segunda-feira, junho 26, 2017

Carreta envolvida na maior tragédia rodoviária do ES tinha 26 multas, diz PRF

Pedra se soltou da carreta em acidente na BR-101 em Guarapari (Foto: Ari Melo/ TV Gazeta)

A carreta envolvida na maior tragédia rodoviária do Espírito Santo tinha 26 multas. A informação é do superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Wylis Lyra. Outras irregularidades já haviam sido apontadas no veículo, como o excesso de peso e pneus carecas.
Além das multas, a carreta já havia sofrido outros quatro acidentes desde 2006. Foram dois tombamentos e duas batidas de frente.
"Vai constar no levantamento feito sobre o caminhão envolvido no acidente. Foram aplicadas 26 multas a esse veículo. Multas de excesso de velocidade, de excesso de peso, de equipamentos obrigatórios que não estavam funcionando. Ele tem multas de fugir da fiscalização. Então, o histórico desse veículo não é um histórico animador para nós que trabalhamos com a fiscalização de trânsito", disse Lyra em entrevista à rádio CBN Vitória.
O advogado da empresa responsável pela carreta, a Jamarle Transportes, foi procurado pelo G1 e disse desconhecer as multas citadas pela PRF.
O acidente aconteceu no km 334 da BR-101, em Guarapari, na manhã desta quinta-feira (22). A tragédia aconteceu após a colisão entre a carreta, um ônibus de viagem e duas ambulâncias. Vinte e quatro pessoas morreram e outras 18 ficaram feridas.
No DML, 10 corpos já foram liberados e outros 12 aguardam o exame de DNA para identificação. Duas das vítimas morreram no hospital. O governo do estado decretou luto de três dias. Esta foi a pior tragédia em rodovias da história no Espírito Santo, segundo o secretário de Segurança Pública do estado, André Garcia.
O G1 está atualizando a identificação das vítimas do acidente. Acompanhe os nomes de feridos e mortos.
Feridos
A secretaria estadual de Saúde informou que 12 vítimas do acidente deram entrada em hospitais da rede pública estadual. Deste total, dois pacientes permanecem internados.
Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves, na Serra: recebeu quatro pacientes (um permanecem em estado grave, um está estável e dois morreram)
Hospital Estadual Dório Silva, na Serra: recebeu quatro pacientes (todos receberam alta hospitalar)
Hospital Estadual São Lucas, em Vitória: recebeu três pacientes (dois receberam alta e um foi transferido para hospital particular)
Hospital Estadual Antônio Bezerra de Faria, em Vila Velha: recebeu um paciente (recebeu alta hospitalar).

 (Foto: Arte/ G1)

Irregularidades
A PRF disse que a carreta transportava uma carga além da permitida e estava com pneu careca. O superintendente Wylis Lyra disse o relatório da perícia ainda está sendo feito e uma equipe da PRF voltou ao local do acidente nesta segunda-feira (26).
Alguns detalhes precisam ainda ser esclarecidos, como qual a velocidade que estava a carreta, por quantas horas o motorista estava dirigindo e se ele furou a fiscalização da PRF.
Dono da carreta
Jacymar Pretti, um dos donos da Jamarle Transportes, empresa responsável pela carreta, chegou a ser preso em flagrante na sexta-feira (23). Mas a Justiça determinou a expedição do alvará de soltura em favor do empresário.
A decisão da juíza Daniela de Vasconcelos Agapito, da Vara de Iconha, saiu na tarde do sábado (24). De acordo com a Secretaria de Estado Justiça (Sejus), o empresário foi solto no início da noite, no mesmo dia.

Jacymar Pretti, de 63 anos, um dos donos da Jamarle Transportes, empresa responsável pela carreta envolvida em acidente (Foto: Guilherme Ferrari/ A Gazeta)
Jacymar Pretti, de 63 anos, um dos donos da Jamarle Transportes, empresa responsável pela carreta envolvida em acidente (Foto: Guilherme Ferrari/ A Gazeta)

Negligência
De acordo com o delegado Alberto Roque Perez, a investigação aponta para uma forte negligência por parte dos donos da empresa.
"O veículo estava em condições inadequadas para rodagens. Há indícios muito fortes de que a pedra que estava sendo carregada era 10 toneladas acima do peso permitido, o horário que estava sendo levado era na madrugada para evitar fiscalização", explicou.
Em depoimento, a viúva do motorista da carreta contou à polícia que o marido trabalhava em situação de risco.
"Ela nos confidenciou em depoimento que isso é uma conduta reiterada por parte da empresa, que já ocorreram outros acidentes por esse motivo e que o próprio motorista estava preocupado na noite de quarta-feira, quando saiu de sua residência, com as condições do veículo. Além disso, ela nos passou que, possivelmente, devido ao excesso de que trabalho a que ele estava sendo exposto, ele teria feito o uso de arrebite. A perícia coletou material e vai fornecer os resultados na semana que vem", disse o delegado.

 Acidente em Guarapari foi maior tragédia rodoviária do Espírito Santo (Foto: Bernardo Coutinho/ A Gazeta)
Acidente em Guarapari foi maior tragédia rodoviária do Espírito Santo (Foto: Bernardo Coutinho/ A Gazeta)

Fonte: G1

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