O ator Tony Ramos decidiu romper o contrato de garoto propaganda da Friboi após o escândalo de corrupção envolvendo a JBS. Em entrevista à Radio Gaúcha nesta terça-feira (20), o ator disse que "foi surpreendido como todo mundo" pela "crise institucional" gerada pela delação dos controladores da JBS e que a manutenção da parceria com a marca se tornou um "incômodo".
"Com essa delação, há uma crise institucional e, ao mesmo tempo, um incômodo da minha parte em continuar prestando meu nome não a um produto – esse eu não me envergonho, não me arrependo e continuarei a dizer como homem de palavra que sou, anunciei aquilo que eu consumia", disse. "Vejo que nessa confusão enorme de informações, eu não emprestaria mais o meu nome... É simples assim, uma equação de primeiro grau", acrescentou.
Procuradas pelo G1, a JBS e a agência Lew'Lara\TBWA não comentaram o assunto.
Na entrevista à radio, Tony Ramos explicou ainda que já não havia mais nenhuma previsão de veiculação de novo comercial para a Friboi, mas que a empresa ainda detinha o direito de uso da sua imagem em peças publicitárias por pouco mais de um ano.
Segundo o ator, as cláusulas contratuais permitiram a rescisão, mas o frigorífico ainda tem um prazo para retirar de circulação as peças publicitárias com a sua imagem. “Estamos nesse momento nas tratativas, agora o cancelamento do licenciamento já foi feito”, disse.
Friboi desaparece da TV aberta
Levantamento da Controle da Concorrência, que monitora o mercado publicitário, mostra que a última inserção de propaganda da Friboi da TV com Tony Ramos foi no dia 20 de março. Segundo a consultoria, após a deflagração da operação Carne Fraca, a marca não fez mais nenhum anúncio na TV aberta.
Tony Ramos esclareceu ainda que não mantinha contato direto com a JBS e que seu canal de comunicação com a empresa se dava diretamente com a agência de publicidade responsável pelas campanhas.
Questionado sobre seu sentimento ao saber das denúncias envolvendo a empresa, o ator disse que não faria julgamento. “O meu sentimento é de estupor, de absoluta tristeza e melancolia, que é a pior coisa. Não adianta a ira nesse momento”, disse, acrescentando não se arrepender da parceria dos últimos anos com a Friboi. “Anunciei carne porque é proteína e porque gosto de carne... Não vi problema nenhum em receber para anunciar aquilo que consumo”, completou.
No início do mês, a apresentadora Fátima Bernardes tomou decisão semelhante e também anunciou o cancelamento do contrato de garota propaganda da Seara, outra marca do grupo JBS. Em nota, a Seara agradeceu "por toda contribuição da apresentadora ao longo de três anos de parceria".
Crise
A JBS está no centro de um escândalo de corrupção envolvendo o governo de Michel Temer. Desde a divulgação das primeiras notícias sobre a delação da empresa, a perda em valor de mercado se acumula em R$ 8,6 bilhões, segundo cálculo do G1 com base em dados da Economatica. A empresa já vinha de um cenário adverso depois da Operação Carne Fraca, em março. Desde a operação, a perda acumulada é de R$ 15,3 bilhões.
Em entrevista à revista "Época", Joesley Batista chamou Temer de chefe "da maior e mais perigosa organização criminosa" do Brasil. O empresário ainda descreveu o esquema de corrupção entre a empresa e agentes públicos, citando outros nomes como o do ex-presidente Lula, do senador afastado Aécio Neves, do deputado cassado Eduardo Cunha e do senador Renan Calheiros.
O Palácio do Planalto divulgou nota na qual diz que o empresário é "bandido notório" e "desfia mentiras". A defesa de Temer ainda protocolou na Justiça uma queixa crime por calúnia, injúria e difamação contra Joesley.
O acordo de colaboração premiada da JBS foi assinado e homologado pelo ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). Pelo acordo, sete executivos da JBS e da J&F se comprometeram a pagar multa de R$ 225 milhões e a colaborar com as investigações.
Fonte: G1
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