Com constantes atrasos no pagamento dos salários dos servidores estaduais do Rio Grande do Norte, muitos profissionais recorreram aos empréstimos consignados para poder regularizar as contas. Porém, de acordo com servidores, as financeiras que realizam o intermédio desse tipo de empréstimo com os bancos privados deixaram de fazer esse tipo de operação, por falta de repasse das parcelas do Governo do RN ao setor bancário.
Em nota, o Governo do Rio Grande do Norte disse fazer regularmente o repasse das consignações as instituições financeiras cinco dias úteis do mês seguinte ao desconto, mas informou que, por causa das dificuldades econômicas, os salários dos servidores têm sido creditados com atraso. Isso influencia no repasse, que pelo decreto, são processados cinco dias depois da folha de outubro, que teve o calendário de pagamento divulgado nesta quarta (29).
Maria do Carmo, funcionária pública há 30 anos, relata que devido aos constantes atrasos no salário, teve que recorrer ao empréstimo consignado, sendo o valor das parcelas do empréstimo descontado diretamente do salário. Porém, ela informa que o governo não repassa o dinheiro às instituições financeiras, e agora o banco cobra dela o valor das parcelas em atraso. "Pode ser feriado, domingo. Não tem dia e não tem hora. A gente pensa que é algum familiar que tá ligando, quando olha é cobrança. É o banco cobrando aquela parcela que descontou do contra-cheque, mas não foi repassada", disse ela, indignada.
Outra funcionária, que preferiu não se identificar, passa pelo mesmo problema, e relata que as parcelas dos empréstimos são descontadas em folha, mas que não chegam aos credores. Além disso, segundo ela, os bancos ligam constantemente para tentar realizar acordo para pagamento da dívida.
Diante dessa situação, os servidores não conseguem mais realizar esse tipo de empréstimo. Segundo Shirley Barboda, proprietária de um financeira em Natal que faz intermediação de empréstimos consiganados junto a 10 bancos privados, há dois anos não é possível fazer esse tipo de empréstimo para servidores estaduais do RN, e ressalta que a procura pelo serviço é diária. "Chegam vários servidores todos os dias, mas ninguém consegue", diz ela, que informa uma queda de 60% no número total de vendas dos escritórios de empréstimos devido ao problema dos repasses.
Fonte: G1
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