Magoado após saída do Santos, Elano diz que faltou "ética e educação"

Na última quarta-feira, Elano teve fechado mais um ciclo pelo Santos. Agora, como treinador, ainda que interino. O ex-jogador comandou a equipe nas sete últimas rodadas do Brasileirão e terminou o ano de 2017 com a esperança de continuar no clube. Com a nova diretoria, acabou desligado pelo presidente eleito José Carlos Peres, que optou pela contratação de Jair Ventura, ex-Botafogo. Foram três vitórias, três derrotas e um empate na reta final da competição. Ídolo da torcida, Elano, em entrevista ao SporTV, não escondeu a mágoa pela forma como deixou o clube. Mas fez questão de isentar Jair Ventura, o novo treinador santista de qualquer responsabilidade, e deixou claro que voltaria sem qualquer problema a ocupar a função de auxiliar.

- Quero deixar bem claro que a minha ideia não era ser treinador assim tão rápido, e nem para este ano, ou para o ano que vem. A minha ideia era retornar para a minha função, ser auxiliar, poder fazer aquele trabalho que eu fiz muito bem no Santos no ano passado. Todos esses meninos que estão na categoria de cima eu que fiz essa integração de base com profissional, isso estava distante no Santos, era reclamação de todos. Mas quando vim para as férias, sabia que no momento em que eu assumi como treinador, que isso poderia me trazer algum prejuízo. Com a nova direção, foram tomadas essas decisões. Eles têm todo o direito de tomar as decisões. Mas faltou um pouco de ética e educação. Mas eu quero isentar o Jair de qualquer problema, não tem nada a ver com isso, tenho certeza. Isso é tudo responsabilidade da diretoria. Mas eu estou em paz, tenho que fazer meus cursos, me preparar ainda mais para quem sabe daqui a dois ou três anos, eu penso, eu possa virar um treinador. Mas neste momento estou à disposição para fazer meus estudos e voltar a ser um auxiliar, foi aonde eu me identifiquei, para, futuramente, continuar uma carreira - disse no "Seleção SporTV".

Elano comandou o Santos nas últimas sete rodadas do Brasileirão (Foto: Antônio Cícero / Photopress / Estadão Conteúdo)

Elano disse ter recebido, inclusive, proposta para ser treinador de outra equipe, mas não aceitou porque não querer pular etapas.

- Confesso para vocês que recebi uma proposta no dia seguinte que saiu a notícia do meu desligamento do Santos para eu trabalhar como treinador, e essa não é a minha intenção agora. Estou iniciando uma carreira. Vou me preparar para que eu possa não pular as etapas. Volto como auxiliar. Foi uma situação de emergência. E deixei o Santos na Libertadores. Volto para a minha função como auxiliar. Minha situação de treinador do Santos foi de emergência, onde assumi compromissos e corri muitos riscos, mas não estou arrependido. Deixei o Santos na Libertadores. Fiz parte junto com o Dorival, que começou, e com o Levir. Volto para a minha função. Nenhum curso vai dar a experiência, a prática é extremamente importante. Mas os cursos vão abrir minha cabeça para muitas coisas, para que no futuro eu possa sim ser um treinador. Neste momento não tenho projeção de ser treinador de time menor ou grande. E não tenho problema nenhum em trabalhar em qual categoria for e em qual clube for. Tudo que fiz no Santos foi com muito amor e carinho.

O ex-auxiliar técnico criticou a forma como a diretoria conduziu a sua saída do clube e deu detalhes.

- Quando eu saí de férias, assim que ocorreram as eleições, mandei uma mensagem para o presidente Peres me colocando à disposição para que eu pudesse ajudar. Eles me retornaram no dia 3, de manhã, para que eu pudesse me apresentar na Vila Belmiro para me demitir. Estou em paz, não tenho mágoa, rancor, não estou aqui para torcer contra o Santos. Mas esse é o futebol brasileiro. É uma falta de planejamento, é uma desorganização total, até mesmo para demitir. Falta sinceridade, honestidade para esse tipo de coisa. O Orlando Rolo (vice-presidente) foi a única pessoa que me recebeu no clube quando cheguei lá. Estou triste pela situação, mas feliz pelo que fiz dentro do clube.

Sobre os problemas de Lucas Lima na temporada e sua transferência para o Palmeiras, Elano acha que faltou cobrança maior dentro do clube com o jogador. Mas considera que o meia vai voltar a ser o atleta de dois anos atrás e desejou sorte ao ex-comandado no novo clube.

- O Lucas Lima é um cara que eu admiro muito, passou por várias situações na carreira e conseguiu ser um cara representativo para o nosso futebol. No ano passado ele teve essas quedas de rendimento, sempre foi de muita regularidade. Quando cheguei no Santos era um dos caras que mais roubava bolas no time, mesmo sendo o número 10. Em assistência, chegava muito na área. O tempo foi passando, e acho que faltou um pouco também das pessoas cobrarem mais dele, brigaram para ensinar o que é certo. Quando assumi procurei fazer isso com ele, fui muito direto com ele e todo o elenco. Antes do jogo contra a Chapecoense expliquei tudo, que eu contava com ele, disse que precisava dele, e ele se abriu para mim, de tudo o que achava. O Lucas eu tenho certeza de que ele vai ter muito sucesso no Palmeiras, porque ele está com a cabeça boa. Vai voltar a render tudo o que ele sabe. Mas no Santos faltou uma cobrança interna dele. Fui um cara que briguei muito com ele (..) Tomei dura por ter essa cobrança. Mas eu tenho certeza de que ele vai ter um grande caminho. Ele tem que se dar conta do que ele perdeu.

Fonte: Sport TV