Mais uma mulher procurou o Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo para denunciar o preparador físico Nuno Cobra, de 79 anos, por abuso sexual. Esta seria a terceira vítima a denunciar o preparador físico, condenado no último dia 6 de setembro por abuso sexual mediante fraude pela Justiça Federal em São Paulo, referente a um caso ocorrido durante um voo em 2015.
Cobra ficou famoso após começar a cuidar da preparação física do piloto Ayrton Senna, em 1983. O preparador está preso em uma cela isolada na Superintendência da Polícia Federal em São Paulo desde segunda-feira (11), após ter a prisão preventiva decretada pela juíza federal Raecler Baldresca devido à denúncia de um segundo caso envolvendo Nuno.
No início de setembro, uma jornalista de São Paulo já havia procurado o MPF para denunciar uma suspeita de abuso ocorrida em 24 de agosto deste ano. A jovem disse ter sido molestada pelo preparador durante uma entrevista em uma rádio em São Paulo.
A defesa de Nuno diz que, em relação ao primeiro caso, não há provas, e que, sobre o segundo caso, da jornalista, tratou-se de um "mal entendido", já que o preparador físico é "expansivo" e sempre se dedicou à saúde. Sobre a nova denúncia, Sergei Arbex, o advogado de Nuno Cobra afirmou que iria se informar para se posicionar.
A suposta terceira vítima de Nuno é uma bióloga, que decidiu procurar o Ministério Público para relatar o que sofreu após ver a repercussão dos casos na imprensa. Em seu perfil pessoal no Twitter, a jovem postou duas mensagens comentando a prisão do preparador físico.
"Tremendo. Ele me assediou na feira do livro em rp em 2013. Eu denuncei e me mandaram embora da fundação pois era minha palavra contra dele", afirmou ela em post em 11 de setembro. Em outra postagem, no mesmo dia, a vítima diz: "Nuno Cobra em 2013 passou a mão na minha coxa enquanto eu acompanhava ele até o palco na feira do livro. Fiz denúncia e me mandaram embora".
Bióloga postou no Twitter denúncia de assédio ocorrida em 2013 e relatou caso ao MPF nesta semana (Foto: Twitter/reprodução)
O depoimento da bióloga sobre o caso, ocorrido em 2013 durante uma Bienal, ocorreu na terça-feira (12) no Ministério Público Federal e será remetido à juíza Raecler para ser anexado ao processo contra Nuno que tramita na Justiça Federal. Sobre o caso da jornalista, a denúncia será remetida pelo MPF ao Ministério Público do Estado de São Paulo, pedindo a abertura de um inquérito para apurar o caso.
A reportagem do G1 enviou mensagem para a bióloga, e aguarda retorno.
Defesa alega inocência
A defesa do preparador físico ingressou no Tribunal Regional Federal da 3ª Região, em São Paulo, com um pedido de habeas corpus, que ainda será avaliado por um desembargador da Corte.
“Já entrei com um habeas corpus para combater a prisão, pois são casos diferentes, sendo que este segundo não existe nem processo ainda. Ele é um homem de 80 anos que teve a vida inteira dedicada à saúde, sempre foi uma pessoa expansiva. Ele faz palestras, pula nas pessoas, abraça, e nunca teve nem um processo, nem uma agressão, nada. Para mim, houve um mal entendido”, disse o advogado.
A prisão na segunda-feira ocorreu porque o preparador físico já era réu em outro caso de abuso sexual, ocorrido em um avião em 2015, quando Cobra vinha de Curitiba, no Paraná, para São Paulo. Na ocasião, o preparador teria tocado os seios e as pernas de uma mulher durante a decolagem da aeronave. Por este caso, agora, devido à nova ocorrência, ele foi condenado em 6 de setembro por violação sexual mediante fraude - o ato libidinoso que se utiliza de meios em que a vítima não consegue se defender.
A juíza federal Raecler Baldresca, da 3ª Vara Federal Criminal de São Paulo, autora da decisão que mandou prender Cobra, manifestou-se sobre os dois casos na mesma sentença. Referindo-se ao caso de 2015, a magistrada condenou Cobra a três anos e nove meses de prisão, em regime inicial aberto, a qual foi substituída por prestação de serviços à comunidade e multa. Como houve a denúncia de um novo caso, ocorrido em agosto deste ano, a juíza, na mesma sentença, determinou a prisão preventiva de Cobra.
Reincidência
A juíza entendeu que Nuno prestou depoimento sobre o primeiro caso em 14 de junho deste ano e teria reiterado o ato em 24 de agosto, quando aconteceu a situação envolvendo a jornalista de uma rádio. A decisão de Baldaresca foi mantida por outra magistrada, a juíza Bárbara Iseppi, que realizou a audiência de custódia de Nuno Cobra logo após ele ser preso na segunda-feira. Esta magistrada também negou pedido da defesa para responder em liberdade.
Para a defesa, houve erro da magistrada ao determinar a prisão preventiva na mesma decisão que o condenou. “Na mesma sentença em que converteu a condenação para a pena restritiva de direitos, com a prestação de serviços à comunidade, a magistrada condenou à prisão preventiva porque teve o conhecimento de outro caso. Não existe esta figura jurídica. O primeiro caso nem transitou em julgado, já que vamos recorrer da decisão”, argumenta o advogado.
Fonte: G1
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