Durante as reuniões para discutir o cenário político, o presidente Michel Temer demonstrou a auxiliares no final de semana preocupação com a possibilidade de Rodrigo Maia (DEM-RJ) se distanciar do Planalto durante o processo da análise na Câmara dos Deputados da segunda denúncia contra o peemedebista.
Para evitar que isso ocorra, Temer pediu aos seus principais auxiliares que "enquadrem" Maia, conforme disse ao Blog, nesta segunda-feira (2), um assessor do presidente.
No final de semana, o ministro Antonio Imbassahy procurou Maia para conversar. Moreira Franco, que é sogro de Maia, também foi escalado para conversar com o presidente da Câmara.
A avaliação no Planalto é de que Maia tenta cada vez mais se descolar do presidente na segunda denúncia, diferentemente da postura adotada na primeira.
Como exemplo, citam as recentes críticas do presidente da Câmara a respeito do núcleo palaciano, além de registrar a diminuição da assiduidade de Maia em encontros com Temer.
Maia, que estava em Brasília no final de semana, não foi ao Palácio do Jaburu. No sábado, ele participou de um jantar de aniversário do presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE) - mas Temer não apareceu por lá.
Reservadamente, ministros do governo também observam os movimentos de Maia em direção ao Judiciário, aproximando-se da presidente do STF, Cármen Lúcia.
Nas últimas semanas, ele esteve pelo menos duas vezes com a ministra. Nesta segunda, encontrou a presidente do STF novamente. Para aliados de Temer, Maia quer ser o canal de interlocução com o STF, em meio ao processo da segunda denúncia que, se autorizada pela Câmara, poderá ser discutida na Corte.
Outro sinal é de que Maia defende reservadamente que o STF discuta a situação de Aecio Neves - afastado do mandato - antes do Senado.
O Planalto trabalha pelo contrário - junto com aliados no Senado, parlamentares de PMDB e PSDB. Mas, para Maia, se isso ocorrer, haverá uma crise entre Poderes. Ele e Eunicio discutiram o assunto envolvendo o mandato de Aécio no final de semana.
Sobre a denúncia, Maia, nos bastidores, afirma a aliados que não vai ajudar Temer desta vez. E se irrita com as desconfianças do Planalto. Desta vez, no entanto, disse a interlocutores que não será "proativo" para ajudar Temer.
Em tempo: A expectativa de Temer, segundo seus interlocutores, é entregar a defesa sobre a denúncia na quarta-feira.
O que diz o Planalto
Após a publicação deste texto, o Palácio do Planalto procurou o Blog para registrar que:
"Michel Temer já foi presidente da Câmara por três vezes. Sabe que o cargo não comporta enquadramento. Quem é presidente da Casa comanda um poder. Não pode ser enquadrado. Ele sabe que, em qualquer circunstância, representantes do legislativo podem dialogar com o governo e, se for o caso, serem convencidos de alguma tese. Nunca haverá tutela, ordem ou controle por parte do Executivo. A postura em relação ao presidente da Câmara será sempre de respeitoso diálogo. Nunca de desrespeito e autoritarismo".
Fonte: G1
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