Uma parte do avião, o Boeing 737-200 da Lufthansa, que estava desde 2009 no terminal do Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza deixou na noite desta quinta-feira (21) a capital cearense para Friedrichshafen, Alemanha.
O cargueiro russo Ilyushin IL-76 decolou por volta das 22 horas. Os trabalhos iniciaram às 8 horas e finalizados no fim da tarde às 17 horas. Um outro pedaço da aeronave deixará Pinto Martins com mais peças do avião alemão nesta sexta-feira (22) no fim da tarde.
Outra parte do Boeing da Lufthansa retorna à Alemanha nesta sexta-feira, transportado aos pedaços em avião russo. (Foto: Marcuss Martins)
Relíquia alemã
O avião alemão ficou em um “cemitério” de aeronaves no Aeroporto Pinto Martins, em Fortaleza, por quase dez anos. O Boeing pertencia a empresa Lufthansa e foi sequestrado por terroristas há 40 anos. Cerca de 15 técnicos alemães da Lufthansa Tecnik, participaram do desmonte do Boeing 737-200, o Landshut, como é conhecido na Alemanha.
O avião havia sido comprado pela TAF Linhas Aéreas SA e, por causa de pendências judiciais, ficou parado no aeroporto. De acordo com a Justiça Federal do Ceará, a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) e a TAF assinaram acordo, no dia 24 de maio deste ano, com a República Federal da Alemanha (RFA) para ceder o Boeing ao país alemão.
De acordo com Hans-Jürgen Fiege, cônsul honorário da Alemanha em Fortaleza, o Landshut será remontado e deverá ser levado para a cidade de Friedrichshafen, no sul do país, onde ficará exposto no Museu Aeroespacial Dornier, localizado às margens do Lago Constança, situado na fronteira da Alemanha com a Áustria e a Suíça.
O 40° aniversário do que ficou conhecido como Outono Alemão – período que marcou o auge da luta entre o Estado alemão e o terrorismo de extrema esquerda e do qual o Landshut se tornou símbolo – fez com o governo alemão se interessasse pelo retorno da aeronave ao país.
“Foi um período de grande tensão na Alemanha, como inúmeros atentados e sequestros, onde o sistema político e democrático da Alemanha era questionado. Com o fim do sequestro do avião, que durou uma semana, a democracia saiu fortalecida e a ação dos terroristas perdeu força entre a população. Os sequestradores pediam a libertação de companheiros presos na Alemanha. O governo não cedeu e, em uma ação policial militar, conseguiu resgatar os 90 passageiros que estavam à bordo”, explica o cônsul.
Outono Alemão
O Boeing 737-200, da Lufthansa, foi sequestrado no dia 13 de outubro de 1977, trinta minutos depois de deixar o aeroporto de Palma de Mallorca, na Espanha, em direção a Frankfurt, na Alemanha, com mais de 90 pessoas a bordo. Ao entrar no espaço aéreo francês, os quatro extremistas - armados com pistolas e granadas - anunciaram o sequestro e deram início à jornada de 106 horas que terminaria apenas na Somália. para liberar os reféns, pedia a libertação de membros presos na Alemanha.
Para libertar os passageiros, o grupo exigia que o governo alemão soltasse integrantes da Fração do Exército Vermelho (RAF) - também chamado de Baader Meinhof - presos na Alemanha. O Governo alemão recusou a proposta dos sequestrados e montou uma operação de resgate. Antes de pousar em Mogadíscio, na Somália, onde o sequestro terminou, o avião fez paradas para reabastecer em Roma, na Itália; Lárnaca, no Chipre; Bahrein, no Golfo Pérsico; Dubai, nos Emirados Árabes; e Áden, no Iémen.
Três dias do início do sequestro – em 16 de outubro - o piloto da aeronave foi assassinado em frente aos passageiros, e o copiloto foi obrigado a continuar sozinho a jornada. Na capital somali, uma operação das forças especiais da polícia federal da Alemanha conseguiu libertar a aeronave. Era a madrugada do dia 18 de outubro de 1977.
Três dos quatros sequestradores foram mortos na operação. Depois do fracasso da ação terrorista, Andreas Baader, Jan-Carl Raspe e Gudrun Ensslin, membros destacados da RAF, cometeram suicídio coletivo na prisão. Outra integrante da organização, Irmgard Möller, foi encontrada ferida com quatro facadas.
Após o sequestro, a aeronave continuou transportando passageiros da Lufthansa até ser vendida pela empresa alemã em 1985. O Landshut teve vários proprietários e passou a levar cargas. Até 2008, ele voou pela TAF, de Fortaleza. Devido a pendências judiciais da empresa, o avião foi penhorado e há nove anos estava parado no Aeroporto Internacional Pinto Martins, na capital cearense.
Fonte: G1
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