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quinta-feira, novembro 30, 2017

Operação do MP apura desvios de dinheiro da saúde e apreende R$ 1,2 milhão e carros de luxo em Campinas

Policial militar chega na sede do Gaeco, em Campinas, com Ferrari apreendida na Operação Ouro Verde (Foto: José Braz/EPTV)

O Ministério Público (MP) e a Polícia Militar cumprem nesta quinta-feira (30), 33 mandados de busca e apreensão e seis de prisão em sete municípios do estado de São Paulo. A investigação apura desvio de recursos públicos da área da saúde. Segundo o promotor José Cláudio Baglio, há indícios de outros estados envolvidos na organização criminosa e milhões de reais desviados.
A Polícia Militar chegou a informar que haveria uma sétima pessoa presa na operação, mas a informação não foi confirmada até o momento.

Em Campinas (SP), mandados foram cumpridos no Hospital Municipal Ouro Verde, administrada pela Organização Social (OS) Vitale, na Prefeitura e em residências de um condomínio. Uma pessoa foi presa e foi apreendido R$ 1,2 milhão, além de dois carros de luxo, dos modelos Ferrari e BMW.
A defesa da Vitale em Campinas negou que haja desvio de dinheiro. "Não existe desvio de dinheiro. A dificuldade financeira é da sub-rogação dos funcionários", afirma Marcio Antonio Mancilia ao se referir à transferência de colaboradores da antiga organização social SPDM para a Vitale. "A SPDM ou Prefeitura deveria ter feito a rescisão dos funcionários, não realizaram. E a vitale foi obrigada a assumir esse passivo trabalhista. Isso dá em torno de R$ 38 milhões", completa o advogado.

Saco com dinheiro apreendido pela Operação Ouro Verde, em Campinas   (Foto: Reprodução EPTV)
Saco com dinheiro apreendido pela Operação Ouro Verde, em Campinas (Foto: Reprodução EPTV)

Em São Paulo, no bairro Pompeia, dois homens foram presos e levado para Campinas por policiais da Rota (Rondas Ostensivas de Tobias de Aguiar) da capital paulista. Segundo a corporação, um deles foi identificado como Daniel Augusto Gonzales Câmara e tem envolvimento com licitações. Ele foi detido na própria casa, sem resistir à prisão.
O outro preso na capital é Paulo Câmara e há, ainda, um mandado de prisão sendo cumprido na cidade. Cinco carros apreendidos com placas da capital foram encaminhados para a sede do Ministério Público. O G1 ainda não conseguiu contato com as defesas dos detidos.
Em Bariri (SP), na região de Bauru, duas pessoas foram presas. Uma mulher foi detida e documentos apreendidos na Santa Casa, onde funciona a matriz da Vitale. A suspeita foi identificada como Aparecida Bertoncelo. O segundo detido é Ronaldo Foloni. De acordo com informações da Secretaria de Saúde da cidade, o município repassa R$ 316 mil mensais para organização, que recebe também verba federal de R$ 216 mil.
Em Mogi das Cruzes (SP), os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) cumpriram mandados de busca e apreensão. A ação ocorreu no condomínio onde mora o secretário municipal de saúde e também na Secretaria de Saúde.

Também estão sendo alvos da Operação Ouro Verde as cidades de Santa Branca, Ubatuba e Várzea Paulista. A polícia e o MP ainda não informaram de onde são os demais presos. Todos os detidos estão sendo encaminhados para a 2ª Delegacia Seccional de Campinas, no Jardim Londres.

Mulher presa em Bariri, na região de Bauru, durante a Operação Ouro Verde foi levada para a sede do Ministério Público em Campinas (Foto: Reprodução/EPTV)
Mulher presa em Bariri, na região de Bauru, durante a Operação Ouro Verde foi levada para a sede do Ministério Público em Campinas (Foto: Reprodução/EPTV)

Mandados em Campinas
Segundo o tenente-coronel da Polícia Militar Marci Elber, mandados de busca, apreensão e prisão foram cumpridos em três casas no condomínio Alphaville.
Os carros foram aprendidos na casa de Fernando Vitor Torres Nogueira Franco, que foi preso sem apresentar resistência. Ele era ligado à Vitale, que administra o Hospital Ouro Verde. Documentos que estavam com ele também foram levados pelos policiais.
O advogado de Franco, Haroldo Cardella, afirmou que ele é médico e exercia a função de diretor técnico na Vitale, para atuar no Hospital Ouro Verde. De acordo com o defensor, ele não é mais funcionário da OS. "Vamos apurar os motivos que levaram a esse medida extrema da prisão preventiva. Não existe nenhum indício de que ele praticou ato ilícito", disse.
Já o dinheiro foi apreendido na casa de um funcionário de carreira da Prefeitura. Anésio Corat Júnior trabalha como diretor da Secretaria de Saúde do município. O G1 ainda não conseguiu contato com a defesa dele.

