Em depoimento ao juiz Sérgio Moro – responsável pelas ações da Lava Jato na primeira instância – o ministro da Fazenda Henrique Meirelles disse que a independência do Banco Central era uma condição para que ele assumisse a presidência do órgão, e que isto foi respeitado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Meirelles falou como testemunha de defesa de Lula, no processo em que o ex-presidente é acusado de receber como propina um terreno onde seria construída nova sede do Instituto Lula e apartamento no prédio onde mora.
"Quando nós conversamos da primeira vez e ele me convidou para ser presidente do banco, eu coloquei isso de ser a independência do banco como uma das condições. Durante o curso da administração, isso foi respeitado na medida em que todas as decisões que foram tomadas pelo Banco Central naquela oportunidade prevaleceram e na medida em que ele me manteve no cargo. Então, isso significa, na prática, o respeito à instituição", disse.
Outras testemunhas
O General Marco Edson Gonçalves Dias, ex-chefe de segurança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também foi ouvido na manhã desta quarta. Atualmente aposentado, Dias atuou na segurança da Presidência da República durante os dois mandatos de Lula e tinha contato diário com o ex-presidente.
À defesa de Lula, Dias negou ter presenciado qualquer fato ilícito cometido pelo ex-presidente.
Moro perguntou sobre o apartamento vizinho ao de Lula, no prédio em que ele mora em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. Dias contou que foi responsável por um diagnóstico da segurança da residência, assim que assumiu a função e que o apartamento estava vazio à época.
Após a avaliação, o imóvel foi locado pela Secretaria de Administração para abrigar a equipe de segurança.
Ainda de acordo com a testemunha, como havia muita movimentação de seguranças no prédio, posteriormente, uma casa foi alugada perto do prédio para abrigar as equipes. O apartamento passou, então, a ser usado para receber visitas de Lula.
Dias informou que não sabe o que aconteceu com o apartamento após o fim do mandato.
A defesa de Lula desistiu de três testemunhas que estavam presentes na audiência: José Orcírio Miranda dos Santos, que é o Deputado Federal Zeca do PT, e o brigadeiro Rui Chagas Mesquita.
O processo
Segundo a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), a Construtora Norberto Odebrecht pagou propina a Lula via aquisição do imóvel onde seria construída nova sede do Instituto Lula, em São Paulo, segundo o MPF. O valor, até novembro de 2012, foi de R$ 12.422.000, afirmam os procuradores.
Conforme a força-tarefa da Lava Jato, o valor consta em anotações de Marcelo Odebrecht, planilhas apreendidas durante as investigações e dados obtidos a partir de quebra de sigilo.
A denúncia afirma também que o ex-presidente recebeu, como vantagem indevida, a cobertura vizinha à residência onde vive em São Bernardo do Campo, interior de São Paulo. De acordo com o MPF, foram usados R$ 504 mil para a compra do imóvel.
Este segundo apartamento foi adquirido no nome de Glaucos da Costamarques, que teria atuado como testa de ferro de Luiz Inácio Lula da Silva, em transação que também foi concebida por Roberto Teixeira, em nova operação de lavagem de dinheiro, conforme a denúncia.
Tanto Glaucos da Costamarques quanto Roberto Teixeira também são réus no processo.
Os procuradores afirmam que, na tentativa de dissimular a real propriedade do apartamento, Marisa Letícia chegou a assinar contrato fictício de locação com Glaucos da Costamarques.
Fonte: G1
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