Desde que Fernando Segovia assumiu a Polícia Federal, em novembro, o presidente Michel Temer discute com auxiliares, ministros e o advogado Antonio Claudio Mariz como trocar o delegado Cleyber Malta Lopes, que conduz o inquérito em que Temer é investigado por supostamente beneficiar uma empresa do setor portos.
Nas últimas semanas, o presidente teve dois focos grandes de irritação em relação ao inquérito. O primeiro foi a nova intimação do ex-executivo da JBS Ricardo Saud (que falará no próximo dia 16), do coronel aposentado da PM João Batista Lima e do empresário Joesley Batista (que falará no dia 15).
Temer estranhou o fato de Joesley ter sido chamado a depor. Na avaliação do presidente, a nova intimação de Saud demonstra que, agora, o executivo está disposto a falar.
No caso de João Batista Lima, a PF insiste no depoimento do ex-coronel da Polícia Militar e amigo de Temer. Até agora, ele não foi ouvido alegando questões de saúde. A defesa de Temer pediu o arquivamento do inquérito antes mesmo da nova intimação. Lima é considerado peça-chave pelos investigadores nas apurações.
Mas nada irritou mais o Planalto do que o pedido dos investigadores para que uma investigação antiga - e arquivada - contra Temer fosse incluída no inquérito.
O delegado Cleyber Lopes pediu ao ministro Marco Aurelio Mello, do Supremo Tribunal Federal, que arquivou um inquérito contra Temer em 2011, o compartilhamento do material que já investigava o possível envolvimento do hoje presidente em suposto pagamento de propina no setor portuário.
O inquérito arquivado citava Temer e Marcelo Azeredo, ex-presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que havia sido indicado com apoio do PMDB.
No inquérito arquivado estava uma planilha que, para os investigadores, fazia referência à distribuição de propina desviada de contratos do Porto de Santos.
O presidente e seus auxiliares repetem oficialmente que o atual inquérito fará "água". Mas não contavam com a declaração de Segovia, que irritou os investigadores.
Neste sábado, ministros aconselharam o presidente a, se for se pronunciar, declarar que Segovia falou em tom pessoal. Além disso, querem que Temer desvie o foco da polêmica, indo a Roraima na segunda-feira para visitar refugiados.
Temer discute a melhor estratégia para lidar com a crise criada por Segovia. Mas, em suas conversas, não se cogita a saída do diretor-geral da PF.
A Secretaria de Imprensa da Presidência da República procurou o blog para dizer que as medidas do governo em relação a Roraima não têm relação com a fala do diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia. A assessoria informa que, desde quinta-feira, o presidente já discutia a viagem para Roraima.
A decisão de viajar a Roraima na segunda-feira foi tomada por Temer neste sábado.
Fonte: G1
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