quarta-feira, janeiro 17, 2018

Negado pedido de liberdade a autor de suposto ritual com morte de crianças na Região Metropolitana de Porto Alegre

Sede do templo onde eram realizados rituais satânicos na Região Metropolitana de Porto Alegre (Foto: Paulo Ledur/RBS TV)
Foi negado nesta terça-feira (16) o pedido de liberdade do homem suspeito de comandar um suposto ritual satânico, durante o qual duas crianças foram mortas na Região Metropolitana de Porto Alegre. A decisão é da Comarca de Novo Hamburgo.

Silvio Fernandes Rodrigues é líder de um templo satânico, localizado em Gravataí, na mesma região, e apontado como como autor do suposto ritual. Ele está preso desde 27 de dezembro.

"A prisão foi decretada para garantir a ordem pública, a aplicação da lei penal e garantir a instrução processual", diz trecho da decisão.

"O fato possui especial relevância e as circunstâncias do caso, especialmente a crueldade, ao que tudo indica, com que crime foi praticado, demonstra, ou permite apontar, que os autores deste não possuem apreço pela vida alheia, utilizando-se de inocentes crianças para os fins mais incrédulos", continua o texto. "Tal cenário demonstra que o decreto preventivo justifica-se para garantir a ordem pública, porquanto nada impede que, uma vez em liberdade, voltem a reiterar tal prática".

Ao G1, o advogado José Felipe Lucca informou que irá entrar com um pedido de habeas corpus junto ao Tribunal de Justiça do estado (TJ-RS).

Também estão presos dois empresários e um ajudante de um deles. Outras três pessoas são consideradas foragidas porque já tiveram suas prisões preventivas decretadas.

A investigação começou após corpos terem sido encontrados em sacos plásticos em um matagal no bairro da cidade do Vale do Sinos, em setembro do ano passado.

Após a primeira descoberta, mais partes foram encontradas, a cerca de 500 metros do primeiro lugar. As cabeças das vítimas ainda não foram localizadas.

Prazo para concluir inquérito é prorrogado
A equipe de investigação da Polícia Civil terá mais 60 dias para concluir o inquérito sobre as mortes das duas crianças. A informação foi confirmada no fim da tarde de segunda-feira (15), pelo delegado responsável pelo caso, Rogério Baggio Berbicz.


O prazo inicial para conclusão do inquérito seria o dia 15. A prorrogação passa a contar desta data.

Presos
Silvio Fernandes Rodrigues, líder do templo e apontado como autor do ritual;
Jair da Silva, sócio que encomendou o ritual;
Andrei Jorge da Silva, um dos filhos de Jair;
Márcio Miranda Brustolin, o sétimo integrante do ritual. Conforme o delegado, são necessárias sete pessoas.
Foragidos
Jorge Adrian Alves, argentino que teria feito a troca do caminhão roubado pelas crianças no país vizinho;
Anderson da Silva, outro filho do sócio que encomendou o ritual;
Paulo Ademir Norbert da Silva, outro sócio do ramo imobiliário.
O caso
Os corpos das crianças foram encontrados em setembro de 2017 às margens de uma estrada em Novo Hamburgo. Exames de DNA indicam que eles são irmãos por parte de mãe, um menino de 8 anos, e uma menina de 12.

Corpos estavam em caixa de papelão e sacos plásticos em matagal em Novo Hamburgo (Foto: Polícia Civil/Divulgação)
Corpos estavam em caixa de papelão e sacos plásticos em matagal em Novo Hamburgo (Foto: Polícia Civil/Divulgação)

A perícia apontou ainda que uma das crianças tinha ingerido uma grande quantidade de álcool, 14 vezes maior que o nível de embriaguez. Outras perícias ainda são aguardadas.

No dia 27 de dezembro foi preso o líder do templo satânico, apontado como responsável pelo ritual, e outros dois homens, e em janeiro foi preso o quarto suspeito. A polícia acredita que dois empresários pagaram R$ 25 mil por um ritual de prosperidade no qual as crianças teriam sido mortas.


As duas vítimas seriam argentinas, suspeita que surgiu devido ao fato de que não foram encontrados registros de DNA compatíveis com as crianças no Brasil.

Os crânios das crianças ainda não foram localizados, e a identidade delas ainda não foi determinada. Como um dos suspeitos seria de origem argentina, a polícia acredita que as crianças possam ter sido trazidas do país vizinho, mas isso ainda não foi confirmado.

A polícia não encontrou vestígios de sangue das crianças no templo, e ainda não tem certeza de onde elas teriam sido mortas. Um osso foi encontrado no sítio, mas a perícia ainda não determinou se seria de um animal ou de uma pessoa.

A equipe de investigação aguarda o retorno sobre pedidos de quebra de sigilo telefônico nos aparelhos apreendidos com os presos. A investigação segue sob sigilo. Até o momento, a polícia divulgou o teor do depoimento de duas testemunhas, uma delas incluída no sistema de proteção de testemunhas. Vizinhos do templo negam que houvesse sacrifício de animais ou de pessoas durante os rituais.

As quatro pessoas já presas negam que se conheçam e que tenham participado do ritual. A esposa do líder do templo também nega as acusações.

Capa e máscara foram encontrados em cofre no templo onde teria ocorrido um ritual satânico (Foto: Daniel Favero/G1)
Capa e máscara foram encontrados em cofre no templo onde teria ocorrido um ritual satânico (Foto: Daniel Favero/G1)

Fonte: G1

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