O Hospital Sírio-Libanês voltou a informar ao juiz Sérgio Moro, nesta sexta-feira (20), que não tem qualquer registro da entrada do advogado Roberto Teixeira, durante todo o segundo semestre de 2015. A administração respondeu a uma nova determinação do magistrado, que queria esclarecer uma divergência em um processo em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é réu.
O empresário Glaucos da Costamarques, que também é réu no processo, disse que foi procurado pelo advogado, durante o período em que estava internado no hospital, para tratar sobre o pagamento dos alugueis de um apartamento vizinho ao que Lula mora, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. De acordo com ele, após a visita de Teixeira, entre novembro e dezembro de 2015, foi assinada uma série de recibos, e os valores começaram a ser pagos.
De acordo com a denúncia, Costamarques adquiriu o imóvel em 2011 e fez um contrato de locação com a ex-primeira-dama Marisa Letícia, morta no começo deste ano. Os procuradores do Ministério Público Federal (MPF) afirmam que ele comprou o imóvel com dinheiro da Odebrecht, com o objetivo de beneficiar Lula.
Para contestar a versão, os advogados de Lula apresentaram uma série de recibos à Justiça, para comprovar a quitação do aluguel. O MPF, no entanto, abriu uma investigação, afirmando que há indícios de falsidade ideológica nos documentos, ou seja, eles teriam sido produzidos para dar uma cara de idoneidade, ante a atos ilícitos.
Moro aceitou a abertura da investigação e determinou que o Sírio-Libanês enviasse um relatório de visitas ao hospital, que foi solicitado pela defesa de Glaucos da Costamarques. No pedido, a defesa do empresário enfatizou a necessidade de que constassem os nomes de Roberto Teixeira e do contador João Leite, que teria sido o responsável por colher as assinaturas nos recibos apresentados pela defesa de Lula.
O hospital respondeu, afirmando ter encontrado apenas registros da entrada de João Leite, mas nada a respeito de Roberto Teixeira. No mesmo período, por e-mail, o juiz pediu ao hospital para explicar melhor se o fato de não encontrar entradas do advogado no hospital se referia apenas às visitas a Costamarques ou se ele poderia ter procurado outras pessoas internadas. O Sírio-Libanês afirmou que o relatório abrangia as visitas de todos os pacientes.
O juiz, então, publicou um novo despacho, em que novamente que o hospital procurasse pelo nome do advogado, mas dessa vez em qualquer registro de entrada, fosse como visitante, paciente ou por outros motivos, em todo o segundo semestre de 2015. Novamente, nada foi encontrado.
Ligações telefônicas
Apesar da falta de registros de visitas de Teixeira a Costamarques, o Ministério Público Federal diz que encontrou ligações telefônicas realizadas entre eles, no mesmo período da internação. Para os procuradores, isso corrobora o depoimento de Glaucos, a respeito do contato do advogado com o empresário, antes da suposta assinatura dos recibos.
No relatório apresentado pelo MPF, consta que os dois podem ter se falado pelo menos 12 vezes no período da internação. Os procuradores, porém, não explicam a suposta contradição entre a visita alegada por Costamarques e a falta de registros no hospital.
Outro lado
A defesa de Lula diz que os procuradores da Lava Jato estão tentando mudar a versão dos fatos. Para eles, a apresentação do relatório com as ligações telefônicas tem como objetivo justificar a história apresentada por Costamarques. "A Lava Jato muda os fatos para acusar o ex-Presidente Lula à medida em que vai sendo desmentida", dizem.
Fonte: G1
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