No comando de quatro pastas na Esplanada dos Ministérios, o PSDB se articula internamente para desembarcar do governo Michel Temer. Em entrevista à TV Globo, o presidente em exercício do partido, senador Tasso Jereissati (CE), afirmou que, nos últimos dias, a sigla "está evoluindo naturalmente para a saída do governo".
Atualmente, o PSDB está à frente dos ministérios das Relações Exteriores, das Cidades, da Secretaria de Governo (articulação política) e Direitos Humanos.
O dirigente tucano ressaltou que, se a sigla vier a entregar os ministérios que ocupa na gestão do peemedebista, o PSDB não irá fazer oposição a Temer. Segundo Tasso, a articulação para que a legenda deixe o governo federal tem ocorrido "sem nenhuma imposição" dos caciques tucanos.
"Eu diria que, nos últimos dias, o partido, sem nenhuma imposição de lideranças, está evoluindo naturalmente para a saída do governo. Não para fazer oposição ao governo Temer, mas para não participar mais do governo", disse o presidente em exercício.
Tasso Jereissati assumiu interinamente o comando do PSDB em maio, quando o presidente efetivo, senador Aécio Neves (MG), foi afastado das atividades parlamentares por ordem do ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).
O senador mineiro é acusado pela Procuradoria Geral da República (PGR) de ter pedido R$ 2 milhões em propina ao empresário Joesley Batista, um dos delatores da Lava Jato. Ele nega os crimes e diz que foi condenado sem chance de defesa.
Apesar de Aécio ter retomado as atividades parlamentares nesta semana com autorização do ministro Marco Aurélio Mello, do STF, Tasso Jereissati ainda continua interinamente no comando do PSDB.
Nos últimos dias, aumentou a pressão interna para que o partido desembarque do governo. Os parlamentares mais jovens da sigla – chamados dentro do PSDB de "cabeças pretas" – intensificaram as reivindicações para que a legenda entregue os cargos que ocupa na administração federal.
No entanto, parte dos tucanos mais experientes – que são conhecidos internamente como "cabeças brancas" – ainda resiste em desembarcar da Esplanada dos Ministérios, especialmente Aécio Neves.
Na última segunda-feira (3), em uma reunião com Tasso Jereissati, o senador de Minas Gerais se desentendeu com o presidente em exercício do PSDB, que passou recentemente a defender que a sigla abandone a base apoio a Michel Temer. Aécio defende que o partido continue sustentando policamente a gestão do peemedebista.
Destituição de Aécio
Segundo o colunista do G1 e da GloboNews Gérson Camarotti, também tem crescido nos últimos dias o movimento dentro do PSDB para pressionar Aécio a deixar definitivamente a presidência do partido.
Ainda de acordo com o colunista, a resistência ao nome de Aécio ocorre porque, para alguns integrantes da sigla, tem causado mal-estar o protagonismo do senador à frente da legenda mesmo após ele ter sido citado nas delações da JBS. Esses tucanos acham que, se Aécio voltar à presidência, a imagem do partido pode ser arranhada.
Fiador de Temer
O PSDB é a principal legenda de sustentação do governo Temer depois do PMDB, partido do presidente da República. Sem o apoio dos deputados tucanos, o chefe do Executivo federal corre o risco de não conseguir os votos suficientes para se manter no comando do Palácio do Planalto.
A Câmara começou a analisar nesta semana a denúncia apresentada ao Supremo pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente da República por corrupção passiva. Para que os ministros do STF possam analisar se aceitam ou não a denúncia, os deputados federais têm que autorizar, em plenário, a continuidade da acusação.
Para que a denúncia siga adiante, pelo menos, 342 deputados têm que votar a favor de a acusação ser analisada pela mais alta corte do país.
A defesa de Temer diz que o presidente não cometeu crime e que a denúncia é baseada em suposições.
Fonte: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!