A pesca de uma garoupa-verdadeira custou R$25,4 mil reais em multas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) por crime ambiental ao pescador de Paquetá Antonio Carlos Gomes da Silva. Segundo o Ibama, ele publicou uma foto em seu perfil numa rede social, em que mostra o peixe da espécie que está na lista de ameaçadas de extinção. A espécie teria sido pescada na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro.
A partir da denúncia, a equipe de inteligência do Ibama no Pará começou o trabalho de pesquisa e identificação do dono do perfil na rede social. A identificação do infrator ambiental é a etapa mais difícil do processo de investigação, segundo o veterinário especializado em pesca, Leandro Aranha. Leandro é integrante da Operação Selfie, deflagrada para o combate aos crimes ambientais nas redes sociais:
"Essa é a parte mais difícil porque os infratores ambientais se valem do anonimato da internet para tentar fugir da punição. A operação já começa a ter um direcionamento nacional porque as denúncias estão chegando e nós estamos nos articulando com as sedes do Ibama em outros estados", explica Leandro, que descobriu que o infrator era recorrente no crime ambiental e residente na ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro.
Para o especialista, a pesca de mergulho é tida como um troféu para os pescadores. No entanto, essa prática "tem um efeito deletério muito grande por incentivar outras pessoas, ainda mais com as postagens nas redes sociais que naturalizam esse comportamento".
"O combate a este tipo de divulgação é extremamente necessário uma vez que gera uma sensação de impunidade e transforma um crime ambiental em um feito público. Os comentários demonstram que várias outras pessoas se sentiram estimuladas a cometer a mesma infração", lamentou.
Pesca ilegal
O Ministério do Meio Ambiente (MMA) é o responsável pela política nacional relativa ao meio ambiente e, através da Portaria MMA 445/2014, determina a Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção, caracterizando cada uma como Extintas na Natureza (EW), Criticamente em Perigo (CR), Em Perigo (EN) ou Vulnerável (VU). Segundo o MMA, a lista tem previsão se ser atualizada em 2018.
A pesca da garoupa é proibida pela Portaria 445/14. No entanto, o último relatório da Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (FIPERJ) de 2015 aponta para a pesca de um total de 2.993 kg de garoupas no litoral do Estado.
Na análise de Leandro, as estatísticas revelam problemas garves na fiscalização e proteção de espécies ameaçadas:
"Qualquer diminuição de estoque de grupo de espécias ameaçadas pode ocasionar um desequilibrio enorme no meio ambiente, muitos peixes, aves se alimentam de outros. As garoupas, por exemplo, se reproduzem lentamente, então, esse número represneta um declínio de população muito grande", explica e comenta a dificuldade no controle da prática: "Muitos dos peixes ameçados de extinção ficam em covas e são muito pescados por mergulhadores, ou mesmo por pesca de arrasto, com grandes redes, ou de forma artesanal, o que dificulta muito o nosso controle".
Fonte: G1
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