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sexta-feira, junho 23, 2017

RN tem estatísticas de homicídios divergentes


As estatísticas criminais que projetam o Rio Grande do Norte como um dos estados mais violentos da atualidade vêm sendo feitos a partir de modelos que priorizam o alcance para retratar o quadro da violência tal qual é. A transparência e crueza desses números, por outro lado, gera um contraste.

O modelo do Rio Grande do Norte, que baseia a apuração da Secretaria Estadual de Segurança Pública, foi desenvolvido aqui pela equipe que, atualmente, conduz o Observatório da Violência Letal Intencional do RN (Obvio). Tal modelo trata cada morte violenta como um caso, dando fidelidade aos fatos, ao contrário do que existe em outros estados.

“São Paulo, por exemplo, chega a contabilizar por ocorrência. Se em uma ocorrência, há mais de uma morte, para efeitos de estatísticas se contabiliza um caso. Assim, temos a ideia de que as taxas de São Paulo são baixas ou estão caindo, o que não é verdade”, assinala o coordenador do Obvio, o estatístico Ivênio Hermes.

O Observatório da Violência Letal Intencional tem uma das metodologias mais completas do Brasil. Os estudos anuais sobre o avanço dos chamados CVLIs – crimes violentos letais intencionais – congregam estatísticas a partir de bancos de dados distintos. O IPEA, por exemplo, publica estudo com base no DataSus, ou seja, as notificações que a rede hospitalar passa para o sistema. Alguns anuários recorrem, por outro lado, aos bancos de dados das secretarias de segurança. O Obvio cruza os dados de todos os bancos. É esse modelo que atualmente a Sesed também utiliza.

No ano passado, a diferença entre os dois órgãos foi mínima. A secretaria de Segurança informou que 1988 pessoas foram assassinadas. O Obvio cravou 1994. A diferença está na leitura dos dados da saúde e populacional, por exemplo.

“Alguém que tenha dado entrada no hospital por ferimento a bala e morre em até 72 horas é contabilizado como morte violenta. Mas depois das 72 horas não se contabiliza como morte violenta, apesar da morte ter decorrido do ferimento causado pela bala”, explicou Ivênio.

Há, no entanto, no Obvio, o permanente monitoramento das taxas. Pela projeção atual, o Rio Grande do Norte terminará o ano com 2.400 homicídios.

Apuração

Com uma equipe praticamente inteira feita por colaboradores motivados pela pesquisa científica, o Obvio junta informações em quatro frentes: além dos dados da saúde e da própria segurança, há os populacionais e sociais.

“Populacionais se referem a registros de mortes feitos em cartórios. Não é correto, mas ainda acontece isso. Neste ano ainda não houve nenhum caso desses no Rio Grande do Norte”, explicou Ivênio. A apuração social não tem contado para fim estatístico haja vista se tratar de um banco de informações coletados a partir de dados sobre vítimas e seu perfil social, na tentativa de relacionar a atividades criminosas. “É mais qualitativo que quantitativo”, explicou Ivênio.

Não há números fechados sob esse aspecto social no Óbvio. Na Sesed, por outro lado, há. Lá se contabilizam que as 62% das 1.988 mortes do ano passado são de pessoas ligadas a alguma forma de violência.

O setor estatístico da Sesed foi procurador para comentar o caso e informou que vai repercutir o assunto ainda nesta sexta-feira.

Fonte: Portal no Ar

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