A Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária de Goiás (SSPAP) reforçou nesta terça-feira (4) que o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) não furou a fila por tornozeleira eletrônica no estado. Além disso, segundo o governo, não há falta do equipamento em Goiás.
"O Estado cedeu o equipamento atendendo a uma solicitação do Departamento Nacional Penitenciário. É uma determinação judicial. Não compete a nós analisarmos se essa decisão foi acertada ou não", afirmou o coronel Victor Dragalzew, superintendente de administração penitenciária da SSPAP.
Ele ponderou que o Estado poderia ter recusado o pedido, mas avaliou a postura como 'inadequada'. "Temos uma ligação muito próxima ao Depen e praticamente todos os convênios com a União passam pelo Depen. Eu penso que havendo essa parceria, não seria adequado fazer uma negativa de uma tornozeleira", alegou.
A declaração foi feita após o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) instaurar, na segunda-feira (3), um inquérito para apurar se Rocha Loures foi privilegiado ao receber tornozeleira eletrônica. O equipamento foi cedido pela SSPAP no último sábado (1).
O promotor de Justiça Fernando Krebs, responsável pelo inquérito, quer saber de onde, em Goiás, veio a ordem para liberar o equipamento, já que, segundo ele, faltam aparelhos para os presos do estado. Responsável pelos assuntos relacionados à Segurança Pública, o promotor Marcelo Celestino informou que 18 comarcas de Goiás têm pedidos do equipamento à SSPAP.
Victor Dragalzew, superintendente de administração penitenciária em Goiás (Foto: Vanessa Martins/ G1)
Apesar da afirmação dos promotores, Dragalzew afirma que há 957 pessoas monitoradas no estado e o convênio permite que sejam usados até 1.855 equipamentos. Cada tornozeleira custa R$ 283 por mês aos cofres públicos.
Em relação às comarcas, o superintendente disse que a SSPAP presta serviço de monitoração para 19 comarcas e, em outras 18, o serviço será implementado em breve. Dragalzew justifica que o equipamento é delicado, exige manutenção e capacitação de pessoal.
"Nós estamos atendendo a todas as determinações judiciais. Existem realmente os entraves técnicos, são poucas empresas que fazem esse tipo de serviço e existe necessidade de manutenção do equipamento. Talvez seja por isso o entendimento de que tem uma fila no estado, mas não existe essa fila, não existe essa possibilidade de furar dessa fila", garantiu.
Anteriormente, a Superintedência de Administração Penitenciária já havia informado, por meio de nota, que “Goiás e DF trabalham em parceria em diversas circunstâncias e, sempre que é preciso, cooperam entre si”. Além disso, o órgão informou que "está em curso processo de licitação para adquirir mais 5 mil tornozeleiras eletrônicas".
Prisão de Loures
Rocha Loures estava preso desde o dia 3 de junho, quando foi flagrado pela PF recebendo uma mala, em São Paulo, com R$ 500 mil que, segundo delatores da JBS, eram dinheiro de propina. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Edson Fachin mandou soltá-lo, mediante o monitoramento, mas a Polícia Federal disse não ter o dispositivo disponível, por isso, a tornozeleira foi cedida por Goiás.
Após Rocha Loures deixar a Polícia Federal, o advogado dele, Cezar Bitencourt, avaliou à TV Globo que "foi feita justiça" porque, na visão da defesa, não havia necessidade da prisão.
Pela decisão do ministro Edson Fachin, Rocha Loures:
Deverá permanecer em casa à noite (das 20h às 6h), nos finais de semana e em feriados, fiscalizado por monitoramento eletrônico (tornozeleira);
Não poderá ter contato com qualquer investigado, réu ou testemunha relacionados aos atos pelos quais responde;
Está proibido de deixar o país e deverá entregar o passaporte;
Terá de comparecer em juízo sempre que requisitado para informar e justificar suas atividades, mantendo informado o endereço no qual poderá ser encontrado;
Decisão
Na decisão que mandou soltar Rocha Loures, o ministro Fachin considerou que não há risco de "reiteração delitiva" por parte do ex-deputado "em face do transcurso de lapso temporal e das alterações no panorama processual".
Fachin também levou em conta decisão da Primeira Turma do STF que substituiu a prisão preventiva de familiares do senador Aécio Neves (PSDB-MG) por medidas alternativas.
"Não sucumbindo por completo os fatos que deram ensejo à decretação da medida extrema [prisão], torna-se imperiosa a sua substituição por medidas cautelares alternativas, nos termos do art. 282, § 6º, do Código de Processo Penal, as quais, neste momento, mostram-se suficientes à garantia da ordem pública", escreveu o ministro.
O que dizem os denunciados
Antes mesmo de Rocha Loures ser preso, o advogado dele enviou uma manifestação ao Supremo na qual disse que o pedido de prisão, apresentado pela Procuradoria Geral da República, tinha como objetivo "forçar a delação" do cliente.
Após ser denunciado, nesta semana, o presidente Michel Temer fez um pronunciamento no qual se disse "vítima de infâmia de natureza política"; cobrou provas "robustas"; e declarou que a denúncia do MPF é uma "peça de ficção".
Temer também divulgou, nesta sexta (30), um vídeo nas redes sociais no qual afirmou, sem citar nomes, que "alguns" querem parar o país, mas "não conseguirão".
Fonte: G1
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