terça-feira, julho 04, 2017

Arsenal é roubado de base militar em Portugal

Paraquedistas portugueses na base de Tancos, em 2015 (Foto: Jonathan Barrette, Canadian Forces Combat Camera/Flickr/Divulgação)

Granadas, lança-granadas, munições calibre 9 mm, explosivos e outros materiais de guerra desapareceram da base militar portuguesa de Tancos, perto de Fátima. A informação do roubo foi divulgada pelo Exército português na última quinta-feira (29), mas sem dar detalhes sobre as armas furtadas. Nesta segunda-feira (3), a imprensa espanhola revelou uma lista dos equipamentos militares furtados da base.
O Exército português informou que a violação do perímetro de segurança da base de Tancos foi detectada na noite de quarta-feira (28), quando os soldados de ronda perceberam que as entradas de dois depósitos de armas e munições, denominados “paiolins”, tinham sido arrombados. Segundo a imprensa portuguesa, esse furto seria o mais grave jamais ocorrido em uma instalação militar no país.
Para o general português e ex-ministro da Defesa, José Loureiro dos Santos, o furto só pode ter acontecido devido a "uma falha de segurança, que deve preocupar a todos". O sistema de câmeras de vigilância da base estava quebrado há dois anos. Segundo o general, o roubo pode ter sido realizado graças a algum militar da base, que teria ajudado os criminosos a entrar na instalação.
Investigação
A Polícia Judiciária Militar foi imediatamente acionada e iniciou investigações com o objetivo de recuperar as armas roubadas. Segundo fontes da polícia portuguesa, a preocupação é que este material possa cair nas mãos de grupos criminais ou de organizações terroristas. Como as granadas são armamento de guerra, demandando treinamento militar para serem usadas com eficácia, não devem ser aproveitadas no circuito da criminalidade local. Por isso, segundo os investigadores, elas poderiam ser inseridas no tráfico internacional de armas.
"Quando esse armamento entrar em circulação pelo espaço europeu se tornará de fácil acesso para grupos terroristas ou indivíduos que integram células terroristas", alertou Filipe Pathé Duarte, porta-voz do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT).
O ministro da Defesa, José Azeredo Lopes, declarou que considera o caso "grave" e assegurou que fará de tudo para ajudar as investigações. “não foi roubada uma pistola, não foram roubadas duas, foram roubadas granadas, isso é ainda mais grave”, afirmou Azeredo Lopes.
Exonerações
O chefe do Estado-Maior do Exército, Frederico Rovisco Duarte, exonerou os cinco comandantes da base militar para não interferirem com os processos de investigação sobre o caso.
O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, pediu uma investigação "até ao fim" das circunstâncias do roubo, e declarou que pretende que sejam apurados todos os fatos e responsabilidades sobre o furto em Tancos. O mandatário também salientou a importância de evitar novas situações deste tipo e a necessidade de se coordernar com os países membros da Otan para recuperar rapidamente as armas.
Embaixada dos EUA
A embaixada dos EUA em Lisboa elevou o seu nível de segurança depois do roubo de Tancos. A representação diplomática norte-americana em Portugal pediu um reforço do policiamento perto da embaixada até ao dia 4 de julho, que é feriado nacional nos EUA.
Os primeiros indícios mostram que a rede de proteção da base foi cortada e os criminosos entraram na zona militar entre 400 e 600 metros perto do depósito. Por causa desse furto, as autoridades portuguesas informaram que estão sendo verificados os inventários de todos os outros 14 depósitos da base, pois surgiram suspeitas de roubos anteriores.
Segundo o jornal espanhol “El Mundo”, que cita fontes do Ministério do Interior de Madri, a ministra da Administração Interna de Portugal, Maria Constança Urbano de Sousa, teria se encontrado com seu homólogo espanhol, declarando que as autoridades de Lisboa estão “fazendo de tudo” para investigar o furto de material de guerra em Tancos, mas que não dispunha de informações detalhadas sobre o caso.
O jornal espanhol “El Español” divulgou uma lista completa do material bélico roubado da base de Tancos. O Exército português tinha optado por não divulgar a lista para não prejudicar a investigação, mas o jornal espanhol teve acesso à informação e publicou não só o tipo de equipamento roubado, mas também as quantidades.
Veja alguns dos itens da lista:
• 450 cartuchos de 9 mm;
• 6 Granadas de mão de gás lacrimogêneo CS / MOD M7;
• 10 Granadas de mão de gás lacrimogêneo CM Anti-motim M / 968;
• 2 Granadas de mão de gás lacrimogêneo Triplex CS;
• 90 Granadas de mão ofensivas M321;
• 30 Granadas de mão ofensivas M962;
• 30 Granadas de mão ofensivas M321;
• 44 Granadas foguete antitanque carro 66 mm com espoleta M4112A1 com lançamento M72A3 –M/986 LAW;
• 264 Unidades de explosivo plástico PE4A;
Contatado pela agência portuguesa Lusa, o Exército se recusou a comentar a notícia do jornal espanhol.

Fonte: G1

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