Naufrágio no Rio Xingu deixou 30 pessoas mortas (Foto: Paulo Vieira/Arquivo Pessoal)
A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) informou na tarde deste sábado (26), que na próxima segunda-feira (28) a Polícia Civil deve indiciar Alcimar Almeida da Silva, proprietário da Almeida & Ribeiro Ltda, empresa dona da embarcação “Capitão Ribeiro” que naufragou no Rio Xingu, no município de Porto de Moz, sudoeste do Pará na terça-feira (22).
De acordo com a Segup o empresário deve ser responsabilizado pelas mortes dos 23 passageiros de um total de 53, computados pela Defesa Civil do Estado.
Ele deve ser indiciado com base no artigo 261 do Código Penal Brasileiro (CPB). De acordo com a lei “Expor a perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia, ou praticar qualquer ato tendente a impedir ou dificultar navegação marítima, fluvial ou aérea”. A pena prevista é a reclusão, de dois a cinco anos.
Depoimentos
Na tarde deste sábado (26) o delegado Elcio de Deus terminou o dia colhendo o 19º depoimento dos sobreviventes. Segundo o delegado na segunda-feira (28) o empresário será convocado a prestar novas informações referentes ao inquérito. O proprietário já está obrigado a posicionar a embarcação para ser submetida ao trabalho de perícia científica.
Sobre o possível enquadramento do empresário no crime de homicídio com eventual dolo, o delegado disse que ainda está analisando todas as informações, seja dos depoimentos e da perícia da embarcação. “Estamos analisando as informações para ver o melhor caminho que o inquérito irá levar”, disse o delegado.
Ainda referentes ao depoimento de Alcimar Almeida, cerca de 50 passageiros estariam embarcados, sendo 36 adultos, seis crianças e oito funcionários que constituíam a tripulação. Um deles, o comandante do Capitão Ribeiro (navio), acabou morrendo afogado. Alcimar teria dito que 13 bilhetes foram vendidos em Porto de Moz e contabilizando os que pagaram e os que não pagaram o aproximado seria de 20 passageiros. Ele confessou que não tinha autorização de transportar veículos.
Embarcação afunda com dezenas a bordo no Xingu (Foto: Editoria de Arte/G1)
Irregularidades
No dia do naufrágio no Rio Xingu, no Pará, o barco Capitão Ribeiro informou à Marinha do Brasil que levava apenas 2 passageiros. Em depoimento à polícia, o dono da embarcação confirmou que transportava cerca de 50 pessoas naquela terça-feira (22) e que não havia controle de quantas embarcavam em Santarém, no oeste do estado. Alcimar Almeida da Silva afirmou ainda que fez um trajeto muito maior do que o autorizado pela Marinha.
O governo do Pará, que chegou a estimar que 70 pessoas estariam a bordo, trabalha agora com o número de 53 pessoas. A embarcação não podia transportar passageiros, segundo Agência Estadual de Regulação e Controle de Serviços Públicos (Arcon-PA).
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do estado (Segup), o proprietário do barco disse à polícia, nesta quinta-feira (24), que há cerca de 3 anos viaja com autorização da Marinha até o município de Prainha (PA). No entanto, no dia do naufrágio, o barco iria para Vitória do Xingu (PA), num trajeto que é cerca do dobro do autorizado – 380 km a mais. O acidente ocorreu numa área denominada Ponte Grande do Xingu, entre Porto de Moz e Senador Porfírio.
A Marinha informou que toda vez que uma embarcação se desloca deve ser feito um "despacho de saída" comunicando o percurso, sendo que quando a rota é feita com frequência, pode ser emitido um "despacho por período", com prazo máximo de 90 dias. No caso da embarcação Capitão Ribeiro, foi emitido um despacho com prazo até 20 de outubro de 2017 para o trajeto Santarém - Prainha (PA), que é de 170 km.
Confusão de números
Na quarta-feira pela manhã, a Secretaria de Segurança Pública informou que havia 70 pessoas no barco, das quais 25 sobreviveram.
No fim da tarde, a pasta divulgou que, na verdade, havia 15 sobreviventes e que 10 mortos foram resgatados.
Ainda na quarta, o Corpo de Bombeiros informou que o número de resgatados subiu para 19.
Na manhã desta quinta-feira, a secretaria informou que, segundo o dono do barco, havia 48 pessoas na embarcação.
A pasta, porém, informou que trabalhava com o número de 49 pessoas: 10 mortos, 23 sobreviventes e 16 desaparecidos.
Na manhã de quinta o governo informou que 9 corpos foram localizados, elevando o número de vítimas para 19.
Ao final da manhã de quinta, mais dois corpos foram encontrados, totalizando 21 mortos e 23 sobreviventes. No início da noite, a Segup informou que foram localizados 27 sobreviventes e 4 pessoas continuavam desaparecidas.
Na manhã desta sexta-feira foram encontrados mais dois corpos, totalizando 23 vítimas. A Segup trabalha com o número de 52 pessoas, sendo 27 sobreviventes e dois desaparecidos.
Ainda na sexta-feira, mais dois sobreviventes foram encontrados, totalizando 29 pessoas.
Na manhã deste sábado, a Segup informou que um 30º sobrevivente foi identificado. Ele não estava na lista de reclamados, anteriormente mas a partir das informações apuradas foi confirmado ele embarcou em Porto de Moz. Assim a Secretaria passa da trabalhar com o número de 53 pessoas , sendo 30 sobreviventes e 23 vítimas.
Fonte: G1
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