Também no Alphaville a casa do médico Gustavo Khattar Godoy foi alvo da operação. A defesa dele disse ao G1 que só irá se manifestar quando os autos forem disponibilizados aos advogados.
Os policiais também cumpriram mandado na residência de Ramon Luciano Silva. Todo o material apreendido na operação foi levado para a sede do MP. O G1 ainda não conseguiu contato com a defesa dele.

De acordo com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, apurou-se que um grupo ligado à Vitale utiliza essa entidade para obter indevida vantagem patrimonial. Ainda segundo o Gaeco, a vantagem é obtida pelo desvio sistemático de recursos públicos da área de saúde. A Vitale é uma organização sem fins lucrativos. A operação ganhou o nome de Ouro Verde.
Alvos em Campinas
De acordo com os promotores, um dos alvos é a Vitale. O hospital passa por uma grave crise de gestão, com atraso no pagamento dos salários e direitos trabalhistas dos funcionários, além de falta de insumos básicos, como gazes e seringas.
Os mandados foram cumpridos em casas de investigados, na sede da Vitale dentro do hospital e na Prefeitura, onde o foco são os contratos.

Contrato Vitale
O contrato de gestão da Vitale com o Hospital Ouro Verde, em Campinas, foi assinado no dia 29 de abril com a Prefeitura de Campinas, com prazo de cinco anos.
A organização social assumiu a administração da unidade médica em 1º de julho e o repasse mensal previsto para a Vitale era de R$ 10,9 milhões.

Homem preso na Operação Ouro Verde em Campinas (Foto: Wesley Justino/EPTV)
Homem preso na Operação Ouro Verde em Campinas (Foto: Wesley Justino/EPTV)

Por nota, a Prefeitura de Campinas, informou que "está colaborando com as investigações do Ministério Público referente à Vitale e que tomará todas as providências ao seu alcance para que o caso seja elucidado o mais rapidamente possível"
A administração municipal disse, ainda, que nos últimos cinco anos, "vem prezando pela probidade com os recursos públicos e, se ficar constatado o envolvimento de algum agente público com qualquer ilegalidade, ele será exemplarmente punido". Mais informações sobre esse caso serão passadas às 16h em uma entrevista coletiva.

Os funcionários do hospital tiveram o acesso bloqueado durante as buscas na unidade. Segundo a reportagem da EPTV, que está no hospital, os atendimentos não foram interrompidos. Até a publicação, a Polícia Militar continuava no interior do prédio.
Câmara Municipal
Quatro vereadores da Câmara Municipal de Campinas protocolaram um pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar os supostos desvios de verbas públicas no Hospital Ouro Verde. Para que a CPI seja instalada são necessárias 11 assinaturas. Já assinaram Pedro Tourinho (PT), Carlão do PT, Gustavo Petta (PC do B) e Marcelo Silva (PSD).

Preso durante a Operação Ouro Verde, em Campinas, espera na viatura da Polícia Militar (Foto: Reprodução/EPTV)
Preso durante a Operação Ouro Verde, em Campinas, espera na viatura da Polícia Militar (Foto: Reprodução/EPTV)

Modelos Ferrari e BMW apreendidos pela Operação Ouro Verde, em Campinas (Foto: José Braz/EPTV)
Modelos Ferrari e BMW apreendidos pela Operação Ouro Verde, em Campinas (Foto: José Braz/EPTV)

BMW apreendida durante a Operação Ouro Verde, em Campinas (Foto: José Braz/EPTV)
BMW apreendida durante a Operação Ouro Verde, em Campinas (Foto: José Braz/EPTV)

Hospital Ouro Verde é alvo de operação do Ministério Público, em Campinas (Foto: Márcio Silveira/EPTV)
Hospital Ouro Verde é alvo de operação do Ministério Público, em Campinas (Foto: Márcio Silveira/EPTV)

Fonte: G1

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