Uma nova leva de executivos do grupo empresarial controlado pela J&F vai colaborar para complementar as delações já firmadas com a Procuradoria-Geral da República. A lista de candidatos está em elaboração, mas o Estado apurou que ao menos 20 executivos, entre diretores e presidentes de empresas do grupo, tinham proximidade com os acionistas, conhecimento dos ilícitos e podem terminar como novos delatores. A JBS tem 120 dias, a partir do acordo, para apresentar a lista.
Colaborações adicionais são necessárias para que outros funcionários, que conhecem ou tenham participado dos crimes confessados, confirmem o que foi relatado pelos delatores. No caso dos negócios da família Batista, os crimes narrados indicam que será preciso selecionar colaboradores na JBS, que atua no setor de bovinos com várias marcas, entre elas a Friboi; na Seara, empresa de alimentos à base de frangos e suínos; na Eldorado Celulose, do setor de papel; e também na J&F, a holding que assumiu multas e compromissos legais.
Não há regras para enquadrar como cada funcionário de empresa vai colaborar (mais informações nesta página). “Cada empresa ou delator é um caso individual, não há receita”, diz o advogado Bruno Espiñeira Lemos, coordenador do livro que trata de crimes de corrupção e delação premiada, defensor do corretor Lúcio Funaro, citado na delação dos irmãos Batista.
Restrito. No caso do grupo J&F, a complementação é necessária principalmente por causa das condições em que a denúncia ocorreu. A delação – considerada polêmica e criticada por supostos excessos nos benefícios – teve um caráter restrito
O empresário Joesley Batista foi prático: fechou-se em uma sala de reunião com o irmão Wesley e cinco executivos de confiança – Ricardo Saud, diretor de Relações Institucionais; Demilton Antônio, diretor financeiro da JBS; Valdir Boni, diretor de Tributos da JBS; Florisvaldo Caetano de Oliveira, ex-conselheiro fiscal da JBS; e o advogado Francisco de Assis, diretor jurídico da JBS.
O combinado entre eles é que seria preciso falar de maneira organizada sobre as acusações em operações policiais que tinham atingido os negócios e cada um se preparou para depor. O processo foi ágil. Entre 7 de março, data em que Joesley esteve com presidente Michel Temer, no Palácio do Jaburu, e a divulgação das delações não transcorreram nem três meses.
Por causa da atípica celeridade, os críticos ao acordo de delação premiada da JBS dizem que a colaboração foi feita às pressas. No entanto, fontes próximas à empresa argumentam que houve foi orquestração interna e o nível de eficiência dessa estratégia explica o fato de nada ter sido vazado – nem mesmo para os demais funcionários, pegos de surpresa com o noticiário de que o dono da empresa havia gravado conversas com o presidente da República.
Não é possível, de antemão, saber o número de envolvidos nem quantos vão aderir à colaboração. No entanto, criminalistas que já usaram o instrumento da delação, ouvidos pela reportagem com o compromisso de permaneceram no anonimato, acreditam que pela extensão dos delitos narrados, é impossível que apenas sete executivos tenham agido ativamente.
Fonte: Estadão
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