O acidente no Parque Mutirama completa um mês neste sábado (26). Na ocasião, treze pessoas ficaram feridas, sendo que uma mulher segue internada. Entre as pessoas que estavam no Twister está a estudante Beatriz Camargo. A menina foi arremessada do brinquedo e diz que ainda tem pesadelo com a cena.
“Acordo assustada, não consigo ficar em algum lugar sozinha, tenho medo”, disse em entrevista à TV Anhanguera.
A cabeleireira Alessandra Silva, que filmou o momento em que o brinquedo estragou (veja abaixo) afirma que se lembra “toda hora do acidente”. Ela estava com a filha, Ana Clara Silva, que não quer voltar ao parque.
“Pode ser o parque mais novo, que não vou, ficou um trauma”, disse a estudante.
A única vítima que segue internada é Iraci Francisca da Conceição, de 56 anos. Ela está na enfermaria do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). O quadro clínico da paciente é considerado regular, mas ainda não há previsão de alta. De acordo com o hospital, ela já passou por quatro cirurgias para correção de múltiplas fraturas.
De acordo com as pessoas que estavam no brinquedo, elas não receberam qualquer tipo de assistência do município. Para a TV Anhanguera, a assessoria da Prefeitura de Goiânia informou que as vítimas devem começar o tratamento psicológico na próxima semana.
O presidente da Agência Municipal de Turismo, Eventos e Lazer (Agetul), Alexandre Magalhães, responsável pelo Mutirama, havia dito anteriormente que não vê motivos para indenizar as pessoas que ficaram feridas.
Investigação
O acidente aconteceu no dia 26 de julho, enquanto o brinquedo estava em funcionamento. Desde então, a Polícia Civil investiga o caso.
No último dia 18 de agosto, a equipe do 1º Distrito Policial colheu o depoimento de mais duas pessoas. Uma delas é o supervisor de manutenção Rogério Fernandes da Silva. Segundo o delegado Izaías Pinheiro, responsável pelo caso, ele afirmou que analisou o brinquedo no dia do acidente, mas não constatou nenhuma irregularidade.
"Ele disse que fazias as manutenção diária dos brinquedos e que se houvesse algo de errado, o equipamento era isolado para o reparo. No dia em que houve o problema, ele relatou que não havia nada de errado e o Twister foi liberado para funcionar", disse o delegado ao G1.
Bombeiros resgatam feridos em acidente com brinquedo do Parque Mutirama (Foto: Divulgação/ Corpo de Bombeiros)
Pinheiro afirmou que as manutenções, no entanto, "eram superficiais e nunca estruturais". Além disso, o servidor alegou que trabalhava "voluntariamente" no parque, assim como seu superior imediato, o engenheiro mecânico José Alfredo Rosendo Coelho.
Na ocasião, o delegado disse que ainda precisava colher alguns depoimentos e aguarda a confecção de laudos para poder concluir o inquérito. Segundo ele, a cada oitiva, surgem outros indícios e irregularidades, o que torna a investigação mais complicada.
"Ali é uma bagunça, nunca me deparei com um caso tão escabroso como esse em matéria de irresponsabilidade. Um amadorismo total", destaca.
Procurado pelo G1 neste sábado, o delegado não atendeu às ligações para se posicionar sobre o andamento das investigações.
Delegado Izaias Pinheiro ainda investiga o motivo do acidente (Foto: Paula Resende/ G1)
Análise do brinquedo
A Polícia Científica realizou perícia no Twister e analisa o eixo central do brinquedo, que teria se rompido durante o acidente. Conforme os peritos, a peça já apresentava fissuras antes mesmo da queda.
Segundo o diretor do Instituto de Criminalística, Rodrigo Medeiros, a estrutura que sustenta o brinquedo partiu ao meio. Metade das cadeiras bateu no chão, e o restante ficou suspenso.
“Se o eixo estivesse intacto, ele resistiria todo o peso do equipamento, sem dúvidas. E é isto que vai ser avaliado, como ele estava no momento em que houve o rompimento. É um diâmetro de cerca de 16 centímetros. A composição deste material também vai ser avaliada, para saber se ainda tinha resistência para continuar em funcionamento”, disse Medeiros.
O Ministério Público de Goiás (MP-GO) apura se o acidente com o Twister foi provocado por falta de manutenção. A promotora Leila Maria Oliveira esclareceu que depende de laudos periciais para determinar as responsabilidades pelo acidente. Ela destacou ainda que já existe um inquérito que tramita desde julho de 2016 sobre a segurança no local. Por isso, avalia, não será necessário abrir novo procedimento.
A empresa Astri Decorações Temáticas, que reformou o Twister por R$ 172 mil em 2012, relatou à TV Anhanguera que não fez a troca do eixo central do equipamento na época. Conforme laudo da companhia, no ano da obra, a peça da máquina era considerada apta para operar após testes.
O presidente da Agência Municipal de Turismo, Eventos e Lazer (Agetul), Alexandre Magalhães, responsável pelo Mutirama, afirmou que não vê motivos para indenizar as vítimas do acidente.
Peritos retiraram o eixo do Twister do Parque Mutirama para analisá-lo (Foto: Thais Luquese/ TV Anhanguera)
Fonte: G1
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