sexta-feira, janeiro 26, 2018

Trump tentou demitir procurador que investiga a Rússia, diz jornal

O ex-diretor do FBI Robert Mueller, procurador especial encarregado da investigação sobre a Rússia, em foto de 21 de junho (Foto: Saul Loeb/AFP)
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tentou demitir o procurador especial Robert Mueller, que chefia a investigação sobre a interferência da Rússia na eleição presidencial americana, segundo o jornal "The New York Times". O chefe de estado americano negou a informação.

Trump chegou a ordenar a demissão de Mueller em junho, mas voltou atrás após o advogado da Casa Branca ameaçar renunciar caso o presidente resolvesse levar a ideia adiante, de acordo com o jornal.

O conselheiro da Casa Branca Donald F. McGahn II teria se recusado a pedir ao Departamento de Justiça que demitisse o procurador especial, após o presidente americano argumentar que Mueller tinha ao menos três conflitos de interesse que o desqualificariam a supervisionar a investigação.

McGahn II acreditava que demiti-lo teria um impacto catastrófico e levantaria perguntas se a Casa Branca tentava obstruir a investigação sobre a Rússia, segundo o jornal americano. Na manhã desta sexta, Trump disse que a informação não procede e classificou a reportagem como notícia falsa ("Fake News"), de acordo com a Associated Press.

Jeff Sessions
A notícia vem a público três dias após o mesmo "New York Times" publicar que o secretário de Justiça dos EUA, Jeff Sessions, foi interrogado pelo gabinete do procurador especial na semana passada.

Foi a primeira vez que se tornou público que o gabinete de Mueller questionou um membro do gabinete de Trump. O Departamento de Justiça americano (equivalente ao Ministério da Justiça no Brasil) confirmou a informação.

Sessions trabalhou como assessor da campanha de Trump antes de o presidente americano nomeá-lo como secretário de Justiça. Ele se recusou a supervisionar a investigação sobre a Rússia em março, após a imprensa divulgar que ele teve diversos encontros com o embaixador da Rússia em 2016.

Sua recusa abriu espaço para o vice-secretário de Justiça, Rod Rosenstein, número 2 da parta, nomear Mueller como procurador especial para o caso. Mueller investiga uma possível obstrução de Justiça por Trump devido à demissão do ex-diretor do FBI James Comey.


Robert Mueller
Descrito como um homem austero e metódico, o ex-chefe do FBI Robert Mueller é um investigador com grandes poderes e muita independência.

Diferentemente de um simples procurador federal, ele tem maior liberdade de ação e não deve informar permanentemente a sua hierarquia, apesar de estar subordinado ao Departamento de Justiça e ao presidente, que pode demiti-lo.

Mueller investiga não só a influência russa na eleição presidencial americana, na qual Trump saiu vitorioso, como um possível conluio entre membros da equipe de campanha do hoje presidente americano com funcionários do governo russo.

Ex-chefe do FBI entre 2001 e 2013, durante os governos de George W. Bush e Barack Obama, Mueller tem reputação ilibada, de pessoa correta e trabalhadora, e ganhou o respeito tanto de republicanos como de democratas por hesitar quando achou que deveria se opôr a práticas que considerava ilegais.

Fonte: G1

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