gringos reclamaram muito com a arbitragem na zona mista no intervalo.


BRUJO CAMPAÑA
 O Independiente desembarcou em Porto Alegre, na última segunda-feira, com o Brujo Manuel, figura mítica argentina presente no jogo que deu a vaga na Copa da Rússia à Argentina e no título da Copa Sul-Americana. E o "bruxo" parece ter transferido seus "poderes" ao goleiro Campaña. Com um a menos desde o final do primeiro tempo, o Rojo foi pressionado ao longo dos 90 minutos regulamentares e dos 30 da prorrogação. O Grêmio martelou e martelou e martelou. E parou no arqueiro rival – ou em um ente superior – em ao menos três oportunidades. Ou até no travessão

AGORA, É GAUCHÃO
 A taça em mãos logo em fevereiro serve de combustível extra para reverter uma situação delicada, contrastante com a festa que tomou as arquibancadas da Arena. Lanterna no Gauchão com apenas quatro pontos em sete jogos, o Grêmio tem quatro rodadas para evitar o rebaixamento e tentar subir ao G-8. A equipe volta a campo já no próximo sábado, às 19h, para encarar o Novo Hamburgo, na Arena, pela 9ª rodada. Na sequência, ainda depara com a estreia na Libertadores, na terça-feira, às 19h15, contra o Defensor, no Estádio Luis Franzini, em Montevidéu.

Fonte: Globo Esporte

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