O juiz Marcos Bigolin, da 3ª Vara Cível de Chapecó, no Oeste catarinense, concedeu na terça-feira (17) uma liminar a favor da Chapecoense para suspender a divulgação e estreia do documentário "O Milagre de Chapecó". A decisão pede a suspensão da divulgação do trailer, inclusive na internet, em 48 horas e suspende a estreia do filme por tempo indeterminado. A decisão cabe recurso.
A Chapecoense alegou quebra de contrato para entrar com o pedido na Justiça. Na decisão emitida, o juiz afirma que o clube contratou a empresa para realizar um documentário da evolução do clube, passando também pelo acidente aéreo de 29 de novembro do ano passado, que deixou 71 mortos.
Segundo a Chape, o trailer do documentário foi exibido em salas de cinema e divulgado sem o consentimento do clube. O assunto também incomodou familiares das vítimas do acidente, que pensam em ações na Justiça.
Segundo a decisão, caso a determinação não seja cumprida em 48 horas após a intimação, a produtora pode ter que pagar multa que pode variar de R$ 50 mil a R$ 500 mil. Não há data prevista para que a produtora Trailer Ltda, que está localizada em Montevidéu, no Uruguai, seja intimada por carta rogatória.
A produtora Trailer Ltda informou ao G1 que não foi notificada sobre a decisão, mas que antes da liminar, já havia solicitada à rede de cinema onde o documentário seria exibido que retirasse o trailer dos cinemas e da internet. Ainda conforme a produtora, o trailer foi encaminhado aos diretores do clube há meses.
“Queremos chegar a um acordo que satisfaça todas as partes. Nós somos o único documentário que desde o início se ofereceu para homenagear o clube, a cidade de Chapecó e as vítimas do acidente e a doar parte dos lucros às famílias. É absurdo que sejamos os únicos que tenha problema”, informou o diretor Luis Ara Hermida.
Familiares também querem que filme não seja exibido
No início da tarde de terça (17), a Afav-c (Associação dos Familiares das Vítimas do Voo da Chapecoense) havia informado que tinha a intenção de entrar com uma ação na Justiça para que o filme não fosse exibido, pois muitas famílias não foram informadas sobre a produção.
“Como saiu a liminar, vamos aguardar as providências que estão sendo tomadas pelo clube. Após, o jurídico estuda efeitos que possam ter sido causados em alguma família para ver se cabe uma ação indenizatória e contra quem. Mas nesse momento, a decisão traz serenidade e paz para as famílias”, afirmou nesta quarta (18) o advogado da Afav-c, Josmeyr Oliveira.
Já a Abravic (Associação Brasileira das Vítimas do Acidente com a Chapecoense) informou que não tomara outras medidas, além da decisão jucidial, "porque a suspensão era o maior objetivo da maioria das famílias e porque o principal da Abravic é a assistência social das vítimas e familiares, saindo desse foco apenas em casos de extrema necessidade".
Desconhecimento
Conforme a assessoria de imprensa da Afav-c, no 12 de outubro, Dia das Crianças, a viúva de uma das vítimas do voo da Chapecoense foi ao cinema com os filhos em Chapecó para ver um filme infantil. Lá, foram surpreendidos pelo trailer do documentário "O Milagre de Chapecó". A família deixou a sala de cinema chorando e, segundo a assessoria da Afav-c, foi assim que a associação soube da produção.
A Abravic, por meio do vice-presidente Fabiano Porto, disse que soube do documentário por meio de um grupo de WhatsApp.
Arena Condá recebeu velório coletivo de 50 vítimas (Foto: Michelli Arenza/RPC)
Fonte: G1
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