Logo após anunciar que o PSDB permanecerá no governo do presidente Michel Temer, o presidente interino do partido, senador Tasso Jereissati (CE), defendeu nesta segunda-feira (12) que a legenda recorra da decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de rejeitar a cassação da chapa Dilma-Temer.
Na semana passada, por 4 votos a 3, a Corte rejeitou a ação movida pelo PSDB na qual o partido pedia para a chapa formada por Dilma Rousseff e Michel Temer em 2014 ser cassada por abuso de poder político e econômico. O PSDB também queria que Aécio Neves (MG) e Aloysio Nunes (SP) fossem empossados presidente e vice-presidente da República, respectivamente.
"Em relação a recorrer, ainda não foi publicado [o acórdão]. Acabei de consultar os nossos advogados, ainda não foi publicado. A minha opinião é de recorrer, mas nós só faremos isso depois de ter a publicação, para tomarmos a decisão junto à Executiva", disse Tasso Jereissati nesta segunda.
"Recorrer porque nós entramos com a ação, achamos que houve corrupção e uso indevido de dinheiro público nas eleições de 2014, não temos a menor dúvida sobre isso. E nós não temos porque ficarmos calados se temos ainda o recurso para provar nossa convicção", completou.
Mais cedo, nesta segunda, o partido Rede Sustentabilidade pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para anular o julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE e determinar a realização de um novo julgamento, levando em conta as informações prestadas por ex-executivos da Odebrecht.
'Incoerência'
Durante a entrevista desta segunda, Tasso Jereissati foi questionado sobre se considera uma "incoerência" a possibilidade de o PSDB recorrer da decisão do TSE e, ao mesmo tempo, integrar o governo Temer. O senador, então, respondeu:
"Com certeza existe uma incoerência nisso. Mas é a incoerência que a história nos colocou. Eu não vou deixar de reconhecer e dizer que houve corrupção por causa do Temer. Com certeza eu não vou deixar de falar isso. Agora, há uma posição de fato em cima da realidade que está aí que é de não desestabilizar mais saindo do governo de uma maneira precipitada".
Diante da crise política que atingiu o governo após as delações de executivos da JBS, parte dos integrantes do PSDB passou a defender que o partido deixasse o governo.
Ao anunciar que o PSDB havia decidido permanecer no governo, Tasso disse ser preciso "dar estabilidade" ao país neste momento.
Em seguida, ele completou:
"O PSDB está dentro desse governo, com os seus ministros, em nome não do governo, nós não somos defensores do governo, mas estamos em nome da estabilidade e das reformas que são necessárias. Nossa maior preocupação são os desempregados que estão aí e não deixar que essa crise econômica venha a piorar".
Ainda na coletiva, Tasso foi questionado sobre que posição o PSDB tomará se a Procuradoria Geral da República vier a oferecer denúncia contra o presidente Michel Temer. No caso de uma eventual denúncia, caberá à Câmara dos Deputados analisar o pedido do Ministério Público.
Tasso disse que não existe "nenhuma decisão" do partido sobre votar pela aceitação ou pela rejeição da denúncia. "Vai ser uma decisão da Câmara, totalmente deles, e cada deputado vai votar de acordo com a sua consciência."
Julgamento da chapa Dilma-Temer
Na última sexta (9), por 4 votos a 3, o TSE absolveu a chapa Dilma-Temer. O PSDB acusava a chapa de ter cometido abuso de poder político e econômico na campanha eleitoral de 2014, o que os advogados da defesa sempre negaram.
A maioria dos ministros considerou que não houve lesão ao equilíbrio da disputa e, com isso, livrou Temer da perda do atual mandato e Dilma da inegibilidade por 8 anos.
O voto que desempatou o julgamento foi o do ministro Gilmar Mendes, presidente do TSE, o último a se manifestar.
Durante o julgamento, o ministro relator da ação, Herman Benjamin, defendeu a manutenção das informações prestadas por ex-executivos da Odebrecht sobre a campanha de 2014.
A maioria dos integrantes do TSE, contudo, aceitou pedido dos advogados de defesa e retirou do processo essas informações.
Fonte: G1
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