O novo diretor-geral da Polícia Federal (PF), Fernando Segóvia, disse nesta segunda-feira (20), que o presidente “continuará a ser investigado, sem nenhum problema”.
Segóvia comentou as investigações sobre o presidente Michel Temer a cargo da PF. Explicou que os inquéritos que levaram a PGR a denunciar o presidente por corrupção, organização criminosa e obstrução à Justiça já estão concluídos.
“Na questão do presidente Michel Temer, ele sofreu já duas investigações, dois inquéritos abertos pelo Supremo Tribunal Federal, os quais foram concluídos pela antiga gestão da Polícia Federal. O relatório foi encaminhado pelo dr. Janot e na época o ex-procurador-geral da República ofereceu denúncia contra o presidente da República, as quais hoje se encontra suspensas por decisão Congresso. Então, nós não temos mais hoje nada a executar dentro dessas investigações, porque em tese já teriam sido concluídas”, disse.
A respeito de uma terceira investigação sobre Temer, relacionada a decreto na área de portos que teria beneficiado a concessionária Rodrimar, Segóvia disse que “terá toda a celeridade como todos os outros inquéritos no Supremo Tribunal Federal”.
Delações premiadas
Segóvia defendeu o direito de a corporação fechar delações premiadas – o que contraria o Ministério Público.
Em entrevista à imprensa após assumir oficialmente o cargo, ele disse que vai tentar criar uma metodologia com a Procuradoria Geral da República nas investigações, especialmente com a criação de forças-tarefas.
"Já está na lei que a Polícia Federal tem a atribuição de fazer as delações premiadas, que nada mais é que meio de investigação. Como ferramenta de investigação ela tem que fazer parte das atribuições da Polícia Federal e nós não vamos desistir dessa atribuição”, afirmou Segóvia.
Contestado pela PGR numa ação no Supremo Tribunal Federal (STF), o poder da PF de negociar e fechar acordos de delação premiada foi defendido por Segóvia. Ele disse que vai conversar com ministros da Corte para convencê-los a manter essa regra.
“A Direção Geral não vai mudar o foco na questão das delações premiadas feitas pela Polícia Federal. E devemos voltar a fazer visitas ao ministros do Supremo Tribunal Federal para explicar os motivos que a lei já expõe”, afirmou.
'Carta branca'
Fernando Segóvia disse que recebeu “carta branca” do presidente Michel Temer para comandar a corporação, mas que a atuação será “republicana”, sem posicionamento político.
“Quando eu estava conversando com o presidente Michel Temer, estávamos conversando sobre a minha visão sobre a PF e minha estratégia, discutindo essa questão dos meios que a polícia deve utilizar. Ele disse que eu tenho carta branca e devia fazer da Polícia Federal uma polícia republicana”, disse o Segóvia.
Para o delegado, a polícia republicana deve respeitar a Constituição, as leis e os princípio de investigação.
“Quando buscamos a verdade real dos fatos não podemos ter preconceito. quando se recebe uma denúncia de qualquer tipo, a gente deve estabelecer uma linha de investigação para saber se há esse desvio de recurso ou se há uma denúncia caluniosa. A Polícia Federal não pode tomar nenhum posicionamento político-partidário”, afirmou.
Parceria com PGR
Quanto à parceria com a PGR nas investigações, Segóvia disse que já conversou com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, para planejar um “trabalho conjunto”. Ele cogitou a possibilidade de montar forças-tarefas, como já foi criada no Rio de Janeiro, mas a nível federal.
“Com isso a gente pretende estabelecer juntos, eu e dra. Raquel Dodge, uma metodologia de trabalho entre a Polícia Federal e o Ministério Público Federal. É lógico que isso vai se irradiar para todo o Brasil e haverá essa parceria e acredito muito que a dra. Raquel Dodge quer que a gente trabalhe em conjunto”, disse.
Segóvia afirmou que este é "um novo momento" para as duas corporações - Polícia Federal e Ministério Público - e que há consenso entre a atuação dele e da procuradora geral da República, Raquel Dodge.
"A gente vai tentar construir, nesse momento de mais maturidade das duas instituições, um acordo para conseguir trabalhar mais em conjunto. Acredito que há consenso e acredito que não há necessidade de uma briga institucional entre a PF e a PGR", afirmou.
Autonomia da PF
Segóvia afirmou que toda a corporação quer autonomia um dia, se referindo à PEC que tramita na Câmara dos Deputados.
Ele criticou o posicionamento contrário do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) ao projeto. O MP argumenta que perderá o controle da corporação caso a proposta seja aprovada.
"O MPF tem controle externo da PF e talvez essa é a grande confusão que alguns têm lá dentro. Eles não controlam a PF, quem controla é o diretor-geral. O que o MP faz é controlar nossas atividades, se nós cumprimos a legalidade e a Constituição. Eles não têm gerencia. Não existe submissão da Polícia Federal ao MPF", afirmou.
Celeridade nas investigações
Segóvia afirmou que a nova equipe da Polícia Federal estará empenhada em concluir o maior número possível de inquéritos contra políticos e autoridades que estão no Supremo, até o meio de 2018, antes das eleições.
"Nós traremos os meios necessários para atingir a maturidade e o fechamento desses inquéritos até o meio do ano que vem. Mas, se houver uma investigação, e ela não for concluída nesse prazo, ela vai continuar. É só uma meta a ser atingida", afirmou.
Segundo ele, está em curso a elaboração de um plano para que cada inquérito no tribunal tenha um plano de investigação para que tudo ocorra de maneira mais célere.
Fonte: G1
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