Uma revista realizada na madrugada desta terça-feira (16) apreendeu diversas armas e até uma granada na Penitenciária Odenir Guimarães (POG), em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital. A unidade, situada no Complexo Prisional da cidade, foi palco de uma das três rebeliões que ocorreram neste início de ano. A primeira delas deixou nove mortos.
Em nota enviada na manhã desta terça-feira, a Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP) informou que foram apreendidas quatro pistolas, um revólver, três artefatos improvisados, 600 munições e uma granada. A vistoria foi realizada em conjunto pelo Grupo de Operações Penitenciárias (Gope) e as forças do Comando de Missões Especiais (CME) da Polícia Militar.
A DGAP disse ainda que a operação "integra o cronograma de ações ostensivas, que ocorrem em todas as unidades prisionais goianas e que tem como principal objetivo inibir a entrada, bem como realizar a retirada de produtos ilícitos dos presídios".
No último dia 8, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra Cármen Lúcia, veio a Goiânia para discutir a situação do sistema prisional goiano. Na ocasião, ela havia anunciado uma visita ao Complexo Prisional. Porém, por motivos de segurança, cancelou o programa. A motivação seria o fato de a ministra ter sido alertada que, inclusive, havia explosivos no local, o que o governo goiano tinha negado.
Em visita a Goiás, ministra Cármen Lúcia cancelou ida a presídio por possível existência de explosivos (Foto: Vitor Santana/G1)
Série de conflitos
A primeira rebelião ocorreu no dia 1º de janeiro na Colônia Agroindustrial do Regime Semiaberto. Detentos invadiram alas rivais por meio de um buraco feito na parede de uma das celas, que ficaram destruídas após a ação. Nove pessoas morreram, 14 ficaram feridas e mais de 200 fugiram.
Na noite do dia 4, presos da mesma unidade fizeram nova rebelião. A polícia interveio e controlou a situação. Não houve mortos ou feridos, mas um reeducando fugiu. O terceiro motim ocorreu na madrugada do dia 5, na Penitenciária Odenir Guimarães (POG), uma unidade de regime fechado do complexo. Segundo a DGAP, até a manhã desta terça-feira, 69 detentos continuam foragidos.
Após cada motim foram feitas novas revistas nas celas e, no total, foram encontradas seis armas de fogo. Uma delas foi identificada como da diretoria da Polícia Civil de Goiás. A corporação informou que apura como os internos tiveram acesso ao armamento.
Presos fazem rebelião na Colônia Agroindustrial em Aparecida de Goiânia Goiás (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Triplo da capacidade
O Complexo Prisional abriga quase três vezes mais presos do que a capacidade para a qual foi projetado. A POG e a Colônia Agroindustrial do Semiaberto, onde ocorreram os motins, foram consideradas “péssimas” pelas inspeções do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
O G1 teve acesso aos relatórios de inspeções feitos pelo CNJ entre dezembro do ano passado e janeiro deste ano. O trabalho do conselho identificou que o Complexo Prisional, que tem capacidade para pouco mais de 2 mil detentos, abrigava, na data das inspeções, mais de 5,8 mil presos.
Nos dois presídios que tiveram rebeliões o número de detentos é bem maior que a capacidade. A POG, onde ocorreu o motim desta sexta abriga 2,6 vezes a quantidade de presos prevista; já a Colônia Agroindustrial, onde ocorreram as duas outras rebeliões, tem 2,6 vezes a lotação máxima.
Fonte: G1
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