Polícia Civil descobriu um golpe que pode ter lesado centenas de pessoas que colocaram carros à venda na internet no Rio Grande do Sul. Cinco suspeitos foram indiciados por estelionato e organização criminosa no inquérito remetido à Justiça, nesta semana, por usarem cheques clonados ou roubados para enganar as vítimas.
Escutas telefônicas feitas com autorização da Justiça mostram que os falsários debochavam das vítimas que pretendiam enganar.
Revelado nesta quinta-feira (7) pelo RBS Notícias, o golpe foi investigado pela Polícia Civil de Bom Jesus, na Serra, que prendeu três suspeitos e conseguiu que a Justiça decretasse a prisão preventiva de outros dois, considerados foragidos. Eles acessavam anúncios publicados no site OLX e entravam em contato com as vítimas.
"Então eles ligam, notando uma certa ingenuidade, muitas vezes, da vítima. E contam também, muitas vezes, com a ganância das pessoas", afirma o delegado Flademir de Andrade, acrescentando que os falsários chegavam a ofertar aos vendedores valores acima do mercado.
Na hora de enviar o recibo comprovando o depósito do valor negociado, os estelionatários colocavam o dedo sobre a indicação de que o pagamento havia sido feito em cheque, o que induzia as vítimas a crerem que a transação havia sido feita em dinheiro.
Durante as investigações, um suspeito, Adão Dejanir da Silva Oliveira, foi preso em flagrante momentos antes de fechar negócio com um auxiliar administrativo de Bom Jesus. Outros dois, André Luis Lopes, o Boneco, e Carlisson de Araújo, o Paraíba, foram detidos em Vacaria. Permanecem foragidos com prisão preventiva decretada Leonardo da Silva, o Gordo, e Antonio Henrique da Silveira.
Centenas de vítimas podem ter sido lesadas, conforme a polícia. Entre elas, está o funcionário de uma gráfica de Santo Antônio da Patrulha, que decidiu vender o veículo por R$ 35,8 mil para quitar dívidas e pagar uma cirurgia para a esposa. "A reação foi de desespero, eram todas as economias que tinha", lamenta.
Ele descobriu que foi enganado ao notar que o cheque depositado na conta não foi compensado, por ser roubado. Dias depois, soube pela polícia que o veículo estava à venda numa loja da cidade de Ibirubá. A reportagem entrou em contato com a loja, por telefone. Mas o vendedor disse que o automóvel já tinha sido revendido. "Há umas três ou quatro semanas", disse o vendedor.
Para evitar a transferência, uma restrição na documentação do automóvel chegou a ser colocada pelo Detran, a pedido da polícia de Santo Antônio da Patrulha. Mas um delegado da cidade, alegando que a loja adquiriu o carro de boa fé, pediu que o bloqueio fosse removido do sistema.
"Na medida em que foi constatado golpe de estelionato, foi constatado que fui vítima, fui ludibriado, eu acharia que deveriam apreender esse carro, ter uma maneira de apreender e me devolver o meu bem", afirma o funcionário da gráfica.
De acordo com as investigações da polícia de Bom Jesus, a quadrilha debochava das vítimas. Em uma gravação, dois bandidos conversam sobre um idoso com quem pretendiam "negociar". "Véio burro, não tem como não entortar ele", disse Antônio Henrique da Silveira, um dos integrantes do grupo, a um comparsa.
A origem dos cheques usados pelos falsários para enganar as vítimas também é investigada. Uma escuta feita com autorização da Justiça sugere que a fornecedora seria uma mulher de Caxias do Sul, identificada como Verinha. Cada folha seria repassada aos golpistas por até 30 reais.
"Ah, tem mais de mil folhas. Tal de Verinha aqui, que lá na vila tem, entendeu? Uma ela faz 30 pila, se tu pegar mais que uma, ela faz 10, 20 pila. Ela tem mais de mil folhas pra vender", revela a Antônio um homem não identificado.
Fonte: G1
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