A crescente exigência de consumidores por qualidade de frutas, legumes e verduras impõe mais um desafio à fruticultura potiguar: expansão de boas práticas de cultivo, a fim de garantir produtos seguros à cadeia de abastecimento do país. Essa necessidade foi exposta no II Seminário de Fruticultura Irrigada do Médio Oeste, realizado na quarta-feira (29), em Apodi. Promovido pelo Sebrae no Rio Grande do Norte, o evento ocorreu no campus local do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN).
Especialistas alertaram que não só os consumidores estão cada vez mais seletivos com os alimentos, mas os revendedores. É o caso, por exemplo, dos supermercados, que vêm aperfeiçoando procedimentos para rastrear e monitorar a qualidade frutas, legumes e verduras que colocam à venda.
Um dos palestrantes do seminário, o vice-presidente da Associação de Supermercados do Rio Grande do Norte (Assurn), Eugênio Pacelli, informou que o Rio Grande do Norte foi o segundo estado a implantar o Programa de Rastreabilidade e Monitoramento de Alimentos (RAMA), que rastreou 618 mil toneladas de frutas, legumes e verduras em todo o país, no primeiro semestre de 2017. “Com o RAMA, é possível saber de onde veio a fruta. Caso ela apresente problemas, através do QR Code impresso na embalagem, conseguimos descobrir que tipo de produto foi usado no cultivo e outras informações sobre a sua procedência”, informa Pacelli, acrescentando que o programa atende a tendência no mercado global de alimentos por rastreabilidade e monitoramento.
Tanto que, para 2017, a expectativa é que haja aumento de 6,5% dos produtos monitorados em relação ao ano passado. “De forma crescente e evolutiva, supermercados, fornecedores e produtores estão percebendo a importância da adesão ao programa, que rastreou 1,2 toneladas de frutas no Brasil em 2016”, pontua.
O entendimento da importância dessas boas práticas é fundamental para fortalecer a fruticultura. Conforme outra palestrante do seminário, a professora Manuella Macedo Barbosa (IFRN), a segurança alimentar passa pela conscientização do empresariado e dos seus colaboradores, extensivo aos produtores.
“Alguns ainda resistem a fazer investimentos porque a adoção de boas práticas requer recursos. Daí, a importância também de fazer reeducação dos colaboradores de empresas que vendem esses alimentos, e mais aproximação de instituições de saber com os produtores, porque uns sabem, mas não colocam em prática, e outros sequer têm conhecimento”, observa a professora.
Suporte
No entanto, a difusão dessas informações é feita na região, através do trabalho do escritório regional do Médio Oeste do Sebrae. O diretor da unidade, Franco Marinho, informa que os produtores dispõem de consultorias técnicas sobre diversos aspectos de boas práticas de cultivo e produção, o que gera valor agregado à produção.
“O trabalho é voltado para o risco de contaminação e segurança alimentar, envolvendo também a questão de legislação ambiental, proteção individual. O programa Sebraetec subsidia em até 70% para adequar todas as indústrias de processamento de polpa, de castanha, de pescado, de mel, em tudo que for necessário”, diz.
Segundo Franco Marinho, vários participantes do seminário são proprietários de polpa, que desenvolve cuidados para essas boas práticas. “Todos têm essa preocupação, até porque é uma questão mercadológica. Ninguém pode correr o risco de orientar o desenvolvimento de um produto, com o risco de contrair uma contaminação que possa causar, além de doenças aos consumidores, acabar com um negócio de uma cooperativa, de uma associação de empresários”, pontua.
Resíduos de frutas
O aproveitamento de resíduos de frutas como matéria prima no processamento de novos alimentos ganha espaço no mercado e surge como alternativa para diversificação de produtos na fruticultura. Além das conhecidas propriedades funcionais que possui, esta versão de produtos evita o desperdício, apontados como um desafio a ser vencido por pequenos e grandes produtores.
A utilização de cascas, bagaços ou sementes de frutas para a fabricação de alimentos funcionais – que oferecem benefícios à saúde, além de suas funções nutricionais básicas – é tema recorrente em consultorias desenvolvidas pelo Sebrae no Rio Grande do Norte, que abordou o tema em minicurso dentro do II Seminário da Fruticultura Irrigada do Médio Oeste, nesta quarta-feira, 29, no campus do IFRN de Apodi.
Há uma preocupação entre os fruticultores no sentido de garantir uma destinação para os resíduos. A alternativa tem sido estimulada a partir de orientação junto aos produtores, de modo que evite o desperdício, e sejam produzidos alimentos funcionais, que fazem bem à saúde”, explica Franco Marinho, gerente do Escritório Regional do Médio Oeste.
Sabor e saúde
Durante o minicurso, ministrado pela professora do IFRN, Manuella Macedo, foram apresentadas diversas possibilidades de reaproveitamento. Os participantes puderam aprender, na prática, a produzir biscoitos à base de farinha produzida com resíduos de acerolas, ricos em proteínas, geradas pela produção de suco. A estudante Ananaelly Cristina participou da capacitação e aprovou a ideia e o sabor do produto. “No dia a dia a gente não imagina que isso seria possível. Mas a ideia é ótima, fácil de executar, saudável e a custo baixo. Todo mundo pode fazer”, avalia.
Os minicursos presentes no II Seminário da Fruticultura Irrigada do Médio Oeste abordaram ainda temas como produção orgânica de frutas, viticultura, produção de frutas temperadas no semiárido, empreendedorismo no campo e controle biológico na agricultura.
Fonte: Portal no Ar
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