Os exames feitos pelo Instituto Pasteur, de São Paulo, confirmam que a raiva humana é a causa da morte de uma dona de pet shop do Recife, ocorrida na noite de quinta-feira (29), no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), na área central da capital pernambucana. A informação foi repassada ao G1, nesta segunda-feira (3), pela diretora da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de Doenças Infecciosas do centro hospitalar, Ana Flávia Campos, que acompanhou o caso de Adriana Vicente da Silva, de 36 anos.
Desde 2004, não havia registro de raiva canina ou felina no Recife. O último caso da doença em humanos na capital tinha sido notificado em 1998. Em Pernambuco, o registro anterior foi de um garoto, diagnosticado com a doença em 2008. Morador de Floresta, no Sertão, ele levou uma mordida de um morcego. O adolescente sobreviveu e o caso se tornou a primeira ocorrência de cura de raiva humana no Brasil.
De acordo com a médica Ana Flávia Campos, no caso de Adriana Vicente da Silva foram enviadas ao instituto amostras de saliva, sangue, líquido encéfalo-raquidiano e pele. “Podemos afirmar que os testes confirmam que a raiva humana foi a causa da morte da paciente”, disse.
Campos ressalta que os testes mostraram, ainda, que a vítima foi infectada por uma variante do vírus da raiva comum em morcegos. “Podemos entender que o morcego infectou o gato, que transmitiu a doença para a mulher”, observou a médica.
O laudo ficou pronto no sábado (1º). No entanto, os médicos que cuidaram da paciente só tiveram acesso aos resultados na manhã desta segunda.
Entenda o caso
Em 26 de abril, a vítima havia sido agredida por um gato na mama direita, mas não tinha procurado nenhuma unidade de saúde. No dia 18 de junho, apresentando sintomas, ela foi internada no Hospital Agamenon Magalhães, no bairro de Casa Amarela, na Zona Norte do Recife.
Com o agravamento do quadro, ela foi transferida para o Huoc na segunda (26). Desde então, os médicos da unidade passaram a investigar se a paciente havia contraído raiva humana.
Raiva em humanos
A raiva é uma doença de origem viral transmitida, em geral, por mordidas de animais, arranhão ou mesmo lambida. Uma vez mordidas, as pessoas devem tomar vacina e soro logo após o incidente que teria ocasionado a transmissão do vírus. Mas, quando esse sistema não é bem aplicado ou o paciente não toma as vacinas, a doença se desenvolve, causando inflamações no cérebro e na medula. Quando isso acontece, a maioria dos pacientes não sobrevive.
Medidas
Antes da confirmação da morte por raiva humana, a Secretaria de Saúde do Recife informou que deu início a um protocolo do Ministério da Saúde de bloqueio vacinal para evitar a transmissão da possível doença por animais em Santo Amaro, bairro na área central da capital pernambucana em que residia a vítima.
Iniciada na quarta-feira (28), a ação consistiu na vacinação de cães e gatos em cada domicílio, na captura de morcegos em áreas de risco e na orientação a donos de animais sobre o que fazer em caso de acidentes com os bichos. Até o fim da tarde da quinta (29), foram visitados 4,9 mil imóveis.
Bahia
Um homem de 46 anos, que morava na zona rural da cidade baiana de Paramirim, morreu com quadro de raiva humana após ser mordido por um morcego. A morte ocorreu na segunda-feira (6). Este é o primeiro caso de raiva humana desde 2004, na Bahia.
De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado, o contágio aconteceu quando o homem ordenhava uma vaca e, acidentalmente, pisou em um morcego, que mordeu o pé dele.
Fonte: G1
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