José Batista Sobrinho, fundador da JBS e pai de Wesley e Joesley Batista, foi escolhido por unanimidade pelo conselho de administração da empresa como novo presidente. A reunião ocorreu neste sábado (16) e foi comunicada neste domingo pela JBS.
A troca de comando ocorre após a prisão de Wesley, então presidente da empresa, na semana passada. Segundo comunicado da JBS, Batista Sobrinho vai completar o mandato em curso.
A decisão fortalece a presença da família Batista na empresa e contraria pedido do segundo maior acionista da companhia, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de afastar os Batista do comando a JBS.
Batista Sobrinho criou a empresa em 1953 como um pequeno açougue em Anápolis (GO) e foi seu primeiro presidente. Ele passou o comando dos negócios a seus filhos, mas se manteve como membro do conselho de administração da companhia.
"Fico orgulhoso de reassumir a empresa que fundei", afirma José Batista Sobrinho, no comunicado da JBS.
O conselho de administração aprovou também a criação de um "Time Global de Liderança", uma espécie de comitê executivo para assessorar o presidente na tomada de decisões. Esse time terá como os seguintes membros:
Gilberto Tomazoni, presidente global de operações;
André Nogueira, presidente da JBS nos EUA;
Wesley Batista Filho, presidente da divisão de carne bovina da JBS EUA - é filho de Wesley Batista.
Os conselheiros da empresa concordaram que a companhia terá que buscar um novo diretor financeiro para a JBS.
“Neste importante momento da empresa, a maior prioridade definida pelo Conselho de Administração é garantir o sucesso do negócio e a prosperidade dos colaboradores, acionistas e todos os stakeholders”, afirma Tarek Farahat, presidente do Conselho de Administração da JBS. Farahat assumiu a presidência do conselho após a renúncia de Joesley ao cargo em maio.
Prisão dos Batista
Wesley Batista, um dos donos da J&F; e diretor presidente da JBS deixa a sede da Polícia Federal, para ir prestar depoimento na Justiça Federal, após ser preso na Operação Tendão de Aquiles, em São Paulo, nesta quarta-feira (13) (Foto: Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo)
A troca do presidente da JBS ganhou caráter de urgência após a prisão de Wesley Batista na última quarta-feira pela Polícia Federal. Até então, ele estava à frente da JBS, que é a maior empresa do setor de carnes do mundo.
A prisão de Wesley ocorre em um momento em que a JBS está executando um plano de venda de ativos de R$ 6 bilhões. A companhia também está em negociação com bancos credores para alongar sua dívida.
Ele foi acusado de uso de informações privilegiadas para lucrar no mercado financeiro. A JBS fez operações no mercado de câmbio e ações entre abril e 17 maio de 2017, data de divulgação de informações relacionadas ao acordo de colaboração premiada firmado entre executivos da J&F e a Procuradoria Geral da República (PGR). No dia seguinte à divulgação, o dólar disparou 8%.
O irmão Joesley Batista também foi alvo de mandato de prisão preventiva expedido pela Justiça Federal no mesmo dia, mas já estava preso desde o domingo (10), por outra acusação. O relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, acolheu o pedido de prisão temporária por conta de indícios de que Joesley tenha omitido informações na delação feita à PGR – o que anularia o acordo que lhe garante imunidade.
Disputa entre família Batista e BNDES
Desde que os irmãos Joesley e Wesley Batista confessaram sua participação em esquemas de corrução em seus depoimentos no acordo de delação premiada, o BNDES tenta afastá-los do comando da JBS.
O BNDES é o segundo maior acionista da JBS, com participação de 21,3% no capital total da empresa por meio do seu braço de participações, o BNDESPar. A FB Capital, empresa que reúne os negócios da família Batista, detém 42% da empresa.
O banco de fomento informou em agosto que iria defender em assembleia de acionistas que a JBS abra um processo de responsabilidade contra os irmãos Wesley e Joesley Batista e outros ex-executivos da empresa por prejuízos causados à companhia. O banco também pedia a saída de Wesley Batista da presidência executiva da companhia.
A assembleia de acionistas estava marcada para o último dia 1º, mas foi suspensa pela Justiça. O BNDES tinha conseguido uma liminar que impedia que a família Batista votasse na assembleia, mas os irmãos Batista conseguiram suspender a assembleia por 15 dias.
Após a prisão de Wesley Batista, o BNDES voltou a defender a troca de comando na JBS. Na última quarta-feira (13), o banco defendeu a abertura de um processo de seletivo para a escolha do novo presidente "em caráter definitivo para a JBS".
"Qualquer que seja o desenrolar destes fatos, contribuiria para o melhor interesse da companhia, e para a sua preservação e sustentação, o início de uma renovação de seus quadros estatutários", disse o banco estatal.
Fonte: G1
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