Dois homens foram presos, na manhã desta sexta-feira (20), pelas mortes das duas meninas encontradas dentro de um carro em São Miguel Paulista, Zona Leste de São Paulo, na semana passada. Os dois chegaram a ser torturados, no domingo (15), por moradores que suspeitavam do envolvimento deles no crime. Eles foram liberados pela polícia e negaram o crime.
Segundo a polícia, Marcelo Pereira de Souza confessou o envolvimento no crime. Everaldo Jesus Santos também teria participação. Um deles já cumpriu pena por estupro. Foi decretada prisão temporária pela morte.
Polícia aguarda exames para determinar se as crianças sofreram abusos sexuais.
Beatriz Moreira dos Santos e Adrielly Mel Severo Porto sumiram no dia 24 de setembro (Foto: Reprodução/TV Globo)
Tortura
Os dois homens foram encontrados, na segunda-feira (16), machucados e amarrados em um barraco no Jardim Queralux, na Zona Leste, suspeitos de envolvimento na morte das duas meninas encontradas mortas dentro de uma caminhonete.
A polícia esteve no local, após receber uma denúncia. Os homens chegaram a dizer que foram torturados por pessoas que achavam que eles teriam participado da morte das meninas. Um deles, de 37 anos, já cumpriu pena por estupro.
Os dois disseram para a polícia que foram pegos por homens que estavam em um carro vermelho, no fim da tarde de domingo (15), e que foram torturados para confessar que mataram as meninas, mas negaram.
Homens teriam sido torturados por suspeita de participação em crime (Foto: Reprodução/TV Globo)
Enterro
Os corpos das meninas chegaram no Cemitério da Saúde, na Zona Leste, por volta das 10h30, e tiveram uma cerimônia. O enterro deve acontecer ainda nesta sexta-feira.
A polícia confirmou nesta quinta a certeza que os pais já tinham: os corpos encontrados no carro na semana passada são das duas crianças que estavam desaparecidas desde o dia 24 de setembro. A policia disse que os corpos encontrados estavam sem parte das roupas.
Mais de cem impressões digitais foram colhidas dentro do veiculo. Os peritos também encontraram um preservativo fechado. Os resultados dos exames são essenciais para a investigação.
A certidão de óbito entregue hoje para os pais das meninas aponta como causa da morte indeterminada, já que os laudos que vão apontar como elas morreram ainda não ficaram prontos.
O pai de Adrielli espera que a investigação esclareça o que aconteceu com as crianças. “Eu acredito que quando chegarem os laudos vamos saber quem são os envolvidos e os culpados. Se for para dizer aleatoriamente, sem respaldo, é melhor não falar", disse o pai de Mel.
As meninas serão enterradas no Cemitério da Saudade, em São Miguel Paulista, nesta sexta-feira (20).
Corpos de meninas encontradas em carro chegam no Cemitério da Saúde (Foto: Reprodução/TV Globo)
O caso
A polícia foi acionada por moradores do Jardim Lapena no dia 12 de outubro. Como era dia das crianças, os vizinhos tinham fechado parte da Rua Call para fazer um churrasco e sentiram um cheiro muito forte vindo de um terreno que estava fechado com placas de alumínio.
Um vizinho pulou o muro e encontrou a Fiorino branca com os dois corpos dentro.
Mesmo antes da conclusão do IML, contudo, os vizinhos já desconfiavam que se tratavam de Bia e Mel. Elas desapareceram no dia 24 de setembro, quando brincavam em frente de casa, cerca 150 metros do local onde fos corpos foram encontrados.
Também antes do anúncio de identificação, as mães das crianças estiveram no IML e reconheceram as roupas que as filhas vestiam no dia do desaparecimento. O chinelo de uma das meninas também foi reconhecido.
Investigação
Apesar do estado dos corpos, a polícia vai tentar identificar se as meninas foram alvo de violência sexual. Segundo a delegada Ana Lucia Lopes Miranda, do DHPP, os vizinhos relatam que não houve nenhuma anormalidade naquele dia.
Uma das meninas estava sem a parte de baixo da roupa. A polícia também analisa as impressões digitais em uma embalagem de preservativo fechado encontrado dentro do furgão. Foram colhidas mais de 100 digitais no veículo periciado.
Também estão sendo analisadas as impressões digitais em um rádio comunicador que estava dentro do veículo.
Além da possibilidade de duplo assassinato, a polícia trabalha a hipótese de acidente. Para a delegada, as meninas podem, por exemplo, ter entrado no veículo para brincar e, em razão de o carro ter uma tranca interna de difícil acesso, ter ficado presas.
"Por enquanto não dá para dizer se foi um crime, se foi acidente. Depende dos laudos para definir o que aconteceu", disse Ana Lucia Lopes Miranda, do DHPP.
O carro é produto de roubo em Guarulhos. O chassi e o número de motor remetem a um veículo que foi roubado na área do 53º Distrito Policial - Parque do Carmo.
O veículo foi levado para o pátio da delegacia do bairro. O DHPP ainda procura identificar o dono do automóvel, que foi roubado este ano. Um rádio comunicador, que foi recolhido para a análise das digitais, e uma touca preta foram apreendidas na Fiorino.
Os investigadores já sabem que um pedaço de madeira travava a porta do baú do veículo e um outro pedaço impedia que a porta do motorista fosse aberta.
Até o momento não há suspeitos. O governo de São Paulo oferece R$ 50 mil de recompensa para quem tiver informações que possam ajudar a polícia a identificar possíveis envolvidos na morte das meninas. As denúncias podem ser feitas pela internet no site de denúncias ou diretamente com os policiais que investigam o caso.
Fonte: G1
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